Saúde

Vacina contra HPV é forte aliada na prevenção do câncer de colo de útero

Realização de consultas e exames regularmente ajuda no diagnóstico precoce e favorece o tratamento, explica cirurgiã oncológica

Cuidar da saúde sempre esteve entre as prioridades de Rozimari Pereira da Silva. As frequentes visitas ao médico foram fundamentais para o diagnóstico: câncer de colo de útero. Silenciosa, a doença não foi identificada nos exames preventivos. “Não tive sintomas no início, mas com tempo eles apareceram e acenderam o alerta. Apesar do meu caso ser um tipo raro, a regularidade com que passei por consultas foi importante para o sucesso do tratamento”. O câncer de colo de útero – também chamado de câncer cervical – é uma das doenças com maiores possibilidades de cura se diagnosticado precocemente. No entanto, ele é o terceiro mais frequente nas mulheres e a quarta causa de morte por câncer entre a população feminina no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Entre o diagnóstico e a cirurgia, última fase do tratamento de Rozimari, foram 12 meses. Moradora do município de Tangará da Serra, localizada a 240 km de Cuiabá, ela se deslocava a cada 20 dias à Capital para realizar o tratamento. “Precisei fazer quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia. Tive poucos efeitos colaterais e procurei estar bem emocionalmente. Eu só pensava em vencer a doença para cuidar do meu filho”.

Originado por uma multiplicação celular defeituosa na região mais inferior do útero, o câncer cervical tem relação com alguns tipos de HPV. “Em geral, essa multiplicação celular é um processo iniciado para o reparo de um dano local na tentativa de o corpo conter uma lesão crônica causada pelo vírus do HPV”, explica Danielly Gobbi, médica cirurgiã oncológica da Oncomed-MT, em Cuiabá.

A médica esclarece ainda que o HPV é um vírus cuja transmissão se dá por via sexual, mas nem todos os casos de infecção evoluem para o câncer. “A maioria das infecções por HPV é assintomática e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. O vírus se apresenta em mais de 100 tipos diferentes sendo 15 deles classificados como de alto risco oncogênico. Já os outros são considerados de baixo risco e estão relacionados a verrugas genitais”.

Importância da vacina – Uma das principais formas de prevenção do câncer de colo de útero está associada a vacinação contra o HPV. Elas são preparadas a partir de partículas virais semelhantes ao vírus e são capazes de gerar resposta imunológica. “Atualmente, existem duas vacinas disponíveis no mercado: a bivalente e a quadrivalente. A vacina bivalente é indicada para meninas e mulheres de 10 a 25 anos de idade para prevenir eventos que podem evoluir para câncer de colo de útero. Já a quadrivalente é indicada para a faixa de 9 a 26 anos para prevenir o câncer de colo do útero, da vulva e da vagina, além das verrugas genitais”, explica.

O HPV também apresenta riscos iminentes para homens, como o surgimento de verrugas genitais no pênis, ânus e em regiões como boca e garganta, além de um elevado potencial de contágio. Por isso, a vacina quadrivalente também está disponível para o público masculino com idade entre 9 e 26 anos.

Apesar da vacina possuir maior indicação para meninas que ainda não iniciaram a vida sexual, estudos recentes indicaram proteção também em mulheres que já possuem vida sexual ativa e naquelas tratadas por lesões pelo HPV. “A infecção natural não produz anticorpos suficientes e duradouros, a proteção adicional vacinal acaba sendo um ganho importante”, ressalta a médica.

Além da vacinação, a realização do exame Papanicolau deve estar entre as ações preventivas. É um exame simples e rápido e deve ser realizado em mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos que possuem vida sexual ativa. Quando diagnosticado de forma precoce, as chances de cura do câncer cervical são de 100%.

O tratamento deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre as técnicas utilizadas para o tratamento do câncer de colo de útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estágio de evolução da doença, idade e tamanho do tumor.

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