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Candidatura própria tem apenas cinco defensores dentro do MDB

A tese de candidatura próprio do MDB a governador em 2022 tem raríssimos adeptos dentro do partido, a exemplo do que ficou demonstrado com clareza no manifesto de 27 dos 28 prefeitos emedebistas a favor do apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado.

Somente Gustavo Mendanha, de Aparecida, não assinou. No entanto, não foi sequer convidado para engrossar o movimento dos prefeitos, diante das declarações que tem dado a favor da candidatura própria – embora sem ressonância interna.

Na prática, apenas cinco figuras mais conhecidas, duas um pouco menos, defendem a candidatura própria: o próprio Gustavo Mendanha, o ex-deputado federal e atual presidente da Federação das Indústrias – FIEG Sandro Mabel, o deputado estadual Paulo Cezar Martins e os presidentes dos diretórios de Aparecida Tarcísio Francisco dos Santos e de Goiânia Carlos Júnior.

Fora esses, não se conhece outros emedebistas de importância, ainda que mínima, contra a aliança com o DEM e a indicação do presidente estadual Daniel Vilela para formar como candidato a vice-governador na chapa de Caiado.

Gustavo Mendanha foi a Mineiros e chegou a anunciar que o prefeito Aleomar Rezende estaria perfilado com a sua opinião pró-lançamento de nome próprio em 2022. Mas não era verdade. Aleomar Rezende assinou a carta dos 27 prefeitos do MDB e dissipou as dúvidas sobre o seu posicionamento, se é que haviam.

É bem possível que, acompanhando esses nomes, existam outros do baixíssimo clero do partido que também poderiam ficar contra o apoio ao atual governador – levados principalmente por quem tem benesses para distribuir, como o prefeito Gustavo Mendanha, que tem nas mãos os sete vereadores emedebistas de Aparecida: todos eles vão acompanhar a decisão que Mendanha tomar, seja contra seja a favor do presidente Daniel Vilela.

A força dos cargos da prefeitura também deve influenciar os presidentes dos diretórios aparecidense e da capital, que estão na folha de pagamento de Aparecida como assessores especiais, com funções e atribuições desconhecidas. No caso de Carlos Júnior, há um obstáculo a vencer: como se trata do mais importante diretório do MDB em Goiás, ele não pode resolver sozinho e é obrigado a ouvir a sua Comissão Executiva, onde os seis vereadores goianienses têm influência e simpatizam com o engajamento da legenda na reeleição de Caiado.

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Gustavo Mendanha
Prefeito de Aparecida
Alimenta ressentimentos pessoais em relação ao governador Ronaldo Caiado, principalmente pelas operações da Polícia Civil que investigam corrupção na prefeitura e no Hospital Municipal. Pior: vive na expectativa de novos desdobramentos e, é claro, temeroso quanto ao seu envolvimento, já que tem secretários do 1º escalão, como André Rosa, da Fazenda, como alvo dos inquéritos. Tem viajado aos municípios, muitas vezes em horário de expediente, para pregar a candidatura própria, mas sem conseguir convencer ninguém, como se viu no episódio do manifesto em que os 27 prefeitos do MDB (são 28, apenas ele, Mendanha, não assinou) se declararam a favor da aliança MDB-DEM e do apoio à reeleição de Caiado. O prefeito de Aparecida ficou mal na fita: antes, dizia que 80% dos prefeitos concordariam com a sua tese de lançar um nome emedebista em 2022. Mendanha é considerado imaturo e inexperiente, além de atuar de maneira isolada, sem a menor condição de liderar um movimento de porte estadual dentro do partido.

Sandro Mabel
Ex-deputado federal
O atual presidente da FIEG Sandro Mabel é ligadíssimo ao prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, com quem compartilha a opinião de que o MDB deve lançar candidato ao governo em 2022. Entretanto, Mabel não tem força nenhuma dentro do partido e, hoje, sequer faz parte do diretório estadual, depois que a Comissão Executiva foi renovada, no início de julho, com a exclusão do seu nome (era delegado à convenção nacional). É personagem que acumula desgastes na política em razão de sempre aparecer enrolado em escândalos de corrupção, o último no fim do ano passado, envolvendo propinas a fiscais do Ibama. Em resumo, não é exagero dizer que mais atrapalha do que ajuda o esforço liderado por Mendanha para atropelar Daniel Vilela e empurrar o MDB para o que ninguém no partido quer, ou seja, a oposição a Caiado.

Paulo Cezar Martins
Deputado estadual
Dentre os 4 deputados do MDB na Assembleia, Paulo Cezar Martins é o único a favor da candidatura própria em 2022. Os demais – Bruno Peixoto, Henrique Arantes e Humberto Aidar – estão ao lado do presidente estadual Daniel Vilela e do ex-prefeito Iris Rezende a favor da formação de uma aliança MDB-DEM para bancar a reeleição de Caiado, com Daniel na vice. Paulo Cezar é considerado como um político instável e folclórico, apesar dos seguidos mandatos consecutivos como parlamentar municipal (vereador em Goiânia) e estadual. Na última eleição para o diretório municipal emedebista, só conseguiu 4 das 8 assinaturas necessárias para o registro da sua chapa, deixando claro que não tem apoio nem mesmo dos membros do MDB dos municípios que representa na Assembleia.

Carlos Júnior
Presidente do Diretório Metropolitano
Na estrutura dos partidos políticos brasileiros, o diretório metropolitano é o da capital e geralmente o mais importante, depois do estadual. Em Goiânia, o MDB é dirigido pelo empresário Carlos Júnior, cuja família é historicamente ligada a Iris Rezende. Depois de ser nomeado para uma assessoria especial de Gustavo Mendanha em Aparecida, Carlos Júnior passou a defender a candidatura própria com empenho, inclusive com uma polêmica entrevista em que fez críticas a Iris, que havia sugerido que os emedebistas deveriam apoiar a reeleição de Caiado “porque vem fazendo um bom governo e deveria continuar”. O ataque ao velho cacique repercutiu mal, sendo interpretado como uma ação desleal de Mendanha através do seu funcionário. Sozinho, Carlos Júnior não tem poderes para levar o diretório metropolitano a ficar contra Daniel Vilela e Iris, sendo obrigado a ouvir a sua Executiva.

Tarcísio Francisco dos Santos
Presidente do Diretório de Aparecida
Com a morte do ex-deputado Léo Mendanha, atacado pela Covid-19, o vice-presidente Tarcísio Francisco dos Santos assumiu o diretório do MDB de Aparecida e, é claro, está ao lado do prefeito Gustavo Mendanha na proposta de lançamento de um candidato do partido na eleição de 2022. Tarcísio é ex-presidente da Câmara Municipal e foi auxiliar de Maguito Vilela na prefeitura, enrolando-se em uma confusão sobre o aluguel de um prédio que acabou gerando um processo de improbidade contra o então prefeito. Acompanha Mendanha de olhos fechados, já que, inclusive, tal qual o presidente do diretório metropolitano Carlos Júnior, foi agraciado com uma gorda nomeação como assessor especial da prefeitura aparecidense.

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