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“Postura do presidente é inadmissível. Ele deveria entender que não é torcedor”, diz o ex-técnico Jorginho

O Atlético Goianiense está em busca de um novo treinador desde o último sábado, 15, dia em que Jorginho pediu demissão e deixou o comando da equipe rubro-negra. O nome preferido da diretoria é o do técnico Vágner Mancini, que foi demitido do Corinthians no último domingo, 16, e que fez bom trabalho no clube goiano na temporada passada.

Em entrevista coletiva na tarde da última segunda-feira, 17, o presidente do Atlético/GO, Adson Batista, voltou a falar sobre a saída do ex-lateral da seleção brasileira e reiterou que não fez esforço para demovê-lo da demissão. De acordo com o dirigente do Dragão, houve uma divergência de ideias quanto ao seu comportamento de fazer algumas críticas públicas após as partidas.

Ontem, 18, foi a vez de Jorginho dar a sua versão dos fatos. O lateral-direito tetracampeão do mundo revelou ter assistido à entrevista de Adson Batista. O treinador concordou e discordou de alguns pontos colocados pelo presidente, além de revelar que deu liberdade para que o mandatário fizesse considerações sobre a equipe, mas de forma interna.

“Eu acompanhei a entrevista dele [Adson Batista] e eu concordo com algumas coisas que ele fala, como, por exemplo, que ele tem uma filosofia de trabalho e que não vai mudar. Eu discordo de ele não mudar, porque acho que prejudica não apenas a mim, mas todos os treinadores que passam por ali têm dificuldade com essa situação.

Respeito que ele tenha um protocolo, que é basicamente ele que coloca porque ele é o presidente e se sinta à vontade para expressar sua opinião, inclusive, tática do time. Eu dei toda liberdade, nós conversamos sobre isso, que ele poderia falar comigo o que ele achasse sobre o jogo e fizesse as considerações dele, mas que fosse olho no olho. Isso aconteceu algumas vezes, mas outras vezes também aconteceu uma exposição para a imprensa, como naquela oportunidade que eu ouvi [empate com Palestino]“, disse.

O ex-treinador rubro-negro também contestou as ponderações feitas pelo dirigente a respeito do desempenho do time no empate por 0 a 0 com o Palestino. Segundo Jorginho, a leitura feita por Adson não demonstrou o que foi o jogo e foi questionada pelo ex-técnico em reunião realizada na manhã do último sábado, 15.

“Eu não conseguiria trabalhar com ele porque eu acho que é uma falta de respeito com o treinador quando ele expõe qualquer situação, mesmo porque é uma opinião dele. Ele falou que nós jogamos diferente, mas não jogamos. O que aconteceu é que estávamos sem o Arthur e eu entrei com o André e ele joga melhor por dentro do que por fora. Ele falou que nós baixamos as ‘linhas’, mas não é verdade. Então, é muito simples o presidente fazer suas considerações como se aquilo fosse a verdade, tanto que eu conversei com ele no sábado e as minhas considerações o fizeram enxergar que não foi bem assim como ele ouviu, por exemplo, nas cadeiras dos próprios conselheiros”, explicou.

Jorginho elogiou a estrutura do Atlético/GO e afirmou que a equipe tem tudo para ter sucesso nas competições que disputará em 2021. No entanto, disse que, para o clube crescer e se colocar em um patamar superior, Adson Batista terá que rever a forma como se coloca durante as partidas.

“Respeito ele e a decisão dele de não querer mudar nessa área. Em nenhum momento eu queria que ele aceitasse ou se colocasse debaixo da minha vontade, não é isso. Acho que o Atlético/GO está em um momento importantíssimo, um momento em que pode ficar como um clube mediano ou um clube que vai crescer, e para crescer ele precisa entender que ele não é torcedor, mas, sim, presidente, e que não pode se exceder.”

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