Política

Reeleição de Rogério Cruz tem cenário de alto risco com antagonistas de peso

Atual prefeito não consegue superar sucessão de crises administrativas e políticas e viu sua mulher derrotada para a Assembleia: fragilidade estimula multiplicidade de candidatos na capital

Rogério Cruz: mais um mandato parece depender de um milagre

A reeleição do prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos), em 2024, passou a ser considerada como uma aposta de alto risco. Mergulhado em uma sucessão contínua de desafios administrativos e políticos sem solução, o prefeito passa imagem de fragilidade e estimula o posicionamento de adversários de peso.

 

O cenário da disputa pela prefeitura da capital já conta com nomes de envergadura como o senador Vanderlan Cardoso (PSD), que disputou as últimas 2 eleições e tem recall; a deputada federal Adriana Accorsi (PT), igualmente veterana da corrida pelo Paço Municipal (2 vezes); o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que pode repetir a trajetória de Iris Rezende, candidatando-se em Goiânia após perder para o governo e para o Senado; a deputada federal Silvye Alves (União Brasil), mais votada neste ano na capital; o bolsonarista eleito deputado federal Gustavo Gayer (PL), também bem votado na última eleição em Goiânia e, em 2020, classificado em 4ª lugar concorrendo à prefeitura goianiense.

 

Há outros nomes, igualmente de peso, como, por exemplo, o do senador bolsonarista eleito Wilder Morais (PL), mas prevê-se, para ele, que se guardará para o embate pelo Palácio das Esmeraldas em 2026.

 

As perspectivas, portanto, são as mais adversas e negativas possíveis para Rogério Cruz, mais ainda quando se constata que o prefeito não consegue superar a emergência recorrente de crises e denúncias, incapaz sequer de eleger a própria mulher, a primeira-dama Thelma Cruz (Republicanos), para a Assembleia Legislativa, no pleito deste ano.

 

Com um quadro de candidaturas contrárias tão forte como o que se desenha para 2024, há quem seja capaz de apostar que Rogério Cruz sequer iria para o 2º turno, se houver. Lembra-se que o prefeito não tem capital político e eleitoral próprio, já que chegou ao cargo por um acidente do destino, na condição de desconhecido vice na chapa de Maguito Vilela – que ganhou a eleição, mas não assumiu em virtude das complicações da Covid- 19 que o levaram à morte logo nos primeiros dias do mandato.

 

 

CONFIRA POSSÍVEIS CANDIDATURAS PARA A CAPITAL EM 2024

 

Vanderlan Cardoso (PSD)

É o mais cotado, depois de ter sido derrotado nas 2 últimas eleições para prefeito de Goiânia. Vanderlan tornou-se bolsonarista, mas surpreendeu, após a vitória de Lula, ao anunciar que não fará oposição ao petista e que sempre teve bom relacionamento com ele, a partir do apoio que recebeu do governo federal quando foi prefeito de Senador Canedo. Bastante conhecido na capital, como resultado do recall acumulado nas últimas campanhas, sua eleição tende a se justificar como uma espécie de reparação histórica para a sua derrota em 2020 – que levou à ascensão de um prefeito – Rogério Cruz – abaixo das exigências administrativas da prefeitura.

 

Adriana Accorsi (PT)

Goiânia é bolsonarista? Sim, acredita-se, já que, na capital, o presidente Jair Bolsonaro recebeu a maioria dos votos nos 2 turnos. Mas, atenção: Lula da Silva não fez feio e manteve uma margem de 40% dos votos, o que abre uma larga avenida para a deputada federal eleita – e bem votada em Goiânia – Adriana Accorsi, que, a exemplo de Vanderlan Cardoso, também é uma política para lá de conhecida entre os goianienses por ter sido candidata por 2 vezes a prefeita. Como mulher, tem a vantagem de encarnar naturalmente as bandeiras do empoderamento feminino, hoje um significativo fator de sucesso eleitoral.

 

 

Wilder Morais (PL)

Em eleições passadas, Wilder Morais teve o seu nome cogitado para disputar a prefeitura de Goiânia, mas não se lançou. Surpreendeu, neste ano, ganhando a vaga de Goiás no Senado, depois de uma campanha em que mostrou paixão na defesa da reeleição do presidente Jair Bolsonaro, derrotando adversários poderosos como o ex-governador Marconi Perillo e o deputado federal Delegado Waldir – ambos lideraram as pesquisas até serem atropelados por Wilder às vésperas da data das urnas. Sua

candidatura na capital é incerta porque ele adquiriu cacife político e eleitoral com a vitória para o Senado e entrou imediatamente na lista de especulações para disputar o governo do Estado em 2026.

 

 

Marconi Perillo (PSDB)

Derrotado para o governo do Estado (2016) e para o Senado (2022), o ex-governador Marconi Perillo mostra interesse em disputar a prefeitura de Goiânia. No último dia 24 de outubro, data do aniversário da capital, publicou um artigo em que desenha algumas propostas úteis para qualificar a vida dos goianienses. De imediato, seus seguidores se entusiasmaram e a conversa sobre a sua candidatura passou a rolar. Já foi rejeitado em Goiânia, mas esse índice diminuiu com a campanha eleitoral deste ano e não é mais empecilho para a apresentação do seu nome.

Silvye Alves (União Brasil)

Novata na política, a apresentadora e jornalista Silvye Alves foi a deputada federal mais votada nas eleições deste ano – em Goiânia, teve 120 dos mais de 250 mil que recebeu em todo o Estado. Esses números, espontaneamente, colocam a sua candidatura no cenário da eleição municipal de 2024 na capital, ainda mais que está filiada ao partido líder da base governista, o União Brasil, comandado pelo governador Ronaldo Caiado. Também é beneficiada pela defesa afirmativa que faz da bandeira do empoderamento das mulheres.

Gustavo Gayer (PL)

Em 2020, o deputado federal eleito Gustavo Gayer disputou a prefeitura de Goiânia e ficou em um honroso 4º lugar. Bolsonarista roxo e controverso, que acaba de ter as suas redes sociais suspensas pelo TSE por divulgar fake news contra as urnas eletrônica e o resultado das eleições, ele tem público e admiradores na capital – que deram a ele 85 mil sufrágios para a Câmara Federal e o definiram como o 2º mais votado. Não tem propostas, mas é identificado e beneficiado como liderança de extrema-direita, segmento que mostrou força em Goiânia nas eleições deste ano.

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