Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: Direito, não concessão

Depois de 20 anos de espera, 49 empresários que receberam doações de áreas no Parque Industrial José de Alencar, em Aparecida, criado pelo então prefeito Ademir Menezes e posteriormente incrementado na gestão de Maguito Vilela. Embora tímido, já que existe ainda um grande contingente de empreendedores aguardando a regularização das suas propriedades, é preciso reconhecer que se tratou de um passo importante para o processo de industrialização do segundo município mais populoso do Estado – hoje impactado pela pandemia da Covid-19 e pela falta de reação da prefeitura.

Na cerimônia de entrega das placas que simbolizaram o acesso à documentação fundiária para esses 49 empresários, uma das quais destinada à empresa gestora do Diário de Aparecida, que possui sua unidade industrial no Parque José de Alencar, o prefeito Gustavo Mendanha fez um discurso em que cometeu alguns deslizes. O principal: atribuir aquele momento em que um direito foi reconhecido a uma “concessão” do Poder Público aparecidense, que, segundo ele, não misturou questões políticas com a distribuição das escrituras.

Não é verdade. Primeiro, porque o que houve foi a efetivação de um direito que resultou de décadas de lutas de políticos como Ademir Menezes e Maguito Vilela, além da plêiade de homens e mulheres que acreditaram na vocação para crescer da economia de Aparecida e aqui instalaram suas fábricas. Um direito, sim, e não um brinde da prefeitura.

Segundo, porque, na sua fala, o prefeito politizou o evento, ao fazer críticas deselegantes a propósito de situações imaginárias que perturbam a sua vaidade e soberba, em vez de homenagear, como seria o seu dever, os empresários que acreditaram na sua cidade e até, por que não?, se desculpar pelo atraso com que as escrituras foram enfim liberadas, o que, se não atrapalhou os negócios, com certeza impediu que os terrenos fossem usados para garantia de empréstimos que trariam mais renda e novos empregos para o município. Faltou a grandeza que, paradoxalmente combinada com a humildade, se constitui na marca principal dos líderes condutores de povos.

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