Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: Marketing da Covid-19

 

Apaixonado por uma boa propaganda e pelo exibicionismo nas redes sociais, muito além das suas obrigações institucionais como autoridade maior do 2º município mais populoso do Estado, o prefeito Gustavo Mendanha inventou o “marketing hospitalar” – que consistiu em aproveitar suas internações e de parentes para postar fotos, vídeos e comentários sobre a estada em estabelecimentos médicos, prática, aliás, que se voltou contra a sua pessoa quando fotos do seu pai, Léo Mendanha, acamado e sob tratamento intensivo, divulgadas por ele mesmo, Gustavo, foram insidiosamente exploradas nos perfis que reúnem o deboche com a inconsequência.

Agora vem o prefeito aparecidense com postagens em que apregoa situações de melhora da pandemia de Covid-19 em Aparecida, induzindo a sociedade a relaxar com as normas de prevenção e com os cuidados face ao elevado risco de contaminação que a nova doença oferece.

No mesmo dia em que pendurou no Instagram um gráfico mostrando que as internações no município haviam caído para 32% dos leitos disponíveis, a realidade mostrava um quadro dramático de alta de casos, sugerindo que a 3ª onda vem vindo a galope a ameaçar as aparecidenses e os aparecidenses. Na verdade, simultaneamente com a publicação de Mendanha, os dados incontestáveis da Secretaria Estadual de Saúde revelavam que quase 50% dos leitos para Covid-19 já estavam ocupados e seguiam subindo.

A divulgação feita pelo prefeito visou a patentear, ainda que falsamente, que o esdrúxulo sistema de escalonamento intermitente por regiões adotado em Aparecida seria o melhor do mundo e estaria a garantir o controle da pandemia, o que, como se pôde constatar com a confrontação com os números oficiais do Estado, não passa de uma terrível empulhação. Enfim, após o “marketing hospitalar” (e isso sem citar, por respeito a uma perda familiar, o “marketing do luto”), Mendanha oferece para o universo da publicidade barata mais uma contribuição: o “marketing da Covid-19”. Só que esse, para quem acreditar, pode ser mortal.

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