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Coleta de lixo hospitalar requer cuidado redobrado durante a pandemia

O descarte correto de lixos hospitalares, principalmente de luvas, respiradores faciais, máscaras, aventais, seringas e agulhas, nunca foi tão importante quanto durante este período de pandemia da Covid-19. Essa doença é altamente contagiosa e causada por um vírus que pode sobreviver até 12 horas em determinados objetos. Somente em Goiás, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) da última quinta-feira, 22, 14.236 pessoas morreram em decorrência do vírus desde o fim de março de 2020.
De acordo com a previsão da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a quantidade de resíduos dos hospitais deve aumentar em até 20 vezes neste período de crise sanitária. Quanto ao descarte correto de objetos perfurocortantes, que são seringas e agulhas, a SES-GO orienta às unidades hospitalares que contratem uma empresa para realizar tal prestação de serviços. Ao Diário de Aparecida, a fiscal da Coordenação de Monitoramento de Saúde Ambiental da pasta, Paula Milanez, explicou que comumente esse tipo de serviço é feito com a incineração dos objetos.
“O descarte de seringas e agulhas, que são caracterizadas perfurocortantes, dentro das unidades hospitalares, inclusive as estaduais, que têm OS, elas geralmente têm uma comissão interna por esse gerenciamento. Esse tipo de lixo, eles optam por comprar uma embalagem que muitas empresas vendem para fazer esse armazenamento. Praticamente todas as unidades contratam uma firma que faz a incineração, do tratamento à disposição final do lixo. As cinzas, eles enviam para algum aterro licenciado. O Estado não destina uma empresa. Todos têm liberdade para escolher a firma”, disse.
Milanez apontou ao DA as vantagens para esse tipo de prestação de serviço, que, segundo ela, é o mais viável. “A empresa faz todo o processo. Elas têm a incineração adequada, com regulação da temperatura até a saída das emissões para a atmosfera. As cinzas vão para o aterro licenciado da empresa ou outro”, diz. As unidades de saúde podem optar por conduzir esse tipo de lixo diretamente aos aterros, no entanto, ela adverte quanto aos cuidados.
“Outra solução é enviar direto para o aterro sanitário licenciado. O maior problema desse processo é o fluxo. Não é só a contaminação que o lixo vai causar. A vantagem das empresas é que os trabalhadores estarão treinados para receber esse tipo de material. O abrigo que o lixo vai ficar é mais visto como seguro, os contêineres são rígidos. O difícil é ter aterro sanitário licenciado.”
Paula contou ao DA que a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás atua no sentido de fiscalizar o descarte correto do lixo hospitalar. “A SES-GO fiscaliza por auditoria, uma por uma, as unidades de saúde. Uma demanda por fiscalização, seja por MP-GO, tanto do Estado quanto particular. E também pelo alvará como eles fazem o manejo do descarte. No caso das unidades particulares, apresenta o alvará sanitário por meio de termo fiscal. Em casos de unidades públicas, tanto uma ação de fiscalização ou orientação, caso haja solicitação. A diretriz vem do Ministério da Saúde”, afirma.

Doses aplicadas
Levantamento realizado pela SES-GO apurou que, referente à primeira dose, foram aplicadas, até a última quinta-feira, 22, 750.915 doses das vacinas contra a Covid-19 em todo o Estado. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 252.204 pessoas. Esses dados são preliminares. Em relação às vacinas, o Estado de Goiás já recebeu 1.557.880 doses de imunizantes, sendo 1.186.680 da CoronaVac e 371.200 da AstraZeneca.
Conforme pactuado na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), as secretarias municipais de Saúde devem registrar, de forma obrigatória, as informações sobre as vacinas administradas no módulo Covid-19 do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI Covid-19).

