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Iris quer a reeleição de Caiado e tem cacife para disputar Senado

Não é segredo que o ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende atua, desde o ano passado, para levar o MDB a definir aliança com o DEM, em apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado. Ele teve influência na decisão do presidente do partido, Daniel Vilela, e dos 27 prefeitos emedebistas de rejeitar a proposta do prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, de lançamento de candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas.

A aliança entre Iris e Caiado começou em 2014, quando o emedebista concorreu ao governo do Estado e o democrata enfrentou as urnas para o Senado, na mesma coligação MDB/DEM. Iris tem participado das articulações que estão sendo feitas para reativar a aliança MDB/DEM para 2022, já que recebe, semanalmente, em seu escritório, em Goiânia, parlamentares e lideranças políticas.

O líder emedebista tem conversado com Daniel Vilela e se encontra regularmente com o governador Ronaldo Caiado para avaliar o cenário político nacional e estadual, tendo como foco as composições partidárias para o pleito do ano que vem. Iris só ouve – não confirma nem nega – a sugestão de seu nome para concorrer ao Senado. O próprio Caiado é um dos principais incentivadores de uma eventual candidatura de Iris ao Congresso na chapa majoritária.

Em 2020, optou em não disputar a reeleição para gerir Goiânia. É preciso que fique registrado na história do Estado: nunca houve nada parecido na política goiana, ou seja, um gestor deixar o poder por escolha é algo raro. Iris alegou que sua missão administrativa na Capital estava concluída.

Mas talvez ainda exista campo de trabalho para o veterano emedebista. No Senado Federal, ele poderá exercer o que mais falta na política brasileira: equilíbrio e temperança. Mergulhado em opostos, sobram no País vagas para políticos simbólicos que norteiem a nação. O choque dos extremos abre espaço para debatedores.

Atacado no passado por vários adversários, Iris, que completa 88 anos agora em dezembro, sempre foi silencioso e resoluto como aroeira: os cupins do passado se foram e ele permaneceu firme na política. O ex-prefeito encontrou na aliança com Ronaldo Caiado, em 2014, a verdadeira unidade que faltava ao MDB para retornar ao poder.

Ajudou o político do DEM a chegar ao Senado, mas fracassou ao enfrentar uma das maiores máquinas de fazer política no Estado, comandada por Marconi Perillo, que em 2018, em busca de nova vitória, teve coragem de se desfazer até mesmo da Celg, considerada o maior patrimônio público do Estado. Em 2018, Caiado foi candidato ao governo de Goiás sem o apoio formal do MDB. Homem de partido, Iris pediu votos para Daniel Vilela. Mas todos sabiam que ele comemoraria a vitória de Caiado.

Já em 2020, dois anos antes de 2022, antecipou seu voto para o governador. É neste cenário que ainda existe a esperança de que o emedebista opte por disputar o Senado. Em sua maioria, os partidários sonham com Iris e Daniel unidos a Caiado para blindar o Estado de eventuais retrocessos.

Mesmo aposentado da política, Iris não para: visita com frequência o seu escritório político, no Setor Marista, em Goiânia, recebe correligionários, autoridades e gente do povo. É incansável, gosta e sabe fazer política, a boa política.

Testada com sucesso em 2014, aliança entre MDB e DEM é natural

A aliança política entre Ronaldo Caiado e Iris Rezende vem desde 2014, quando disputaram as eleições majoritárias (senador e governador) na mesma coligação do MDB e DEM. De lá para cá, a relação entre os dois só se estreitou, com declarações de apoio, elogios e atuação administrativa conjunta. Caiado atuou com firmeza e determinação na campanha de Iris Rezende à Prefeitura de Goiânia, em 2016. Iris tentou convencer o MDB a apoiar Caiado para governador, em 2018, mas o partido fez opção pela candidatura própria. Na Prefeitura de Goiânia, Iris recebeu apoio de Caiado e diversas obras foram realizadas com a participação do Estado e do município. Caiado defendeu a candidatura de Iris à reeleição, em 2020, mas o prefeito decidiu não concorrer. Logo após as eleições do ano passado, Iris Rezende foi claro: declarou que Caiado merece novo mandato: “Se Caiado vai bem, é correto, honesto, realiza um bom governo, por que não o reeleger?”, perguntou.

Candidatura própria do MDB é considerada como “aventura”

Após a divulgação de carta assinada em apoio à aliança do MDB com o DEM do governador Ronaldo Caiado, 27 dos 28 prefeitos do partido pretendem realizar visitas ao ex-governador e ex-prefeito Iris Rezende e ao prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha.

Na conversa com Mendanha, os prefeitos vão mostrar que, de acordo com levantamento, mais de 80% das bases do MDB, incluindo parlamentares, ex-prefeitos, presidentes de diretórios e comissões provisórias, defendem aliança com o DEM caiadista e, portanto, rejeitam a proposta de candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas nas eleições do ano que vem.

O prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves, presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM) e 2º vice-presidente da executiva estadual do MDB, diz que Mendanha não pode se submeter a uma “aventura eleitoral” em 2022, renunciando ao mandato a dois anos e meio para a conclusão da gestão.

“Queremos mostrar que a posição não é contrária à dele, Mendanha. É só que avaliamos que o momento é outro e além de tudo vamos perder um prefeitaço. Vamos tentar convencê-lo de que o melhor caminho para todos nós é aliarmos ao DEM e ele precisa caminhar junto”, explica o prefeito de Buriti Alegre, André Luiz.

Além dos 27 prefeitos, o ex-prefeito Iris Rezende, senador Luiz do Carmo, os deputados estaduais Bruno Peixoto, Humberto Aidar e Henrique Arantes, os ex-presidentes Nailton de Oliveira e Samuel Belchior, maioria esmagadora dos 31 presidentes dos diretórios municipais e dos 80 presidentes de comissões provisórias, além de vereadores, ex-prefeitos e primeiras-damas, apoiam aliança com o DEM e rejeitam candidatura própria.

Presidente estadual do MDB, Daniel Vilela promete concluir, até dezembro, consulta aos quadros partidários para anunciar a posição do partido em relação às eleições do ano que vem – se haverá aliança com o DEM caiadista ou lançamento de candidatura própria à sucessão estadual.

Embora ainda não admita publicamente, o prefeito Gustavo Mendanha dá sinais de que deverá recuar, a qualquer momento, de seu movimento em favor da candidatura própria do MDB ao Palácio das Esmeraldas diante das evidências: os emedebistas não aprovam a proposta de disputar as eleições com o governador Ronaldo Caiado. (H.L.)

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