Artigo

Relatos de uma sobrevivente: Covid – 19 “não é uma gripezinha”

Lorena Ayres

Advogada, professora, presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Criança e do Adolescente da Subseção da OAB Aparecida de Goiânia e vice-presidente da ABRACRIM Goiás

O artigo de hoje é revestido de gratidão, emoção, dor, lembranças, um misto de sentimentos. Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade de sobreviver e escrever um pouquinho da minha experiência, como milhares de pessoas que passaram e estão passando por tal infortúnio. Abro um parêntese, para dizer de minha tristeza por todas as vítimas da Covid -19, que tiveram suas vidas ceifadas e inúmeras famílias enlutadas.

Tempos difíceis, o cidadão vive todas as incertezas possíveis, diante de uma pandemia, que assolou o mundo em 2020 e agora no ano de 2021 de modo fugaz e com uma intensidade monstra permanece. A fé e a esperança caminham ao lado da monstruosidade que é a realidade das famílias, especialmente no Brasil, falta de atendimento, caos na saúde, falta de perspectivas sócio – econômicas e falta de esperança de sobrevivência diante da realidade.

No mês de fevereiro de 2021, passei pela terrível experiência (testar positivo para Covid-19), passamos (eu, mamãe, família, amigos, alunos, colegas de trabalho), pela angústia da doença e posteriormente o calvário pelo atendimento no sistema de saúde, diante do caos noticiado dia e noite pela imprensa e vivenciado na pele. Triste realidade!

Cumpre salientar que, passei dias de agonia à espera de uma vaga na UTI para o tratamento, dentre outras aflições, vivi na prática o que é esperar por atendimento, o caos no sistema privado e público de saúde, e como defensora nata dos direitos, comecei a pensar positivamente nas linhas desse desabafo sincero.

Pois bem, a Constituição Federal de 1988, assegura a todos os cidadãos Art. 196 o atendimento. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Diante de tal afirmação, é dever de nossos governantes soluções de modo rápido e eficaz a favor de toda a população, defendo a vacinação em massa de forma urgente, o fator colapso do sistema de saúde seja público ou privado é uma realidade, não se trata de uma “gripezinha”.

O discurso político negacionista da realidade do Brasil é frustrante, é preciso ações técnicas e científicas na luta contra a pandemia, sinto falta de uma união Nacional e Internacional, vinculada a um plano de imunização para os brasileiros de forma urgente e paralelamente atender o povo nas filas dos hospitais com protocolo feito pelo Ministério da Saúde.

Os profissionais de saúde estão fazendo além do possível, são seres humanos, cansados fisicamente e mentalmente, esperando, assim como nós por ações e políticas públicas no combate à pandemia. O que mais vi no hospital, foram pedidos de oração e para que nós pacientes tivéssemos fé em Deus.

Até quando vamos compactuar com discursos políticos e perder vidas? O Brasil precisa reagir, nós, povo precisamos nos unir e cobrar das autoridades competentes soluções rápidas. Afinal, estamos falando de um mandamento constitucional: saúde para todos.

Segundo dados, atualmente são 10 mil mortes por Covid-19 em Goiás, que Jesus tende piedade de nós. Estamos no chamado lockdown por um decreto Estadual. Vamos nos unir e salvar vidas, um ato de amor ao próximo e respeito à vida. Conscientização é fundamental: isolamento social, uso de máscaras, álcool gel e lavar bem as mãos.

A vida é um bem precioso, a oportunidade que temos de ser pessoas melhores, que devemos amar, viver intensamente, agradecer o tempo todo, a vida é um eterno aprendizado. Eterna gratidão por todos os momentos, que tenhamos saúde e força para continuar na caminhada de luz.

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