Aparecida

Índices negativos e queda nos investimentos preocupam empresários, que buscam reação

Município, que acelerou com Maguito na prefeitura, hoje não consegue retomar seu crescimento, situação agravada pela pandemia e pela omissão de Mendanha

Da Redação

A estagnação da economia de Aparecida, com a atração de novas empresas caindo a zero e seus principais indicadores mostrando redução de investimentos e da competitividade, está levando a uma reação do empresariado local – ocupando o vácuo deixado pelo prefeito Gustavo Mendanha, que deveria liderar o processo de busca de novas alternativas para a retomada da expansão da produção no município.

Mendanha, hoje, está totalmente ocupado pelo seu projeto político-eleitoral, que é tentar se viabilizar como candidato ao governo do Estado. Ele desenvolve uma agenda prioritária de viagens e conversas com lideranças de outras cidades, inclusive em horário de expediente, deixando de lado tanto as questões comezinhas da administração, como a atenção aos bairros aflitos com os efeitos das chuvas, quanto temas de maior peso estratégico como os cuidados com a economia.

Foi assim que o empresariado promoveu, há poucos dias, com grande sucesso, o Encontro Internacional de Comércio Exterior (EICE), no Anfiteatro Municipal Cantor Leandro. O evento reuniu, de forma presencial e online, mais de 500 empresários e investidores, especialistas do comércio exterior e representantes diplomáticos, com objetivo de incentivar a internacionalização das empresas e indústrias de Aparecida para competitividade na exportação e crescimento econômico.

Patrocinado pela Associação Comercial e Industrial de Aparecida- ACIAG, o seminário teve a prefeitura como patrocinadora formal, mas Mendanha limitou-se a comparecer à sua abertura, pronunciar um discurso formal e afirmar que “temos tido diálogo com os empresários e construído uma agenda permanente de parceiras no sentido de gerar resultado, emprego, oportunidades e qualidade de vida para as pessoas”, exatamente o que não está ocorrendo. Chamou a atenção um fato constrangedor: durante todo o evento, o prefeito deu total atenção para o seu telefone celular, aparentando não ouvir e não tomar conhecimento dos assuntos debatidos na ocasião.

Há preocupação entre os empresários com a desaceleração econômica de Aparecida. Não há mais empresas interessadas em se instalar no município – em 2020 e 2021, os investimentos, que já haviam baixado desde a posse de Mendanha, em 2017, chegaram a zero. Pior: conglomerados como o Guaraná Mineiro, que havia anunciado uma inversão de R$ 60 milhões para construir uma unidade em solo aparecidense, cancelaram seus investimentos, sem reação da prefeitura.

Mesmo incomodados com a situação, as lideranças do setor evitam se confrontar com Mendanha, convictos de que uma convivência sem atritos é melhor para a boa condução dos negócios em Aparecida. Mas a insatisfação está prosperando, diante da certeza de que o embalo dos anos em que Maguito Vilela governou a cidade foi perdido e que a redução do ritmo de crescimento não será facilmente vencida.

Perturba também os empresários a decisão de Mendanha de se afastar do governo do Estado, rompendo o diálogo com o governador Ronaldo Caiado – algo que nunca ocorreu antes na história do município, ou seja: mesmo com prefeito e governador em partidos opostos, em diversas épocas, sempre houve diálogo administrativo e um bom relacionamento entre essas autoridades, em benefício dos interesses do município.

Menos empregos e investimentos: Aparecida perdeu o embalo dos anos de Maguito Vilela

Desde que Maguito Vilela entregou a prefeitura ao seu sucessor Gustavo Mendanha, em janeiro de 2017, que a situação da economia de Aparecida passou a piorar – até chegar à situação atual de completa estagnação.

Um estudo que é produzido anualmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – FIRJAN, abrangendo as mais de 5 mil prefeituras do país, mostrou no mês passado Aparecida, que ocupava a 15ª posição no IFGF – Índice FIRJAN de Gestão Fiscal, em 2016, último ano de Maguito, despencando para o 249º lugar em 2020, o que comprova a má gestão das finanças municipais no período.

Na avaliação específica sobre a situação dos investimentos realizados pela prefeitura de Aparecida, Mendanha reduziu o volume para menos da metade, em relação a Maguito, conforme a pesquisa da Firjan. Isso é grave e não há pandemia que justifique. O município entrou na condição “amarela”, ou seja, de “dificuldade” quanto a sua gestão fiscal.

Em economia, uma coisa sempre leva a outra. Sem investimentos, Aparecida involuiu. Assim, Mendanha recebeu, há poucos dias, outra notícia desagradável: no Ranking de Competitividade dos Municípios, elaborado pelo CLP – Centro de Liderança Pública, órgão ligado a Bolsa de Valores de São Paulo, Aparecida também despencou e desceu para a 209ª colocação, 7 posições abaixo do constatado pelo mesmo levantamento em 2020, com destaque para a queda vertiginosa no quesito Inovação e Dinamismo Econômico, onde perdeu 50 posições em um ano e agora figura em 199º lugar.

Não à toa, a atração de empresas, que praticamente já estava reduzida a zero depois que Mendanha assumiu, acabou influenciando negativamente na medida em que o atual prefeito assistiu sem reação ao cancelamento de empreendimentos de monta em seus polos industriais.

Resultado: menos empregos para a população aparecidense. O CAGED, órgão do Ministério do Trabalho que monitora a criação e a extinção de empregos no Brasil, apontou um dado calamitoso para Aparecida: em setembro, o saldo de vagas de trabalho foi negativo no município, com o desaparecimento de 534 empregos. Enquanto isso, com pandemia e tudo, Goiânia registrou 3.014 novas vagas, seguida por Anápolis (697), Rio Verde (408), Goiatuba (290), Santa Helena de Goiás (250), Luziânia (236), Senador Canedo (221), Catalão (213), Caldas Novas (194) e Águas Lindas de Goiás (189).

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