Aparecida

Números de novos casos de Covid-19 não param de subir em Aparecida

Com indicativo da chegada da terceira onda da Covid-19, o ritmo de casos da doença não para de subir em Aparecida de Goiânia. Segundo o Boletim Epidemiológico do município, na última segunda-feira, 28, havia 195 novos casos de coronavírus, com registro médio de cerca de 200 por dia desde a última quinta-feira, 24. O número de casos ativos também aumentou. Aparecida conta atualmente com 831. No momento, a cidade tem 71.244 casos confirmados, sendo que, desse total, 1.396 vieram a óbito.

Apesar de o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus classificar o município no cenário verde (baixo risco), cinco bairros estão em cenário vermelho em número de casos confirmados e 11 no laranja. Segundo dados da última segunda-feira, 28, da Prefeitura de Aparecida, o campeão da cidade é o Jardim Buriti Sereno (3.291), em segundo lugar vem o Cidade Vera Cruz (2.879), em terceiro aparece o Jardim Tiradentes (2.338) e em quarto lugar, o Setor Garavelo (1.885). O Garavelo Residencial Park (1.503), que na semana passada estava no cenário laranja e agora no vermelho, figura em quinto lugar no ranking dos bairros com mais casos confirmados em Aparecida. Já no cenário laranja aparecem o Parque Veiga Jardim (1.440), Sítios Santa Luzia (1.393), Vila Brasília (1.280), Independência Mansões (1.205), Colina Azul (1.181), Jardim Olímpico (1.095), Jardim Maria Inês (1.047), Jardim Tropical (1.035), Jardim Alto Paraíso (1.028), Setor dos Afonsos (1.002) e Mansões Paraíso (1.001), que antes estavam no cenário amarelo.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da cidade de segunda-feira, 28, adultos entre 30 e 39 anos lideram o percentual por faixa etária de casos confirmados em Aparecida, com 24%. Em segundo lugar aparecem jovens entre 20 e 29 anos, com 22%. Em terceiro lugar estão adultos entre 40 e 49 anos, com 20%. Em quarto lugar vêm adultos entre 50 e 59 anos, com 13%. Em seguida aparecem crianças e jovens entre 10 e 19 anos, com 8%; idosos entre 60 e 69 anos, com 7%; idosos entre 70 e 79 anos, com 3%; crianças entre 0 e 5 anos, com 2%.

Crianças entre 6 e 9 anos figuram com 1% e idosos acima de 80 anos, entre 1% e 2%.Essa “terceira onda”, expressão popularmente aceita para descrever o agravamento dos números após uma relativa melhora, está relacionada a diversos fatores – entre eles, o relaxamento das medidas restritivas, que permitiu o retorno de atividades sociais e comerciais e o consequente aumento da circulação de pessoas pelas ruas. A preocupação é que essa retomada acontece num período em que os sistemas de saúde ainda estão bastante fragilizados e sem condições de dar vazão à chegada de milhares de novos pacientes. Atualmente, a ocupação geral (público e particular) de UTI’s para Covid-19 em Aparecida está em 71,43%, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.

Aparecida de Goiânia adotou um modelo diferente do restante da região metropolitana: semelhante a 2020, a cidade foi dividida por macrozonas, algumas das quais com funcionamento de comércio permitido durante alguns dias da semana, a depender da gravidade da situação da pandemia. Para especialistas em saúde, o aumento no número de casos é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher.

A médica infectologista do Hospital Órion e da Polícia Militar Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança.”

A infectologista lembra que a vacina contra a Covid-19 é a arma ideal para combater a doença. “Vacinar em massa a população é a nossa esperança para redução e controle da doença, já que nós já sabemos que não há nenhuma medicação profilática, ou seja, preventiva, contra o coronavírus. A medicação preventiva é a vacina. E a vacina, junto com as medidas de segurança, lavagem correta das mãos, uso das máscaras a todo tempo e distanciamento social, é que vai levar à superação da pandemia.”

Prevenção: melhor caminho para o controle

Embora haja uma previsão de aumento no ritmo de vacinação contra a Covid-19, as medidas de distanciamento, isolamento, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas sem flexibilização. A orientação é da infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi. “O anúncio que a vacinação está acelerando não nos permite relaxar nenhuma medida de bloqueio da transmissão”, afirma em entrevista à CNN.

A infectologista enfatiza o perigo da variante originária da Índia, 97% mais ágil na transmissão em comparação ao vírus original segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Stucchi acredita que seja provável a prevalência da cepa entre os novos casos detectados no Brasil. “Nós sabemos que ela [variante originária da Índia] já está sendo detectada em vários estados e, pela sua capacidade de transmissão, é possível, assim como acontece no Reino Unido — e tem a chance de acontecer em Israel –, que ela predomine circulando aqui entre nós”, destaca a especialista.

A infectologista afirma que a aceleração da aplicação do esquema vacinal completo, ou seja, duas doses de CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer e uma dose da Janssen, é a saída para tentar combater a variante no Brasil. “Existe uma recomendação da própria OMS, que se acelere a vacinação para completar as duas doses. A variante Delta [originária da Índia] preocupa demais pela sua capacidade de se transmitir muito fácil de pessoa para pessoa porque ela diminui um pouquinho a proteção das vacinas.”

Infectologista pontua que todas vacinas previnem a Covid-19

O infectologista André Kalil, pesquisador da Universidade de Nebraska, destacou que um dos grandes benefícios garantidos por todas as vacinas aprovadas até agora é a capacidade de prevenir a Covid-19 crônica. “Todas as vacinas previnem algo que a gente chama de Covid crônica, prolongada. Mesmo que as pessoas tenham uma infecção leve, mesmo que você não precise ir ao hospital, você pode progredir para o que a gente chama de Covid crônica, ou seja, você vai ficar meses e meses cansado, com falta de ar, com fadiga, com dor muscular, dor de cabeça, às vezes problemas cognitivos – a pessoa não consegue pensar direito–, memória fraca”, disse ele em entrevista à CNN.

De acordo com o médico, a Covid crônica afeta todas as idades, sexos e até pessoas sem comorbidades. “É algo muito, muito ruim e que está afetando em torno de 30%, 40% das pessoas que adquirem esta infecção. Então, este é outro benefício da vacina muito importante”. Ele ressalta que a única solução é a prevenção, já que “todo mundo que adquire Covid hoje está com o risco elevado de ter a Covid crônica.”

De acordo com Kalil, a eficiência de qualquer vacina utilizada é bastante semelhante quando se observa a capacidade de prevenir casos moderados a graves. “Existe uma comunalidade, uma coisa muito comum entre as vacinas. Todas aprovadas têm uma eficácia similar do ponto de vista de prevenção da necessidade de se ir para o hospital e da prevenção de óbito. Em torno de 80% a 90%”, enfatizou. (E.M.)

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