Regra geral
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu regras nacionais para normatizar a coleta do lixo hospitalar desde o descarte até o destino. O ideal é que cada gerador de resíduos crie um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) baseado nas características dos resíduos gerados e na classificação dada pelo órgão. Isso garante que o lixo seja separado e descartado corretamente.
Primeiramente, o lixo hospitalar é descartado em um saco plástico branco extremamente resistente. Esse saco plástico não pode ser reaproveitado posteriormente e deve atender à NBR 9191/2000 da ABNT. Já os resíduos líquidos devem ser armazenados em recipientes constituídos de material compatível, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante.
Tanto os sacos plásticos quanto os recipientes devem ter um adesivo de identificação do tipo de resíduo armazenado. Depois, é feito o transporte dos resíduos por uma empresa especializada. Ele deve atender ao roteiro previamente definido e em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades.
Além disso, é essencial que o veículo de transporte tenha o Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos (CIPP). O lixo é enviado para o tratamento adequado, que pode ser por meio de incineração (queimados em altas temperaturas) ou esterilização em enclaves próprios. Por ser altamente perigoso, o lixo hospitalar não pode ser reciclado. Além de preservar os recursos naturais, essa medida garante a segurança da população.

 

Resíduos hospitalares de Aparecida de Goiânia são descartados em Guapó

 

Aparecida de Goiânia conta com a coleta de lixos hospitalares de uma empresa que leva o material para Guapó. De acordo com dados da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, o município soma 590.146 habitantes. Considerando que a cidade decida fazer o uso de vacinas de duas doses para imunizar a população, Aparecida terá, ao final da campanha, mais de um milhão de seringas e agulhas para serem descartadas. Sobre isso, o diretor de Resíduos Sólidos do município, Sávio Calaça, explicou quais cuidados o município toma.
“A empresa terceirizada recolhe-os e encaminha para a unidade de tratamento deles, que fica em Guapó. Para esterilizar o material, o sistema utilizado é o de autoclave. Após isso, o material é triturado e destinado ao aterro deles”, contou o diretor de Resíduos Sólidos à Sagres.
Sávio Calaça destacou que o município tem acumulado cerca de 40 toneladas de resíduos sólidos por mês. A quantidade é maior que a recolhida antes da pandemia. “Com a pandemia, aumentou-se o número de atendimentos, exames e vacinação. Consequentemente, aumentou consideravelmente o número desses resíduos que estão sendo gerados”, detalhou.
O DA entrou em contato, por telefone e mensagens de WhatsApp, com Sávio Calaça para ele comentar sobre o trabalho da prefeitura quanto ao descarte de resíduos hospitalares, mas, até o fechamento desta edição, as ligações não foram atendidas e sequer os recados de textos foram respondidos.
Resíduos sólidos
Aparecida de Goiânia sofre com o descarte irregular de entulho e lixo em lotes baldios e áreas públicas da cidade. De acordo com dados da prefeitura, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) faz a coleta de 4,2 mil toneladas desse problema crônico todo mês. Um dos fatores que podem contribuir com essa alta é o fato de a cidade não contar com nenhum tipo de ecoponto. Essa seria uma alternativa para evitar que esse tipo de situação seja reincidente na cidade.
O descarte irregular é causador de vários problemas, inclusive a proliferação de insetos e aumento de criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, febre amarela e chikungunya. Dentre a quantidade total de material coletado estão entulhos oriundos de construção civil, móveis velhos em geral, animais mortos, galhadas de árvores e, em alguns lugares, até lixo doméstico.
Segundo O Hoje, essa situação crônica leva a prefeitura a gastar R$ 10 milhões, que poderiam ser utilizados em outras áreas, segundo o titular da SDU, Max Menezes. “Para realizar esse trabalho, a SDU emprega servidores e maquinários que poderiam ser usados em outras frentes, como, por exemplo, reforma e construção de praças, poda de árvores e outros serviços”, disse ao O Hoje.
Para fazer a retirada de lixo dos locais, são destinados caminhões trucados, pás carregadeiras, motoristas, auxiliares e fiscais. “Pedimos que as pessoas descartem de forma correta esse tipo de material. Quem está construindo ou reformando um imóvel deve se responsabilizar pelo entulho. Para isso, basta alugar um contêiner de uma empresa credenciada à prefeitura e não descartar no lote ao lado”, enfatizou Max Menezes ao O Hoje. (E.M.)

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