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Ciro Nogueira mantém Baldy no comando do PP. Prof. Alcides deve sair para o MDB

Helton Lenine

O deputado federal Prof. Alcides deverá trocar o Progressistas pelo MDB, na janela partidária de abril do ano que vem, em razão de divergências com o ex-ministro das Cidades e atual secretário de Transportes de São Paulo Alexandre Baldy, presidente do partido em Goiás.

Desde o ano passado, Baldy protege o seu aliado político, o deputado federal Adriano Avelar (conhecido como Adriano do Baldy, sobrenome que incorporou na campanha eleitoral de 2018), na formação das comissões municipais provisórias do PP no interior de Goiás.

Mesmo em municípios onde o Prof. Alcides foi o mais votado nas eleições de 2018 para deputado federal, Alexandre Baldy autorizou Adriano Avelar a compor a direção local do partido, em detrimento do colega parlamentar. A tradição da política partidária é que o comando de um diretório municipal é sempre entregue ao mais votado na cidade. 

Prof. Alcides reagiu com a tentativa de substituir Alexandre Baldy na presidência do PP goiano – outra regra não escrita costuma privilegiar os parlamentares federais na direção dos diretórios estaduais. Não deu certo. O ex-ministro das Cidades é protegido do senador Ciro Nogueira, presidente nacional da legenda.

Em vídeo divulgado há poucos dias, Ciro Nogueira reafirmou seu apoio à permanência de Alexandre Baldy à frente do Progressistas do Estado, destacando o trabalho que o goiano realizou à frente do Ministério das Cidades no governo Michel Temer e ressaltando as ações do colega de partido na secretaria de Transportes Metropolitanos do governo João Doria, em São Paulo.

As declarações de Ciro Nogueira funcionaram como um balde de água fria na fervura, ou seja, afastaram qualquer possibilidade do PP ser entregue ao Prof. Alcides em Goiás. A reação do parlamentar aparecidense, agora, é previsível: ele deve se transferir com armas e bagagens para o MDB do prefeito Gustavo Mendanha, do qual é aliado.

Dirigentes pepistas têm em comum o fato de serem alvo de investigações

Tanto o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira, como o presidente do partido em Goiás Alexandre Baldy, ex-ministro das Cidades e atual secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, são alvos de ações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal em investigações por desvio de recursos públicos e recebimento de propinas. 

Alexandre Baldy sofre desgastes internos no Progressistas de Goiás, principalmente junto a prefeitos, desde que foi preso pela Polícia Federal em 6 de agosto do ano passado, em uma investigação que teve como alvo uma organização de empresários e agentes públicos que cometeram irregularidades em contratações na área da saúde. 

Baldy foi detido no curso da Operação Dardanários, que apura desvios na Saúde no Rio de Janeiro e em São Paulo, envolvendo órgãos federais, com desdobramentos em Goiás. Segundo a Polícia Federal, ele usou da influência dos dois cargos para intermediar contratos, sobre os quais ganharia um percentual.

Entre os contratos investigados, estão o de Organizações Sociais (OSs) com o Hospital de Urgência da Região Sudoeste Dr. Albanir Faleiros Machado (Hurso), em Goiás; com a Junta Comercial Goiana e com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa/Fiocruz). O ex-ministro responde pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, é investigado em vários casos de corrupção e recebimento de propinas. Em um deles, é réu no Supremo Tribunal Federal como beneficiário de R$ 43 milhões, pagos a ele a título de suborno em troca de influência em decisões do governo federal. Ele também está envolvido em escândalos apurados pela Operação Lava-Jato, sem, contudo, ter sido condenado em nenhum processo até o momento. 

Deputado federal é conhecido por ser um parlamentar municipalista

O presidente estadual do MDB Daniel Vilela, e o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha já abriram oficialmente as portas do partido para o deputado federal Prof. Alcides, que vai concorrer à reeleição em 2022.

A eventual saída do Prof. Alcides do Progressistas vai provocar prejuízos à legenda em Goiás, uma vez que prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, além de outras lideranças políticas, devem acompanhar o parlamentar.

Cauteloso, o Prof. Alcides evita comentar a crise vivida pelo Progressistas, mas não esconde, nas conversas com lideranças municipais do partido, seu desconforto e sua contrariedade com o tratamento que recebe da direção do partido em Goiás.

A base eleitoral do Prof. Alcides, que tem em Aparecida a sua principal sustentação, reúne mais de 40 municípios, em todas as regiões do Estado. Os prefeitos do PP destacam o trabalho que o Prof. Alcides realiza na Câmara Federal, pois, segundo eles, o goiano é um “parlamentar municipalista”, que permanentemente emendas orçamentárias para assegurar socorro financeiros aos municípios que representa. 

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