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Marconi desautoriza José Eliton a tratar de aliança com o PT lulista

O ex-governador José Eliton, presidente estadual do PSDB, foi desautorizado pelo ex-governador Marconi Perillo a prosseguir com conversas visando alianças com o PT goiano em relação às eleições de 2022. “PSDB e PT, historicamente, são como água e óleo, não se misturam”, escreveu, em nota, Perillo, na última terça-feira, 25.

A declaração do líder tucano veio depois que José Eliton, em entrevista ao jornal O Popular, admitiu interesse em uma união com o PT para enfrentar o governador Ronaldo Caiado (DEM) em Goiás e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no âmbito nacional. José Eliton falou motivado pelo encontro dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, após o qual o tucano admitiu apoiar o petista no 2º turno da disputa presidencial no ano que vem.

Segundo Marconi Perillo, PSDB e PT têm ideias, conceitos, projetos e convicções distintas. “Isso ficou claro ao longo das últimas três décadas de duro enfrentamento, respeitando sempre o necessário debate democrático.” O ex-governador afirma, na nota, que as siglas não têm como se misturar e que, entretanto, isso não impede a realização de um debate de alto nível. “É importante ter sempre a capacidade de dialogar objetivando o bem comum”, acrescentou.

Na Assembleia Legislativa, onde o PSDB tem quatro parlamentares, a declaração de José Eliton, de aproximação do partido com o PT, teve repercussão negativa, já que o tucanato é radicalmente contra o PT lulista. Marconi tem duas razões principais para se posicionar contra a aliança do PSDB com o PT: o tucano tem alinhamento ao projeto do governador de São Paulo, João Doria, de concorrer à Presidência da República em 2022. O ex-governador de Goiás sempre foi próximo de João Doria, nas ações políticas e empresariais: o governo de Goiás contratou, por várias vezes, o grupo Lide, criado por Doria em 2003 para prestar consultorias a governos estaduais e municipais, com fins lucrativos.

O segundo motivo que leva Perillo a manter ressentimento diante de Lula é a CPI do Cachoeira, instalada pelo Congresso Nacional, em 2012, com o objetivo de investigar práticas criminosas de uma organização comandada pelo empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As atividades ilícitas do bicheiro foram descobertas nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

Lula foi acusado por Marconi de “ser o mentor intelectual” da instalação da CPI do Cachoeira, já que o então presidente da República não se conformava com o gesto do ex-governador de Goiás de propagar a existência de um esquema denominado “Mensalão” – pagamento de propina a senadores e deputados federais, de diversos partidos, para votar a favor do governo federal. Após muitas manobras e acertos políticos, Marconi Perillo, um dos alvos prediletos dos petistas, conseguiu votos suficientes para o arquivamento do relatório da CPI do Cachoeira, livrando-se de qualquer consequência mais drástica. Desde então, Marconi e Lula viveram um ambiente de “beligerância política”, com troca de farpas e acusações pela mídia brasileira.

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