Aparecida

Aparecida: aumento de mortes por Covid-19 em 2021 foi de quase 99% se comparado a 2020

Prefeito Gustavo Mendanha tomou medidas contraditórias no combate à doença ao longo desse período

Eduardo Marques

O município de Aparecida de Goiânia registrou 1.174 mortes causadas por Covid-19 durante todo o ano de 2021. Esse número representa um aumento de 98,98% em relação a 2020, quando 590 aparecidenses perderam a vida em decorrência da doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2. O levantamento do Diário de Aparecida foi baseado nos dados do Painel da Covid-19 da prefeitura. Até a última terça-feira, 4, Aparecida possuía 93.078 casos confirmados e 1.765 vieram a óbito pelo vírus.

A maioria das mortes por Covid-19 em Aparecida de Goiânia foram registradas de março e abril, quando 458 aparecidenses foram vitimados pela doença — dos quais 234 em março e 224 em abril. Aqueles meses foram o ápice da chamada segunda onda da pandemia no Brasil, quando a variante a gamma, descoberta em Manaus, se espalhou pelo país e causou aumento no número de casos em todas as regiões.

Para se ter uma ideia do impacto da segunda onda sobre Aparecida de Goiânia, em janeiro a cidade registrou 3598 casos e 38 mortes. Em fevereiro, 3716 casos e 63. O aumento do número de mortes de março em relação a fevereiro foi de 271,43%. Tanto que em maio, a rede municipal de Saúde ficou saturada, com vários dias com ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) acima de 90%. O que levou a intervenções como abertura de novos leitos.

O prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) tomou medidas contraditórias no combate à doença ao longo desse período, que engloba desde o modelo de isolamento social, spray nasal e até mesmo atitude equivocada de liderar um consórcio de gestores municipais para compra de vacinas.

Devido às flexibilizações decretadas pela prefeitura, a população gradativamente se distanciou dos protocolos sanitários. Parte dessas mortes poderia ter sido evitada, seja através de cuidados sanitários pessoais ou através da prevenção coletiva, que não foi feita, em determinados momentos, com a necessária cautela e eficiência.

Além de prejudicar o setor produtivo, o escalonamento regional contribuiu para o desequilíbrio da pandemia. O aumento no número de mortes por Covid-19 em Aparecida foi consequência do modelo de escalonamento do comércio adotado pela prefeitura. Desde que a prefeitura adotou esse sistema, além de casos e mortes, a ocupação de leitos UTI’s aumentou vertiginosamente dia após dia. Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade.

No início do ano passado, enquanto o Estado decretava o fechamento do comércio e atividades não essenciais para o controle da pandemia, em Aparecida de Goiânia vigorava o escalonamento. À época, em estado de calamidade no mapa de risco da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) e com índices de 100% em ocupação de UTI’s, o Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus da cidade decidiu manter o modelo.

Ômicron

E para piorar, Aparecida de Goiânia já possui 22 casos confirmados de Covid-19 provocados pela variante Ômicron, e constatou a transmissão comunitária da linhagem no município. O secretário de Saúde Alessandro Magalhães explica que a transmissão comunitária existe quando há casos de transmissão do vírus na população entre pessoas que não estiveram nos países com registro da doença nem tiveram contato com quem esteve. Em Aparecida, há um caso assim e outros 4 sob investigação.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), evidências científicas apontam que a variante ômicron possui um índice de transmissibilidade maior que as outras, mas não há estudos comprovados sobre a sua severidade e nem sobre a resposta vacinal contra a nova variante. Nesse sentido, a Secretaria de Saúde de Aparecida reforça que as medidas preventivas contra a covid-19 precisam ser mantidas pela população, tais como o uso correto de máscara, tapando o nariz e a boca, a ventilação dos ambientes, a higienização das mãos e o distanciamento social sempre que possível. “E sobretudo é preciso se vacinar! A vacinação é fundamental e continua salvando vidas”, enfatiza o secretário Alessandro Magalhães.

Município aplica quarta dose da vacina em pessoas imunossuprimidas

Aparecida de Goiânia começou a aplicar a quarta dose da vacina contra a Covid-19 para as pessoas imunossuprimidas acima de 18 anos em um intervalo de quatro meses após a injeção da dose de reforço. Moradores a partir de 12 anos podem se vacinar com primeiras e segundas doses. A dose de reforço, ou terceira dose, também é aplicada em quem tem idade acima de 18 anos.

Os pontos de vacinação em Aparecida estão espalhados em 38 locais no município, sendo 36 salas de imunização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), a Central de Imunização e o drive-thru da Cidade Administrativa. Não é necessário agendamento para se vacinar.

Qualquer pessoa com idade acima de 12 anos pode receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19, mediante a apresentação de documento de identidade ou certidão de nascimento, cartão SUS ou CPF. Menores de 18 anos devem estar acompanhados de algum responsável.

Para receber a segunda dose dos imunizantes basta apresentar documento de identidade e CPF ou Cartão SUS e o Cartão de Vacinação, seguindo os intervalos mínimos previstos entre a primeira e a segunda aplicação, preconizados pela Secretaria de Saúde: O intervalo de tempo para quem recebeu a CoronaVac é de 28 dias. Já para Pfizer e AstraZeneca o tempo é de oito semanas entre as doses.

A Secretaria Municipal de Saúde anunciou que qualquer adulto que tenha recebido a segunda dose há, pelo menos, quatro meses pode buscar um dos postos para receber a dose de reforço. Basta apenas apresentar o documento de identidade e CPF ou Cartão SUS e o Cartão de Vacinação.

A imunização com a vacina Janssen era em dose única, mas em novembro do último ano, o Ministério da Saúde fez a recomendação da aplicação extra de uma dose de reforço, aplicada com intervalo de dois meses, somente na Central de Imunização e no drive da Cidade Administrativa, em Aparecida. (E.M.)

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