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Nelto e Gayer trocam acusações e farpas em podcast

O confronto entre os deputados federais José Nelto e Gustavo Gayer na última segunda-feira no podcast Papo de Garagem foi marcado por ofensas, acusações, e poucas ideias apresentadas

Quem assistiu ao debate dos deputados federais José Nelto (PP) e Gustavo Gayer (PL) na noite da última segunda-feira, 3 de julho, certamente se sentiu em um coliseu onde os gladiadores se enfrentavam brutalmente com palavras ácidas. Durante mais de 2 horas ao vivo, no podcast goiano Papo de Garagem,  os dois parlamentares trocaram muitas ofensas e apresentaram poucas ideias até porque, se autoprovocaram foi para brigar mesmo.

O “confronto” foi marcado há mais de uma semana, após um bate boca virtual entre os dois deputados iniciada após José Nelto  participar do mesmo programa e tecer duras críticas ao deputado bolsonarista. Foi uma resposta de Nelto, que estava entre os deputados goianos que tiveram a imagem exposta pelo parlamentar do PL porque votaram em matéria do governo federal sobre a reforma administrativa. A montagem publicada por Gayer causou indignação de vários colegas deputados porque usava a imagem deles forma pejorativa. Além de José Neto, a publicação também rendeu a Gayer problemas com a deputada Silvye (UB).

Em resposta às declaração de Nelto no podcast, Gayer foi imediatamente às redes sociais dele e, entre outras coisas, acusou José Nelto de corrupto. Foi o suficiente para o agendamento da batalha presencial.

No debate desta semana, o pepista reafirmou sua posição e repetiu que a imagem que tem de Gayer é de um ‘lacrador’ e ‘extremista’. Ainda acusou o colega parlamentar de dirigir alcoolizado num acidente que terminou com a morte de duas pessoas e deixou outra paralítica, em 2005. Situação que já havia voltado à tona recentemente quando Gayer brigou virtualmente também com a deputada Silvye Alves (UB) pelo mesmo problema da exposição ofensiva da imagem.

Gayer não ficou atrás e classificou o deputado opositor como um representante da ‘velha política com botox’ e recordou que ele foi condenado  por compra de votos. O bolsonarista também afirmou que José Nelto agrediu verbalmente seguidoras de uma de suas rede sociais e prometeu publicar os prints em suas redes sociais das ofensas como prova.

Nelto usou a associação com o botox e disse: “Eu uso botox, mas não uso drogas”, dando a entender que o colega parlamentar tem problemas com entorpecentes e recordou de um caso em que Gayer foi encontrado na direção de um veículo com maconha, em Goianápolis.

O bolsonarista admitiu que, quando jovem, era usuário de maconha e colocou a culpa em seu posicionamento político, “Fui de esquerda, usava maconha”, disse.

Os ataques e o baixo nível seguiram por todos os blocos do debate, mas foram mais intensos nos dois primeiros e nos dois últimos. Nelto chamou Gayer  de ‘tchutchuca do Valdemar’, em referência ao presidente do PL, partido de Gayer, Valdemar da Costa Neto. Além  disso, disse que o colega parlamentar é incoerente em seu discurso. Para Nelto, falar da velha política e integrar um partido comandado por um líder do centrão é hipocrisia do colega de Câmara.

O deputado do PP ainda insinuou que Gayer cometeu crime de caixa 2 durante sua campanha, depois que Gayer afirmou que não usou dinheiro do fundo eleitoral.

Em resposta Gayer disse que José Nelto estava destilando veneno e fake news.

Mas, as acusações de Nelto não pararam por aí. Ele acusou Gayer de  faturar milhões com a morte de pessoas na pandemia. A afirmação foi feita com base em um levantamento  que apontou que o deputado do PL foi um dos maiores propagadores, principalmente nas redes sociais, de desinformação durante o período mais grave da Covid-19 no Brasil.

Sobre o acidente de 2005, o deputado do PP insistiu que Gayer era motorista e estava embriagado. “O senhor estava sob efeito de álcool. O MPGO tem (essa informação). O senhor parou ao lado de uma senhora e a chamou pra um racha”.

“O senhor tem provas?”, questionou o bolsonarista. Nelto respondeu que é o Ministério Público quem o acusa. Gayer, por sua vez, disse que a função do Ministério Público é acusar e ele “não foi acusado”.

Diferença partidária

Enfim, no campo político-partidário, as avaliações sobre os governos Lula e Bolsonaro também foram destaque nas discussões. José Nelto afirmou que houve redução da inflação na atual gestão e teceu críticas à política econômica de Bolsonaro.

Na visão dele, Paulo Guedes foi o pior ministro da Economia da história do país e o chamou de “o ministro dos ricos”. “Deixou a taxa Selic em R$ 13,75, o combustível alto. É um governo que você defendeu”, disse.

Gayer não concordou e  afirmou que a inflação subiu. Para provar seu ponto de vista convidou o público que estava acompanhando a discussão a  pesquisar a questão  com uma simples busca no Google.

José Nelto também questionou o posicionamento de Gayer em relação ao 8 de janeiro e o acusou de apoiar golpistas. “Você é de extrema direita. Eu não apoio golpistas. Tentaram explodir o Aeroporto de Brasília.”

O deputado do PL classificou a versão de Nelto sobre o 8 de janeiro como “ignóbil e juvenil”.  De acordo com Gayer, o governo Lula   “fabricou aquele movimento” e, segundo ele, fez questão de comprar os deputados pra retirar o nome da CPMI que iria investigar a questão .

O bolsonarista disse ainda que a gestão Lula implantou a censura e vive uma ditadura de esquerda. “O Brasil está hoje numa ditadura. Se for contrário ao que pensam, é perseguido e destruído”, definiu.

José Nelto ainda lembrou das declarações de Gayer na semana passada,  que foram avaliadas como racistas, por grande parte da sociedade civil organizada e imprensa.

Gayer disse que sua fala foi distorcida. Ele explicou que disse “que quanto mais burro, mais fácil pra ditadura se manter no poder”. De acordo com ele, a imprensa cortou a parte que falou da miséria e subnutrição e que, em momento algum, a cor da pele foi mencionada.

O deputado do PL ainda entregou nas mãos de Nelto um processo que foi protocolizado na justiça pelas declarações na edição anterior de Papo de Garagem, quando o pepista chamou Gayer de nazista e fascista.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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