Perder peso: Uma questão de saúde ou pressão social?

Em meio a uma sociedade onde a imagem é cada vez mais valorizada, a questão do emagrecimento é  uma cobrança constante, especialmente para aqueles que carregam alguns quilos a mais. Mas será que a necessidade de perda desses quilos está vinculada apenas ao estigma social de ser magro ou realmente tem impacto na saúde? Essa é a questão que o renomado médico nutrólogo e intensivista, Dr. José Israel Sanchez Robles, nos ajuda a esclarecer.

A obesidade, resultado do acúmulo excessivo de gordura corporal, afeta milhões de pessoas globalmente, levando a uma série de complicações de saúde. No entanto, Robles ressalta que o excesso de peso nem sempre é sinônimo de má saúde. Esse excesso geralmente ocorre quando a ingestão de alimentos supera o gasto energético do indivíduo.

Um exemplo de transformação positiva é a de Mariana Costa, de 35 anos, que após ter sua filha, ganhou 15 quilos que não conseguia perder. Ela decidiu buscar orientação profissional, começou uma rotina de exercícios e uma alimentação mais equilibrada. “Inicialmente, foi um desafio. Eu estava acostumada a comer o que queria, quando queria”, diz Mariana. “Mas agora, dois anos depois, estou mais leve, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Sinto-me mais confiante, tenho mais energia para brincar com minha filha e estou mais satisfeita com a minha saúde”.

Muitos adultos ganham de 5 a 7 quilos a mais ao ingressarem na vida adulta, seja devido à maternidade, sedentarismo, hábitos alimentares desregulados ou outros fatores. “Embora isso possa contribuir para o desenvolvimento de problemas como doenças cardíacas, diabetes e artrite, há evidências que sugerem que algum peso extra pode ser protetor em certas circunstâncias”, explica Robles.

Outra história inspiradora é a de Pedro Silva, um contador de 50 anos, que, após passar por um susto de saúde, decidiu que era hora de mudar. Ele incorporou a atividade física em sua rotina e fez ajustes significativos em sua dieta, eliminando os alimentos ultraprocessados. “Eu costumava achar que cuidar de mim mesmo era um luxo que eu não tinha tempo para me dar”, compartilha Pedro. “Mas desde que comecei a investir na minha saúde, perdi 20 quilos e ganhei muito em qualidade de vida. Me sinto mais feliz, durmo melhor, e me sinto satisfeito com o meu progresso. Não é apenas sobre o peso que perdi, mas sobre o bem-estar que ganhei”.

Ainda segundo Robles, o índice de massa corporal (IMC) ideal, frequentemente usado para diagnosticar obesidade, varia de acordo com a idade do indivíduo. “Investigações recentes mostraram que indivíduos com IMC muito baixo ou muito alto correm riscos significativamente maiores de mortalidade precoce”, alerta.

Mesmo que algumas pessoas com poucos quilos a mais se considerem saudáveis, o perigo está na complacência, que pode levar ao ganho de peso ou ao surgimento de doenças pela falta de cuidados. Por isso, o especialista ressalta a importância da adoção de um estilo de vida equilibrado e saudável, que inclua práticas alimentares conscientes e exercícios físicos regulares.

“Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, açucarados ou fritos e realizar exercícios leves, de 30 a 40 minutos diários, pode trazer uma melhoria significativa na qualidade de vida e bem-estar. Além disso, o manejo do estresse, uma boa qualidade de sono e a realização de exames médicos regulares também devem ser priorizados”, aconselha Robles.

Ele ainda salienta que não é necessário atingir os padrões de corpo perfeito propagados pela mídia, nem recorrer a dietas extremamente restritivas que podem levar a deficiências nutricionais e desequilíbrios metabólicos. “O melhor caminho é buscar orientação profissional, desenvolver hábitos saudáveis gradualmente e investir em sua saúde, visando uma vida mais longa e de qualidade”, conclui.

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