Aparecida

Prestes a completar um século, Aparecida tem a gestão resumida a asfalto e praças

Prestes a completar um século desde que foi fundada, Aparecida ainda é um município onde as principais obras da prefeitura são o asfalto e as praças – reproduzindo um modelo de carências e atraso que ainda vigora em grande parte do País. Em 11 de maio de 2022 será comemorado o Centenário de Aparecida. O atual prefeito da cidade, Gustavo Mendanha, completa hoje, 31 de maio, o quinto mês do seu 2º mandato ou quatro anos e cinco meses de gestão, lançando obras de pavimentação em bairros densamente habitados ainda na poeira e na lama e reinaugurando e rebatizando praças com grande estardalhaço publicitário.

É um tipo de estágio administrativo que já deveria ter sido superado por um centro urbano que hoje é considerado como baluarte da industrialização de Goiás, apontado também pelo IBGE como o 2º mais populoso do Estado, mas que, infelizmente, ainda é caracterizado por uma combinação altamente negativa de classe política arcaica e condução da prefeitura sem planejamento e sem projetos realmente voltados para os interesses da sociedade.

Asfaltar vias e implantar praças é uma espécie de obrigação mínima de toda e qualquer prefeitura. Em Aparecida, transformou-se em escopo da gestão de Gustavo Mendanha, um jovem com menos de 40 anos que faz um governo de propaganda e marketing, não tem um único programa social ativo em tempos de pandemia e não desenvolveu ainda nos seus dois mandatos nenhuma obra que possa ser considerada como uma marca para o seu período como prefeito municipal.

Para piorar as coisas, gasta parte da sua semana de trabalho viajando para outros municípios, depois de enfiar na cabeça a ideia de usar a sua administração como plataforma de lançamento para adquirir projeção estadual e ganhar influência no seu partido, o MDB, e nas eleições de 2022.

Mendanha entremeia seus encontros políticos com interlocutores até mesmo em regiões distantes, como Luziânia, no Entorno de Brasília, ou Mineiros e Jataí, no Sudoeste Goiano, com passagens rápidas por bairros aparecidenses onde lança obras de asfalto onde isso já foi feito, como, por exemplo, a Vila Oliveira, onde “as máquinas roncaram”, na expressão que o prefeito costuma copiar de Iris Rezende, em julho do ano passado, no início da campanha eleitoral, mas logo foram retiradas para repetir o “lançamento” em outros setores, igualmente sem avançar.

Entrega também espaços que já existiam, como a Praça Dr. Onésio de Oliveira, na Vila Brasília, reformada e reinaugurada como Praça Nion Albernaz, em homenagem ao antigo prefeito de Goiânia (e ícone do PSDB, o que é sintomático na atual fase de aproximação de Mendanha com líderes tucanos, em busca de uma aliança com o MDB que já foi rejeitada pelo próprio presidente estadual do partido, Daniel Vilela).

Fora asfalto e praças, a segunda gestão do atual prefeito repete a falta de conteúdo do 1º mandato, que sequer deu continuidade ao forte ritmo que o seu antecessor Maguito Vilela imprimiu em Aparecida – foram oito anos de grandes obras como os eixos estruturantes Norte-Sul e a construção do hospital municipal, além de programas sociais para amparar os segmentos mais vulneráveis da população.

O mais grave é o impasse que se instalou na economia municipal. Não à toa, o deputado federal Glaustin da Fokus (PSC), que é um grande empresário do município, avaliou para o Diário de Aparecida, em entrevista, que houve uma desaceleração na chegada de novas empresas desde que Mendanha assumiu. Glaustin lembrou especificamente as gestões dos ex-prefeitos de Aparecida Ademir Menezes (1997/2000), José Macedo (2005/2008) e Maguito Vilela (2008/2016), que trouxeram centenas de empresas geradoras de emprego para o município.

“Gustavo Mendanha é um bom gestor, porém, se estabelecida uma comparação entre as empresas que vieram para Aparecida na sua gestão e as que acorreram no passado, o fiel da balança vai desfavorecer o atual prefeito, ainda mais quando se lembra que, na campanha passada, a geração de empregos foi uma das principais promessas”, disse o parlamentar ao DA.

Mesmo com a pandemia, prefeito não investe em programas sociais

Segundo município mais populoso do Estado, com largas faixas dos seus moradores em situação de vulnerabilidade econômica, Aparecida não conta, por meio da prefeitura, com nenhum programa social destinado a minimizar as dificuldades que muitos dos seus moradores enfrentam para sobreviver.

O prefeito Gustavo Mendanha tem a própria esposa, Mayara, como titular da Secretaria de Assistência Social – aliás, a única mulher em um secretariado “machista” com 26 das 27 pastas ocupadas por homens. Mayara é discreta, como convém ao modelo mais recomendado para uma primeira-dama, mas não tem atuação efetiva. Este ano, com a segunda onda da pandemia correndo solta, limitou-se a receber uma doação de 500 cestas básicas por meio da Associação Comercial e Industrial de Aparecida, a Aciag, e mais 250 compradas com o salário de um mês que o marido resolveu doar para os pobres.

As cestas permanecem em sua maioria estocadas no galpão da prefeitura, seguindo lenta e burocraticamente para as mãos dos necessitados. Nas viagens que tem feito a outros municípios para articular as eleições de 2022, em horário de expediente, Mendanha leva Mayara, que, assim, também abandona Aparecida quando deveria estar trabalhando.

Enquanto isso, o governador Ronaldo Caiado está completando quase um milhão de cestas básicas enviadas a famílias carentes de todo o Estado. E o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, mesmo com cinco meses de mandato, já implantou programas sociais como o IPTU Social e o auxílio emergencial denominado como Renda Família, além de distribuir 290 mil kits de alimentos para os alunos da rede municipal, a título de merenda escolar.

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