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Diretoria do Complexo Prisional criará 120 novas vagas de trabalho para os detentos

Projeto visa construção de alojamentos adequados para os reeducandos que serão contemplados com as vagas

Foto: DGAP

Suely Carvalho

A Diretoria-Geral de Administração (DGAP), se reuniu na tarde da última quinta-feira, 24, com representantes do Ministério Público de Goiás, (MP), Tribunal de Justiça (TJ), Conselho de Segurança e empresários com o intuito de planejar a ampliação das atividades de ressocialização no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (CPP).

A ideia é construir o Módulo de Respeito II no pátio II da Penitenciária Odenir Guimarães (POG), que está desativado há algum tempo, para a criação de mais de 120 vagas de trabalho.

Segundo a subprocuradora-geral do Estado de Goiás, Laura Bueno, a intenção do MP é estruturar a construção do novo Módulo de Respeito dentro do programa “Estruturar para Humanizar”, desenvolvido pelo órgão.

“Em visita à penitenciária, vimos que é possível aumentar os projetos de ressocialização, desde que amplie também o Módulo de Respeito, e que os empresários poderiam custear parte das despesas em relação à nova construção. Então, percebemos que essa iniciativa se enquadrava dentro do Estruturar para Humanizar. Se nós vamos movimentar recursos dos empresários e a mão de obra, temos que ter um planejamento das ações e uma prestação de contas muito rigorosa, por isso, a ideia de colocar dentro do projeto”, explicou Laura Bueno.

O diretor-geral de Administração Penitenciária, Josimar Pires, apresentou um projeto estabelecendo três etapas principais para implantação do Módulo de Respeito II: captação de recursos junto às entidades e empresários presentes na reunião; construção de alojamentos com estrutura física adequada para os reeducandos desenvolverem suas atividades diárias; e a seleção dos internos que serão contemplados com as oportunidades de trabalho.

“Hoje, nós já temos um espaço onde vivem aproximadamente 170 presos. Queremos ampliar o número de presos trabalhando, mas, para isso, precisamos ter mais alojamentos para não fugir do escopo do que é o Módulo de Respeito. Temos exemplos muito bons do que estamos buscando aqui hoje, como da Aline Aguiar, que construiu o Módulo de Respeito na CPP. Ela já fez isso lá e é tudo muito organizado, os presos se unem e cuidam do local”, esclareceu.

Segundo levantamento realizado pela direção da POG, são necessários aproximadamente R$ 80 mil para construção dos novos alojamentos e reforma de parte da estrutura já existente. “Além das 120 vagas que estamos propondo, já fizemos os orçamentos para ampliar mais 40 vagas no espaço que já existe”, acrescentou.

Experiência de quem emprega

Os representantes das empresas Sallo, Inovare, Pit Bull e Embalo participaram da reunião e expuseram o interesse em ampliar suas operações dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e as dificuldades encontradas para viabilizar seus negócios a fim de buscar uma solução que beneficie todos os envolvidos.

Aline Aguiar, proprietária da empresa Embalo, apresentou um balanço considerando o custo que o Estado tem por presos, a contrapartida paga pela empresa, mais a remição de pena e a construção de vagas. Ela mostrou que, de 2018 até hoje, o Estado economizou mais de R$ 22 milhões com a operação somente com as atividades da sua empresa.

“Quando você tem um espaço como a CPP com três mil presos, você tem um universo grande de captação e de qualidade. Não é porque eles estão presos que eles não sabem trabalhar. Eles trabalham muito bem, com qualidade e assiduidade”, informou. Fernando Marcondes, da empresa Inovare, contou que emprega 10 custodiados há três anos e que tem intenção de triplicar esse número, mas que precisaria de mais espaço físico para crescer.

Já o empresário Cláudio Schawaderer, da Sallo, ponderou que há algum tempo tinha a sensação de que a ressocialização não era uma prioridade do Estado, mas que esta visão mudou na atual gestão. “Nós já tivemos 120 reeducandos empregados, hoje temos 60. Eu sou entusiasta

desse projeto. Comecei há 17 anos e tenho orgulho. A estrutura que temos lá enche os olhos de qualquer um”. Elogiou.

A representante da Pitbull contou que atua no Complexo há dois anos e empregam

hoje 50 custodiados.

CORRELATA: “O Estado mudou muito. A criminalidade despencou em Goiás“

O promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás, Fernando Krebs, e a representante do Conselho de Segurança de Goiânia, a advogada Adriana Reis, elogiaram as mudanças realizadas pela Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

“O que eu vi lá (Complexo Prisional) foi algo que me chocou positivamente. Eu ouvia, como leigo, que a POG tinha que ser implodida, mas o Josimar mostrou que eles reformaram e ficou muito bom. Tiraram a parte de eletricidade de dentro das celas e colocaram a iluminação externa. Agora, ainda que entre celular, não tem como carregar”, afirmou o promotor, que atua na área Criminal no MP e tem como uma de suas atribuições inspeção às unidades de execução penal.

O Complexo Prisional vem sofrendo uma série de mudanças desde 2019, com a nova gestão do Governo de Goiás. Além de retirar os pontos de energia, as unidades prisionais receberam investimentos em melhorias na infraestrutura, novos equipamentos de segurança, armamento para os policiais penais, aplicação do POP (Procedimento Operacional Padrão) e remanejamento de detentos.

“Aquele prédio antigo agora tem várias lajes, uma área não comunica com a outra, a segurança aumentou, tem um corredor gradeado próximo das celas e um amplo corredor no meio. Os policiais podem transitar com segurança”, emendou o promotor, que esteve recentemente no Complexo Prisional em janeiro.

Presídio feminino

Krebs contou que também visitou o presídio feminino, o Núcleo de Custódia e as indústrias, e que encontrou os presos trabalhando, uniformizados, e tudo limpo. “Eu tinha uma impressão errada do sistema prisional. Eu acho que o Estado mudou muito. A criminalidade despencou em Goiás, e muito tem a ver com essa retomada do sistema prisional. Esse trabalho que vocês estão fazendo lá é fantástico e o que temos que fazer é ampliá-lo ao máximo.” Acordou com Josimar Pires.

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