Aparecida

Mendanha não teve obras para mostrar nos 99 anos de Aparecida

Refletindo o esvaziamento econômico do município e a letargia do 2º mandato do prefeito Gustavo Mendanha (MDB), o aniversário de 99 anos de fundação de Aparecida e o início do ano do Centenário não tiveram nenhuma repercussão estadual.
O Popular, por exemplo, dedicou apenas 13 linhas à passagem da data, sem mencionar o nome de Mendanha e apontando o impasse em torno da instalação de mais cinco polos industriais que estavam previstos, mas não se concretizaram e não há data para começar a implantação.
São eles: o Polo de Micro e Pequenas Empresas (municipal), o Global Park (privado), o Aparecida Business Log (ABL – privado), o Complexo Logístico, Industrial e Alfandegário (Clia – privado) e o Complexo Empresarial Metropolitano (CEM – estadual).
Nenhum passou ainda da fase de projeto, refletindo o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia aparecidense, que não registra há mais de ano nenhuma manifestação de interesse de grandes empresas para se instalar nos seus limites territoriais. A prefeitura, até agora, não recorreu a qualquer estratégia para superar esse tipo de dificuldade.
Outros jornais diários da Capital, como o Diário da Manhã e O Hoje, não registraram o aniversário de Aparecida. Em sites e blogs, houve poucas referências. Alguns registraram o encontro de Gustavo Mendanha com o ex-prefeito Iris Rezende, para tratar das eleições de 2022, no dia anterior, dentro da ofensiva de contatos que o prefeito aparecidense está desenvolvendo na área política.
A iniciativa tem sido criticada na medida em que representa uma antecipação da agenda eleitoral em plena pandemia, quando o foco dos administradores públicos deveria ser as medidas de enfrentamento à crise sanitária – que, por sinal, está voltando a se intensificar, com o aumento do número de internações pela doença em todo o País.
Chamou a atenção também a publicação de um anúncio pago de página inteira nos jornais da Capital, em que a prefeitura dá os “parabéns” para Aparecida, mas não faz prestação de contas nem detalha informações sobre obras da atual gestão. Mendanha tem sido questionado pela falta de uma marca ou identidade para o seu governo, depois de quatro anos do 1º mandato e de pouco mais de quatro meses do 2º.
A única obra referenciada no anúncio da prefeitura é o Hospital Municipal de Aparecida, construído e inaugurado na administração de Maguito Vilela, antecessor do atual prefeito. Mendanha costuma alegar que recebeu o HMAP sem mobiliário e sem equipamento médico e que foi o responsável pela sua estruturação, porém, Maguito, antes do fim do seu governo, deixou finalizadas todas as licitações – os materiais foram entregues logo após o encerramento do seu mandato.
Na propaganda, há também referência ao mote da “cidade inteligente”, na verdade um projeto incompleto, que prevê 650 câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade – só 100 estão em operação – e uma rede de fibra óptica que, no momento, está com a ampliação suspensa, e que não serve, sozinho, para caracterizar uma cidade como “inteligente”.
O Diário de Aparecida, em homenagem aos 99 anos de Aparecida e início do ano do centenário, publicou uma Edição Especial com 32 páginas e um apanhado sobre a situação do município – em especial os desafios que complicam o dia a dia dos seus 600 mil habitantes e a falta de solução, como, por exemplo, a carência de vagas nos Cmei’s para as crianças em idade de cursar a Educação Infantil e a volta da fome, com centenas de famílias vivendo o drama da Insegurança Alimentar – que é definida como não saber, hoje, a comida que se terá na mesa amanhã.

Voo de helicóptero simboliza prefeito distante da realidade

A Edição Especial do Diário de Aparecida sobre os 99 anos de Aparecida e o início do Centenário provocou intensa reação entre as leitoras e os leitores do DA.
O jornal tomou uma decisão ousada: em vez de focar em aspectos históricos ou sentimentais da trajetória da cidade, optou por abrir uma discussão sobre os desafios cuja falta de respostas atormentam a vida cotidiana da população aparecidense. A repercussão foi enorme.
Mensagens chegaram em massa à Redação, a maioria com comentários sobre os problemas apontados, algumas com reparos para a iniciativa do prefeito Gustavo Mendanha de sobrevoar a cidade a bordo de um helicóptero. “Ele precisa é andar a pé nos bairros para ver o que estamos passando”, disse uma leitora da Vila Oliveira – setor onde as obras de asfalto até começaram, mas foram paralisadas.
O passeio de helicóptero, na verdade, foi uma ideia da prefeitura para embarcar padres católicos e pastores evangélicos, que, do alto, procederam uma “bênção” à cidade e aos moradores.
Mal divulgada, a ideia acabou trazendo desgastes para Mendanha: nas redes sociais, fotos e vídeos do voo foram retirados às pressas diante da avalanche de comentários negativos – a maioria ironizando o distanciamento do prefeito em relação à realidade de Aparecida, simbolizado pelo tour aéreo. Regra geral, políticos se deslocando a bordo de helicópteros costumam ser malvistos – as despesas são elevadas e a imagem que fica é a de alguém que mantém distância do que verdadeiramente acontece nas ruas.
Os balões contratados pela prefeitura (valores não informados) e que foram plantados ao redor da Cidade Administrativa também foram apontados como gastos desnecessários e incompatíveis com o momento de crise trazido pela pandemia da Covid-19 e a necessidade de focar em ações e despesas no seu enfrentamento.

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