Notícias

Com o apoio do Sintego, Mendanha nega aumento de 33,24% e dá 20%

Acordo foi na contramão da greve em Goiânia, que exige reajuste para todos os níveis salariais; em Aparecida, PT, que controla o sindicato, foi cooptado com cargos na prefeitura

Foto:Blog do JLB

José Luiz Bittencourt
Blog do JLB

É público e notório que o Sintego não é o sindicato dos professores estaduais, mas… o sindicato do PT, a serviço do PT, a ponto de desviar dinheiro dos seus cofres, por exemplo, para financiar candidatos petistas e até para pagar uma multa aplicada pela Justiça ao notório e finório Delúbio Soares. Uma voz insuspeita da esquerda em Goiás, o deputado Elias Vaz, do PSB, já definiu o Sintego como “pelego” e ainda acrescentou que não luta verdadeiramente pelos professores goianos – luta pelo PT.

Na época do falecido prefeito Paulo Garcia, o Sintego chegou a ficar contra uma greve por reivindicações salariais, desautorizando violentamente os servidores da Educação municipal da capital, que então se cansaram das manipulações da então presidente Lêda Leal (posteriormente candidata a deputada estadual pelo PT, derrotada) e decidiram agir por conta própria. Fez o mesmo em Aparecida, onde, agora, faz novamente, ao fechar com o prefeito Gustavo Mendanha um acordo para um reajuste de 20% para os professores municipais, enquanto, em Goiânia, empurrou uma greve em defesa de um aumento de 33,24%, índice para a correção do novo piso nacional.

Dos pouco mais de 8 mil professores da prefeitura de Goiânia, a maioria esmagadora já recebe muito acima do piso. Alguns poucos ainda estão nessa faixa salarial, que o prefeito Rogério Cruz já anunciou que vai atualizar conforme o novo percentual (os 33,24%), aplicando para os demais algo em torno de 10%. É o correto e o justo. Os 33,24% são exclusivamente para quem recebe o piso. Mas o Sintego não aceitou: quer os 33,24% para todos, mesmo os que já escalaram o plano de carreira e conquistaram salários que vão ao dobro ou o triplo.

Em Aparecida, é o contrário. O leão feroz de Goiânia agiu como um cordeirinho, traiu a categoria e aceitou os 20% propostos pelo prefeito, ainda por cima em duas parcelas, aliviando a barra para uma prefeitura que passa por dificuldades de caixa e já armou uma bomba fiscal que vai explodir no colo do vice, Vilmar Mariano, que assume a partir de 1º de abril – caso Mendanha tenha mesmo coragem de renunciar ao mandato para a aventura de se candidatar a governador. Em Aparecida, portanto, o novo piso salarial dos professores não será obedecido pela prefeitura, com aval do Sintego.

Por que o Sintego adota uma postura em Goiânia e outra em Aparecida? Simples: em Aparecida, o servilismo do Sintego decorre da cooptação das lideranças municipais petistas, que ganharam uma penca de cargos comissionados e estão pendurados no cabide de empregos que Mendanha montou para garantir a falsa unanimidade da classe política em torno do seu nome. Em uma tentativa de reação, os professores aparecidenses montaram um Comando de Luta para defender as suas reivindicações – que, a propósito, não se limitam ao reajuste de 33,24% e vão muito adiante, passando por uma solução para a precariedade física das escolas e a reorganização da carreira, minada pela inexistência de uma série direitos trabalhistas negados por Mendanha, sempre sob a complacência do sindicato.

O Comando de Luta aparecidense tem autenticidade representativa, conhece com exatidão a má situação do professorado municipal e não cede aos subornos políticos comuns na praça, enquanto o Sintego não passa de capacho de Mendanha, assim como, desempenhou o mesmo papel nas gestões de Maguito Vilela, em troca de nomeações. Tanto que nunca levantou uma palavra contra o sucateamento estrutural da rede de escolas municipais, que, apesar dos mais de R$ 40 milhões elencados por contratos de manutenção com empreiteiras e que estão no Portal de Transparência da prefeitura, carece de cuidados mínimos, com muitas unidades quase que desabando sobre os alunos graças a infiltração das águas das chuvas – absurdo que o Comando de Luta quer resolver.

Sintego, leitoras e leitores, é sinônimo de esperteza política de baixo nível. Do ponto de vista do que deve ser e atuar um sindicato, é uma excrescência. Rogério Cruz não deveria ceder a uma greve que é uma verdadeira extorsão e que tenta se aproveitar dos dois anos de pandemia que prejudicaram as atividades letivas e usar as carências pedagógicas das crianças da rede municipal goianiense como arma para arrancar vantagens e agradar a sua suposta base, em ano de eleição, atropelando a responsabilidade fiscal e a equidade salarial que deve ser o escopo das decisões do prefeito quanto a folha de pagamento pilotada pelo Paço Municipal.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo