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Crise entre o Patriota e Bolsonaro fulmina candidatura de Jânio Darrot

O recuo do presidente Jair Bolsonaro quanto à decisão de se filiar ao Patriota, devido ao racha interno no partido, atinge diretamente a pré-candidatura do ex-prefeito de Trindade e empresário Jânio Darrot ao governo de Goiás nas eleições de 2022. É que, sem a projeção que o presidente daria ao partido, o projeto majoritário de Darrot se enfraquece no Estado.

Uma candidatura presidencial “turbina” as eleições nos Estados, principalmente de governador e senador. E o Patriota de Goiás se beneficiaria com Darrot como postulante ao Palácio das Esmeraldas. O empresário e marqueteiro Jorcelino Braga, presidente estadual da legenda e tesoureiro nacional do Patriota, está no olho do furacão da crise vivida pelo partido desde que estourou a informação de que Bolsonaro ingressaria no partido.

Jorcelino Braga é um dos membros da Executiva nacional do Patriota que entraram com um requerimento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra decisões do presidente do partido, Adilson Barroso, tomadas na última segunda-feira, 31, em convenção nacional. De acordo com o 1º vice-presidente, Ovasco Roma Altimari, Adilson Barroso descumpriu o estatuto do partido e impôs mudanças especialmente para abrigar o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos na legenda.

Segundo a advogada da sigla, Fernanda Caprio, que assina o requerimento, a convenção que foi realizada nesta segunda-feira, 31, na qual Flávio Bolsonaro anunciou a sua filiação, não foi amplamente noticiada aos membros do partido. Muitos, diz ela, sequer sabiam que haveria uma reunião nacional da legenda. A sede da convenção foi na cidade de Barrinha, no interior de São Paulo. Na peça, é destacado que ao menos quatro membros da Executiva teriam sido excluídos dos seus cargos, assim como cinco diretórios estaduais, ligados a eles, dissolvidos.

Partido está envolvido com desvio de recursos

As prestações de contas do Patriota relativas aos anos de 2017 a 2020 mostram que o presidente do partido, Adilson Barroso, destinou dinheiro público recebido pela legenda ao próprio bolso e para ao menos dez familiares, incluindo a atual mulher, a ex-mulher, irmãos, filha, cunhada e sobrinhos. Ao todo, R$ 1,15 milhão da verba do Fundo Partidário foi usado nesses anos para pagar o “salário” do próprio Adilson e dos parentes. Só no ano passado, o presidente do Patriota recebeu uma remuneração partidária de R$ 225 mil, com um contracheque mensal de R$ 25 mil.

O fundo partidário é dinheiro que sai dos cofres públicos para alimentar o dia a dia das siglas e para gastos eleitorais, em valores proporcionais ao desempenho de cada uma delas nas eleições gerais para deputado federal. No ano passado, foram R$ 21 milhões repassados ao Patriota. De acordo com a prestação de contas de 2020, o maior salário da família, depois de Adilson, é o da atual mulher do cacique, Cassia Freire Sá, com R$ 112 mil ao ano. Em seguida vem o irmão, Aguinaldo Barroso de Oliveira (R$ 92 mil ao ano). Depois, uma cunhada, Andresa Nabarro, com holerites de R$ 56 mil ao ano.

Em seguida, Rute Ferreira de Lima Oliveira, ex-mulher de Adilson, com R$ 50 mil ao ano. A lista ainda é formada pela filha, Fabiana Barroso, com salário anual de R$ 47 mil, e por um sobrinho, Willian Oliveira do Amaral (R$ 48 mil ao ano). O dinheiro do fundo partidário do Patriota também foi usado para a aquisição de cinco carros, entre eles uma Mitsubishi Pajero Sport zero-quilômetro, de R$ 260 mil. Ao todo, a sigla nanica desembolsou R$ 644 mil de verba pública na compra de carros naquele ano.

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