Aparecida

“Queremos visibilidade em Aparecida de Goiânia”, defende representante da causa

Enquanto a sociedade mundial promove hoje, 28, ações para comemorar o Dia Internacional do Orgulho Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais e outros grupos e variações de sexualidade e gênero (LGBTQIA+), a Prefeitura de Aparecida de Goiânia despreza a comunidade com políticas públicas afirmativas contínuas. Representante denuncia que o órgão não realiza atividades de apoio e respeito no município.

Presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Goiás, Francisco Mendes de Sousa defende, em entrevista ao Diário de Aparecida, que haja dentro da prefeitura superintendência de apoio à causa LGBTQIA+.

”Precisamos de uma superintendência dentro da Secretaria de Direitos Humanos de Aparecida de Goiânia. Uma pessoa específica para bater na porta. Queremos visibilidade!”, exclama. Devido à falta de um representante, Francisco lamenta que não ocorrem ações contínuas de combate à homofobia e destaca o papel da prefeitura nessa luta.

“Precisamos de uma pessoa que adote essa luta para levantar a bandeira LGBTQIA+. Eles devem chamar o movimento social para conversar e perguntar as demandas da comunidade. Queremos ser ouvidos pela gestão municipal. Queremos saber onde devemos atuar junto à prefeitura. Nós temos um projeto pronto. Em outras cidades há políticas afirmativas, mas aqui em Aparecida não. A cidade cresce muito e todos os dias tem problemas”, lembra Francisco.

Devido a Aparecida ser o segundo maior município em população de Goiás e não possuir políticas públicas afirmativas de combate à homofobia, o presidente da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Goiás classifica como “retrocesso”. “A comunidade LGBTQIA+ sofre preconceito velado. Nós que estamos na linha de frente, pedido de socorro, deparamos com muitas ocorrências. Precisamos avançar. Além de promover a Parada LGBTQIA+, queremos levantar recursos de campanhas educativas e visibilidade em todos os pontos da cidade. Há um bloqueio”, diz o ativista.

Para Aparecida se tornar uma cidade referência em políticas públicas afirmativas de combate à homofobia e promover diversidade, Francisco sugere que o poder municipal coloque no calendário oficial da cidade a Parada do Orgulho LGBTQIA+. “Esse é um grito desde a última gestão e ninguém tem coragem. Nós já fizemos reunião dentro da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia e convidei todos, mas apareceu apenas um que deu a cara a tapa e fomos discutir políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+. Infelizmente esse projeto é barrado. As pessoas não têm coragem. Isso seria um grande avanço!”, ressalta.

Francisco lamenta que, mesmo após avanços jurídicos de reconhecimento que a comunidade LGBTQIA+ conseguiu ao longo do tempo, a população geral necessita respeitá-la. “Se a Prefeitura de Aparecida de Goiânia tivesse uma superintendência dentro da pasta dos Direitos Humanos e fizesse políticas educativas de diversidade e inclusão nos espaços públicos, iria amenizar o preconceito dentro do município e ia dar mais coragem para a comunidade para enfrentá-lo. A comunidade LGBTQIA+ não procura a prefeitura, porque não encontra amparo, mas nós que estamos na linha de frente, porque eles sabem que temos os canais”, enfatiza o ativista.

 

Ação
Hoje, dia 28 de junho, a Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Goiás fará uma ação social, sem o apoio da prefeitura do município, com distribuição de preservativos e insumos de combate à Covid-19 para travestis que estão em situação de vulnerabilidade social. “Nós vamos fazer a entrega de insumos de álcool em gel, máscaras, preservativos, e as que estiverem doentes vamos encaminhar para o posto de saúde. Nós vamos fazer visitas nas casas onde elas estão vivendo, levando cestas básicas, alimentos e produtos de higiene.”

O DA entrou em contato, por e-mail e via telefone, com a Prefeitura de Aparecida para que o órgão comentasse sobre as políticas públicas afirmativas de respeito, visibilidade e combate à homofobia, porém, até o fechamento desta edição, nossa equipe de reportagem não conseguiu resposta.

Dia do Orgulho LGBTQIA+ tem programação em Goiânia

Hoje, 28, a Prefeitura de Goiânia realiza programação em comemoração ao Dia do Orgulho LGBTQIA+. O evento, realizado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas e da Superintendência de assuntos LGBTQIA+ da Cpital, tem como objetivo reforçar o compromisso do Executivo municipal na construção de políticas públicas e afirmativas que preservem os direitos desse grupo, tendo como norte o respeito e a equidade com base no gênero e na diversidade sexual.

A programação conta com uma parceria com o Hemocentro de Goiás e a pasta fará o agendamento para doação de sangue através do telefone (62) 3524-2802. Um balcão de oportunidades vai ofertar oficinas profissionalizantes à população LGBTQIA+ e um mutirão de retificação de prenome e gênero também acontecerá no local. A programação ainda conta com a entrega de documentos já retificados e será encerrada, às 19h30, com uma projeção de filmes curta-metragem produzidos e roteirizados por pessoas trans de todo o Brasil que participaram do projeto audiotransvisual.

Participam da solenidade a secretária de Direitos Humanos, Dra. Cristina Lopes, o superintendente LGBTQIA+, Vitor Cadillac, e convidados. A ação tem parceria com o Hemocentro e a Defensoria Pública e faz parte de um plano mais amplo de fortalecimento da construção de políticas públicas que acolham a diversidade e garantam cidadania a todas as pessoas.

Balcão de oportunidades
As oficinas, totalmente gratuitas e voltadas para a população LGBTQIA+, serão oferecidas pela SMDHPA e parceiros. As inscrições podem ser feitas das 08h às 18h desta segunda-feira, na própria secretaria. As temáticas são: barista, garçom e garçonete; sistemas de pedidos para bares; bartender; atendimento em balcão de casa noturna, e audiotransvisual.

A ação começou como um curso gratuito de formação audiovisual exclusivo para pessoas trans. A formação começou em julho de 2019 e contou com a participação de 21 meninas, oito rapazes e uma pessoa não binária advindas de 13 Estados brasileiros. Participaram da formação, Danny Barbosa, atriz do filme Bacurau, e Bernardo de Assis, único ator trans a participar de uma novela da Rede Globo (Salve-se Quem Puder). Desta ação, os participantes realizaram 18 diferentes curtas-metragens de forma totalmente on-line e dirigidos pelo cineasta André da Costa Pinto (PE). (E.M.)

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo