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Protestos bem-sucedidos contra Bolsonaro acendem estopim para novas manifestações

Pouco mais de uma semana após o primeiro ato nacional – e presencial – contra o governo Jair Bolsonaro na pandemia, lideranças de esquerda voltaram a chamar novas manifestações em todo o País. Desta vez para o dia 19 de junho.

Esta semana, a hashtag #19JForaBolsonaro ficou entre os termos mais comentados no Twitter. Entretanto, a falta de consenso persiste. Partidos como o PT e o próprio PSol, por exemplo, têm encontrado resistências internas em divulgar atos de rua. Mas o fato é que esse primeiro dia de protestos, pela amplitude que ganhou, acendeu o estopim para novas manifestações contra o presidente da República.

Para muitos da oposição, ir aos protestos fere o discurso a favor do isolamento social que a maioria do País e a ciência defendem. Nesse contexto, as lideranças partidárias passaram a conversar para encontrar a melhor forma de convocar a militância para os próximos protestos, que se tornaram inevitáveis.

De acordo com um parlamentar petista, por trás da organização das manifestações, não está sendo fácil encontrar saídas para manter a prevenção sanitária contra a Covid-19, já que a mobilização de rua pressupõe sempre algum tipo de aglomeração. Isso porque, se por um lado eles “estão vendo outra forma de protestar sem ir para as ruas”, por outro, o PT está diante de uma situação diferente de outros momentos históricos.

O parlamentar reconheceu que existe uma força política entre os apoiadores do presidente disposta a protestar na rua, o que é algo novo para o PT. “O MDB e o PSDB, por exemplo, são partidos fortes, mas não têm militantes, têm um político forte ou outro, mas nós nunca enfrentamos esse tipo de situação”, falou, ponderando a necessidade de marcar presença física.

Nas convocações para o próximo protesto, a pauta central permanece com o impeachment do presidente. A intenção é levar mais pessoas às ruas e em paralelo fortalecer as ações por meios digitais.

A escolha do dia 19 é fruto de um entendimento entre a Frente Brasil Popular, Povo sem Medo e a Coalizão Negra Por Direitos, movimentos que assinaram a autoria dos atos que inflaram as ruas no último dia 29 de maio. Os organizadores afirmam que, embora os campos progressistas tenham liderado os atos de rua, a adesão foi ampliada para pessoas e grupos de qualquer ideologia “que defendem a vida, a democracia e a liberdade”, disse o porta-voz da Coalizão Negra por Direitos, Douglas Belchior.

“Nós queremos que todos os partidos que são contra a lógica do Governo Bolsonaro convidem os seus apoiadores. Não somos contra nenhum partido político. Todos nós somos movimentos sociais e faz parte da democracia essa construção em conjunto”, falou Belchior.

Mobilização está sendo organizada digitalmente

As organizações estudantis, sindicais, partidos e grupos da sociedade civil uniram-se em um fórum na internet chamado “Fora, Bolsonaro”, onde passaram a distribuir informações sobre assembleias, debates e datas dos próximos eventos, como o do dia 19 vindouro. A página no Instagram já tem mais de 45 mil seguidores.

Conforme esses grupos, em uma reunião on-line com aproximadamente 7 mil pessoas de todo o País, ficou definido, além da data, um indicativo de atos contra a realização da Copa América no País, possivelmente no início de junho.
“É um crime o Bolsonaro se preocupar com a Copa e não se preocupar com a vacina. Ele é mais letal que o vírus que já levou cerca de 500 mil pessoas à morte”, comentou Leonardo Péricles, presidente da Unidade Popular.

Os movimentos ressaltam que, na manifestação, devem ser seguidas todas as medidas de segurança contra a Covid-19. Eles têm divulgado que nos atos é obrigatório o uso de máscaras, a higienização das mãos e distanciamento social.

Também pedem que pessoas com sintomas da doença e que integrem grupos de risco permaneçam em casa. Outro conselho dado é para que os que vivem com pessoas que tenham comorbidades não participem fisicamente das manifestações.

“Para as pessoas que não podem ir presencialmente, a participação pela internet é fundamental. Subam as hashtags, postem fotos, vídeos. A internet também é um espaço de união e debate”, pedem os organizadores.

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