Aparecida

Prefeitura de Aparecida de Goiânia é denunciada por censura artística

A Secretaria de Cultura de Aparecida de Goiânia (Secult) foi denunciada por censurar o trabalho “Isadoráveis”, do bailarino Daniel Severo. Ao Diário de Aparecida, o estudante de Danças do Instituto Federal de Goiás (IFG) afirmou que a pasta publicou a obra dele na página do YouTube com corte, sem a permissão do artista, na última terça-feira, 20, e um dia depois (quarta-feira, 21), as imagens foram excluídas. A prefeitura nega as acusações e diz que não há qualquer tipo de censura.
De acordo com Daniel, a prefeitura lançou um edital de premiação para projetos artísticos da Lei Aldir Blanc e ele foi um dos contemplados. A Secult tem a permissão de publicar o trabalho por um ano. Porém, a pasta divulgou a performance artística com corte. O vídeo tem o total de11 minutos e 35 segundos. Já a Secretaria de Cultura publicou com 8 minutos e 35 segundos.
Para o artista, o corte ocorreu justamente no momento em que ele dança com uma roupa considerada convencionalmente voltada ao público feminino. “O vídeo foi cortado exatamente na parte, assim, vamos dividir em duas partes. A primeira parte mostra a performance, vestido, com roupas de menino e na segunda parte do vídeo está dançando com uma túnica em uma praça em frente a um shopping da cidade que lembra um vestido. Então, o corte aconteceu exatamente nesse ponto, onde faz a mudança de figurino”, diz.
Insatisfeito, Daniel Severo denuncia que foi censurado pela Secult e que, nas palavras dele, foi alvo de ideologia conservadora. “Eles editaram a parte do vídeo onde um homem dança vestindo uma roupa dita pelo conservadorismo como feminina. Depois que teve essa repercussão negativa, eles simplesmente excluíram o vídeo. Excluíram a divulgação da semana da dança que eles haviam criado e agora eles estão, assim, se fazendo de desentendidos. Eles não respondem às redes sociais, não deram uma devolutiva, não fizeram uma nota explicativa, não fizeram nada até agora. Eu acho um absurdo ter censurado assim na cara-dura.”
Daniel reclama que a Secult não proporciona livre espaço para manifestação artística. “Eu vejo que estão levando essa Secretaria da Cultura por um lado da ideologia, como se quisessem transformá-la em uma igreja. Eu fiquei triste, magoado, me senti desrespeitado. Esse trabalho surgiu na minha primeira graduação. Hoje estou transformando em TCC na graduação de Danças do IFG. O vídeo tinha todo contexto poético. A pessoa corta por achar que tem dois lados, mas não me consultou”, desabafa.
O DA entrou em contato com a Secult, que não justificou o corte e exclusão do vídeo, mas disse que ainda vai publicar o vídeo na página do YouTube da pasta. “A Secretaria de Cultura de Aparecida (Secult) explica que o vídeo será reproduzido na íntegra na conta da Secult, no YouTube, com o objetivo de divulgar o trabalho do artista, de acordo com a Lei Aldir Blanc. O órgão explica ainda que o município segue, criteriosamente, as recomendações estabelecidas em lei e que não há qualquer tipo de censura. A Secretaria reforça ainda o compromisso de continuar estimulando e promovendo as formas de manifestação cultural e artística no município, bem como instituir e manter um sistema de informações relativo a projetos para a captação de recursos do Estado e da União para o fomento da cultura local”, informa o comunicado.

 

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo