Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: Herança dilapidada

Gustavo Mendanha era um ilustre desconhecido quando foi lançado à sucessão do bem-sucedido prefeito de Aparecida Maguito Vilela e, com as bênçãos e o aval do grande líder emedebista, ganhou a eleição de 2016. Maguito, corretamente, queria que a sua administração tivesse continuidade, escolhendo para essa missão seu secretário de Captação de Recursos Euler Morais, ex-deputado federal e técnico da mais elevada qualificação em matéria de políticas públicas. Mas o pai de Mendanha, o falecido ex-deputado Léo Mendanha, reagiu e, sob ameaça de rachar o MDB e expor o partido à derrota nas urnas, conseguiu impor o filho como candidato a prefeito.

Mendanha foi eleito não pelos seus méritos, mas pelo endosso de Maguito. Esse sonhava com o prosseguimento da sua gestão em parâmetros superiores, sem politicalha e elevando Aparecida acima dos paroquialismos e provincianismos da sua classe política atrasada e retrógrada. Queria que o seu trabalho fosse perpetuado e não desmanchado à primeira curva do caminho, como, infelizmente, no final acabou acontecendo.

Com os votos de Maguito, Mendanha se transformou em prefeito do segundo município mais populoso do Estado, a essa altura uma potência industrial a caminho da consolidação. Mas o retrocesso estava de olho. O valioso capital político que Maguito transferiu ao seu sucessor foi dilapidado em poucos meses, principalmente com a volta da utilização fisiológica da estrutura da prefeitura, em especial a utilização da folha de pagamentos para construir uma falsa unanimidade em torno de Gustavo Mendanha, à custa dos cofres municipais.

A preciosa herança de Maguito não durou mais que alguns meses antes de se evaporar. Aparecida é hoje o pior exemplo da “velha política” em Goiás, mais grave ainda por se travestir em modernidade escondida atrás de práticas arcaicas e antigas, como já dito, ou seja, o recurso à farta distribuição de cargos para agraciar com dinheiro mensal apaniguados dos partidos que não retribuem nada em serviços para a população, porém batem palmas para o prefeito. O sistema de poder do município está podre, desafiando autoridades como o Ministério Público, que precisa mostrar qual é a sua verdadeira função como fiscal e perseguidor da corrupção em um sistema deteriorado que não pode mais continuar.

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