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Único deputado federal do PSDB vai abandonar o partido em 2022

O único deputado federal do PSDB de Goiás, Célio Silveira, ex-prefeito de Luziânia e ex-presidente da Assembleia Legislativa, vai abandonar o partido assim que se abrir a janela partidária, prevista para março/abril do ano que vem, e, com isso, deixar a representação tucana nos 22 municípios do Entorno de Brasília restrita à deputada estadual Lêda Borges, ex-prefeita de Valparaíso.

Em 2018, na esteira da catástrofe eleitoral que engolfou as candidaturas a governador de José Eliton e a senador de Marconi Perillo, o PSDB só conseguiu eleger Célio Silveira para a Câmara dos Deputados. Para a Assembleia, o resultado foi um pouco melhor, com o partido chegando a uma bancada de seis deputados estaduais (hoje reduzidos a cinco, com a desfiliação de Diego Sorgatto para se candidatar e vencer a disputa pela Prefeitura de Luziânia representando o DEM).

Logo após a eleição, Célio Silveira começou a falar em deixar o PSDB, alegando sentir com força os desgastes da legenda em consequência do envolvimento de suas lideranças em escândalos de corrupção, tanto em Goiás quanto nacionalmente. Na época, o parlamentar disse ter se assustado com o volume de críticas que recebia em seus perfis nas redes sociais somente pelo fato de ser tucano.

Como deputados só podem mudar de partido no período da chamada janela partidária, que se abre a seis meses da data da eleição vindoura, Célio Silveira afastou-se da militância do PSDB e já na campanha para o pleito municipal do ano passado alinhou-se com candidatos a prefeito de partidos ligados ao governador Ronaldo Caiado nos municípios do Entorno.

A decisão mostrou-se acertada: o resultado das urnas varreu o PSDB das cidades mais importantes que são fronteiriças do Distrito Federal. Hoje, os nove municípios de maior densidade eleitoral na região são governados por prefeitos de legendas vinculadas à base de Caiado, a maioria comprometida com a reeleição de Célio Silveira, inclusive Diego Sorgatto, que administra a principal base do deputado – Luziânia.

Eleição de 2020 varreu os tucanos do Entorno

Célio Silveira é uma espécie de vice-rei do Entorno de Brasília, região que tem um potencial de um milhão de eleitores e costuma ter forte influência na eleição para governador de Goiás – em 2010, por exemplo, forneceu a frente de votos necessária para eleger Marconi Perillo, pelo PSDB, contra um adversário fortíssimo naquele pleito, Iris Rezende, pelo MDB.

Mas a liderança de Marconi foi praticamente eliminada na região com a vitória de Ronaldo Caiado em 2018, quando o democrata foi consagrado pela maioria dos votos nos municípios ali situados.

Para 2022, prevê-se que Marconi tentará uma vaga de deputado federal, alternativa mais segura para a conquista de um indispensável mandato que possa ajudar na sobrevivência do principal nome do PSDB em Goiás. Desde já, sabe-se que o alvo principal da campanha do ex-governador será o eleitorado limítrofe de Brasília, o que abrirá um confronto entre a sua candidatura e a de Célio Silveira.

A diferença: enquanto Célio Silveira terá o apoio de um grande número de prefeitos, Marconi vai correr quase que por conta própria, buscando o respaldo de ex-prefeitos e lideranças menores e provavelmente estabelecendo uma dobradinha com a deputada estadual Lêda Borges – que hoje diz que também disputará a Câmara Federal, mas que certamente se recolherá à reeleição para a Assembleia.

O grande problema para o ex-governador é que não conseguiu eleger nenhum prefeito na região do Entorno e, pior ainda, sua pupila Lêda Borges teve um desempenho eleitoral vexatório em Valparaíso –, o que deixa Célio Silveira em situação eleitoral bem melhor.

Em uma região de carências sociais e econômicas que ainda são significativas, como o Entorno, o apoio dos prefeitos tende a ser determinante para a atração de votos – diante da importância do poder municipal para a população de cada colégio eleitoral da região. Isso dará vantagem a Célio Silveira, ainda mais integrando a campanha da reeleição de Caiado e compartilhando o apoio maciço que o governador terá entre os prefeitos do Entorno.

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