Aparecida

O ano em que Aparecida ficou sem prefeito e sem gestão

5º ano de Gustavo Mendanha no poder confirma a falta de obras, o acúmulo de promessas não cumpridas e o colapso dos serviços públicos que deveriam ser oferecidos aos aparecidenses

Da Redação

2021 deveria ter sido o 1º ano do 2º mandato do prefeito Gustavo Mendanha. Deveria. Acabou sendo o período em que a cidade foi abandonada e, sem exagero, não teve prefeito nem muito menos gestão. Tanto que 2022 vai começar em meio a um caos urbano poucas vezes visto antes na história do município.

A reeleição de Mendanha com uma votação expressiva, diante da falta de adversários com viabilidade mínima, acabou produzindo um efeito inesperado: subiu à cabeça do jovem prefeito, que se convenceu da sua ascensão à condição de “mito”, conforme passou a dizer a políticos e a jornalistas. Daí para a ambição de se transformar em liderança estadual, foi um pulo inevitável.

Rompeu com os aliados que antes ajudaram a impulsionar a sua carreira, trocou companhias históricas como a do presidente estadual do MDB Daniel Vilela por bolsonaristas extremistas como a deputada federal Magda Mofatto e o deputado estadual Humberto Teófilo e colocou o carro na estrada. Literalmente. Ou seja: passou a viajar semanalmente para os municípios, recebendo títulos de cidadania arranjados e participando de reuniões em garagens de residências, supostamente em pré-campanha para o governo do Estado. Muitas vezes, em dias úteis, quando deveria estar trabalhando na sua cidade.

Do que foi antes, o prefeito de Aparecida só manteve como referência um quadro com a imagem do seu “padrinho” Maguito Vilela em uma das paredes do seu gabinete na Cidade Administrativa, onde, aliás, pouco foi visto em 2021, mesmo em horário de expediente. O quadro serve de fundo para fotos com “apoiadores” buscados pela sua assessoria pelo Estado afora e levados até Aparecida para conhecer a “cidade inteligente” e as “soluções inovadoras” que a gestão de Mendanha apregoa ter implantado em Aparecida.

E é aí que o caos se impõe. As fortes chuvas dos últimos dois meses aniquilaram ruas e avenidas e propagaram o mato pelos lotes baldios, levando a população da “cidade inteligente” ao desespero com a falta de reação da prefeitura. A abertura das matrículas nas creches municipais expôs a falta de vagas que deixa 30 mil crianças aparecidenses sem receber a Educação Infantil, obrigação constitucional do município. Com o desemprego gerado pelo impacto da Covid-18 na economia e ampliado pelo fim da atração de investimentos empresariais, milhares de famílias voltaram a ser assombradas pelo fantasma da fome, principalmente nos setores mais afastados.

De repente, descobriu-se que, após 5 anos de mandato, Gustavo Mendanha não implantou um único programa social. Excepcionalmente, distribui cestas básicas. Por obrigação legal, atende aos centros de acolhimento mantidos pela prefeitura. Mas programa social permanente, nenhum. Na campanha prometeu um Banco de Alimentos, que até hoje não saiu do papel. Ele não toca no assunto.

Assim como não cumpriu o compromisso, da 1ª e das 2ª campanhas, de asfaltar todos os bairros da cidade. E vai ser lembrado como o prefeito que não construiu nenhum CMEI. O que faz de Aparecida o caso mais grave e mais dramático de falta de vagas nas creches dentre todos os 246 municípios goianos, conforme a pesquisa do Instituto Rui Barbosa.

Na economia, 2021 confirmou a tendência de desaceleração registrada no 1º mandato de Mendanha. Enquanto Goiás crescia, Aparecida entrava em marcha à ré. Novas empresas, nem pensar. Vagas de trabalho evaporaram, conforme os números do CAGED, do Ministério do Trabalho. E um estudo da Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro mostrou que os investimentos da prefeitura, depois que Maguito passou o comando para o seu sucessor, entraram em declínio.

O saldo de 2021, portanto, não poderia ser mais desalentador. Não à toa, Daniel Vilela definiu a gestão de quem antigamente o chamava de “irmão” e até de “irmãozinho”, como dedicada a produzir apenas “lives e likes”. Ele foi duro ao afirmar que Mendanha “só pensa em eleições e não em administração”. E ainda que as obras de importância para Aparecida foram todas feitas nos mandatos do seu pai. 2021 está aí para provar que é a pura verdade.

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