Após mais de 150 dias, Lula faz primeira nomeação do PT em Goiás

Após 152 dias saiu a primeira nomeação do PT de Goiás para o governo Lula. O ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson foi nomeado na sexta-feira, 19 de maio, como  superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás. A decisão foi oficializada por meio de portaria ministerial publicada no Diário Oficial da União (DOU). O Iphan é um órgão vinculado ao Ministério da Cultura, responsável por preservar e valorizar a riqueza cultural e histórica do país.

Fontes do Diário de Aparecida afirmam que o PT em Goiás estava ficando chateado com a falta de respaldo da gestão nacional com os líderes e membros estaduais. Lideranças históricas da legenda no estado estariam aborrecidas por entenderem que nomes que nunca estiveram ligados ao grupo de Lula e que não estiveram na base de apoio da eleição do Presidente da República estariam sendo cotados e mais valorizados que os integrantes da legenda.

Também nos bastidores comenta-se que o senador Vanderlan Barbosa (PSD)  queria o cargo para um de seus aliados. O senador, que era apoiador fervoroso do ex-presidente Jair Bolsonaro, já vem fazendo acenos ao governo Lula desde o começo do ano. Em janeiro chegou a dar uma entrevista ao Jornal O Popular onde disse que jamais falou mal do presidente Lula.

A expectativa é que a nomeação de Pedro Wilson, que além de ex-prefeito e nome forte do PT em Goiás foi professor universitário e tem capacitação técnica para o cargo, acalme os integrantes da legenda, que estão se sentindo preteridos e desprestigiados pelo comando nacional da sigla.

O cargo era um dos que estava nas mãos dos bolsonaristas e que estavam deixando os petistas chateados.  O cargo estava sendo ocupado interinamente por Renata Barros, que assumiu o lugar de Alysson Cabral, que era indicação do deputado federal Professor Alcides (PL) que apesar da postura moderada, permanece fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na oposição ao governo Lula (PT). A indicação de Alysson Cabral gerou polêmica no governo Jair Bolsonaro pela falta de qualificação e experiência na área.

Sociólogo, Pedro Wilson tem larga experiência político-partidária e além de prefeito, já foi vereador de Goiânia e deputado federal na Câmara dos Deputados.  De acordo com alguns petistas, a previsão era que a posse de Pedro Wilson tivesse ocorrido há 5 dias, mas ele demorou para organizar alguns documentos.

Membros da legenda vêem a nomeação como um  indicativo que as nomeações de petistas para cargos federais em Goiás irão começar a partir de agora.

A nova  gestão no Iphan 

Em uma conversa com o Diário de Aparecida por telefone, Pedro Wilson disse que irá a Brasília neste final e que deve ficar quatro dias para discutir questões relativas à superintendência de Goiás. Ele explicou que evitou ir à sede do Iphan antes de sua nomeação ser oficializada para evitar boatos e fofocas, mas que trabalhou em uma proposta que apresentará em Brasília.Questionado sobre a demora nas nomeações do PT, ele rapidamente falou que ” tinha gente disputando”e que “isso atrapalha o andamento””

De acordo com ele, entre os itens fundamentais está a valorização dos bens materiais e, sobretudo, imateriais.  Pedro Wilson revelou que pretende estimular a união entre academia e sociedade para estimular a proteção e a propagação da importância das comunidades indígenas e quilombolas; um resgate da cultura desenvolvida às margens dos rios goianos; resgate e proteção da culinária, da música e das artes.

O novo superintendente do Iphan em Goiás também destacou a intenção de desenvolver projetos de educação artística com crianças e jovens e também de fazer um resgate da cultura, da história e do sentimento do ser goiano.

Saiba mais sobre Pedro Wilson 

Pedro Wilson era militante da Ação Popular e presidente da Comissão de Justiça e Paz, da Diocese de Goiânia. Foi preso duas vezes, a primeira em um quartel em Goiânia, a segunda no DOI-CODI em São Paulo. A segunda prisão foi seguida de torturas.

Graduado em direito e sociologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), foi professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), antiga Universidade Católica de Goiás (UCG). Entre 1985 a 1988, exerceu o cargo de reitor dessa mesma instituição.

Foi um dos fundadores do PT em Goiás em 1980. A sua biografia política contabiliza mandatos de vereador da cidade de Goiânia (1993-1995), deputado federal por Goiás (1995-2000; 2007-2011), e prefeito de Goiânia(2001-2004).

Em 2010 foi lançado candidato ao Senado Federal pela coligação “Goiás Rumo ao Futuro”, que conta com seu ex-adversário político Iris Rezende Machado, do PMDB, como candidato ao cargo de governador.

Foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica de Goiás em 24 de fevereiro de 2012.