Editorial

Hipocrisia

Sabe-se que, para vencer eleições, políticos fazem de tudo. Não a toa, o presidente Jair Bolsonaro apareceu chorando no seu último programa no horário gratuito, ao falar sobre a filha caçula Laura. Quando foi candidato a presidente pela primeira vez, em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi pressionado pelos seus marqueteiros para derramar lágrimas na televisão e com isso conquistar eleitores. Recusou-se. Se depender de uma hipocrisia como essa, disse FHC na época, prefiro perder.

Ganhou. Lula também já chorou em público. Gustavo Mendanha, desde que se lançou à fracassada aventura em busca do Palácio das Esmeraldas, viveu intensamente a sua fase de carpideira profissional.

Bolsonaro não permitiu que a sua filha fosse vacinada contra a Covid-19, o que, sim, seria um gesto de amor. Fora isso, fazer compungidamente caras e bocas na televisão pode até tirar votos. O tempo poderia ter sido aproveitado, por exemplo, para a formulação de propostas. É isso que o país verdadeiramente precisa, não de políticos frios e interesseiros fingindo falsas emoções.

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