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90 famílias da ocupação Vale do Sol clamam por atenção da prefeitura de Aparecida

Aparecidenses estão embaixo da rede de alta tensão de energia e em situação de extrema vulnerabilidade. No local há mais de 300 crianças, além de adultos acamados e deficientes físicos

Ana Paula Arantes

Próximo ao Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia moram cerca de 90 famílias com mais de 300 crianças, entre enfermos acamados e deficientes físicos. A ocupação Vale do Sol iniciou em 2016 com histórico de pessoas que foram despejadas por não conseguirem pagar aluguéis, algumas vieram de outros Estados e países como Venezuela e Haiti em busca de uma vida melhor.

O clima é de suspense 24 horas. Um dos motivos se refere à tentativa de desocupação realizada pela prefeitura de Aparecida em 9 de setembro de 2021. O fato foi manchete em vários veículos de comunicação no que imagens da ação foram compartilhadas nas redes sociais, gerando comentários de consternação pela truculência. Nas filmagens podem ser vistos moradores com objetos nas costas, gritos de mulheres e crianças e a máquina derrubando barracos habitados.  Os moradores estão embaixo da rede de alta tensão de energia de Furnas Centrais Elétricas.

A família de Carlena Ferreira de Souza, 43 anos, foi uma das primeiras a chegar no Vale do Sol. Ao Diário de Aparecida, ela disse que veio com o marido e 7 filhos (De 24 a 4 anos de idade)  em busca de emprego, porém, as coisas não saíram conforme planejado, sem dinheiro para pagar o aluguel, viu no assentamento um refúgio. O barraco de lona foi montado, e Carlena passou para dentro com filhos e marido. Após 6 meses já havia dezenas de vizinhos na mesma condição.

“Aqui não tem nada. A gente abre poço para ter água; a energia elétrica é ‘gato’ das redes; as casas são de lona e madeirite, por isso, quando chove molha tudo. Para piorar, ainda enfrentamos sérios problemas de saúde. Tenho oito hérnias na barriga, luto para operar, mas até agora nada de respostas, meu intestino está para fora, o médico disse que posso morrer a qualquer hora”, contou dona Carlene.

O Bolsa Família, programa do governo federal, assiste parte das famílias do Vale do Sol. Segundo Carlena, muitas outras precisam do benefício, mas não obtém sucesso ao contatar a Secretaria Municipal de Assistência Social. “As mães de família ligam na secretaria, os atendentes pegam os dados, falam que vão retornar e mas até hoje nenhum sinal”, falou.

Dona Carlena disse que a única atenção recebida veio da da Secretaria Municipal de Habitação que há um mês esteve na ocupação fazendo os cadastros das famílias. Ela afirmou que em outras ocasiões quando a prefeitura vai ao local, a ajuda é limitada às 10 famílias de venezuelanos e haitianos.

Programa de moradias aguarda parecer da Secretaria Municipal da Fazenda  

Willian Panda, titular da Secretaria Municipal de Habitação disse ao Diário de Aparecida, antecipou que entre o mês de outubro e novembro estará acontecendo, juntamente com outros órgãos da gestão municipal, o mutirão do cadastro socioeconômico e da saúde.

“A data prevista para o Vale do Sol receber estes serviços é dia 23 de outubro próximo. O cadastro não é aberto para quem chega e diz que mora na ocupação e sim para as famílias identificadas com a situação de extrema vulnerabilidade. O cadastro é para inserção no futuro programa de moradia municipal que contemplará famílias em desabrigamento judicial, morando em barraca de lona, áreas de risco e semelhantes”, destacou.

 

Panda explicou que algumas famílias, a exemplo das do Independência Mansões, dentre dias serão atendidos com o Aluguel Social. Conforme citado por ele, Alto da Boa Vista, Santa Luzia, Terra do Sol, Vale do Sol e Norberto Teixeira, até o mês de novembro receberão o mutirão de cadastros e serviços.

 

O projeto de lei das moradias municipais já passou pela Casa Civil, Procuradoria e está na Secretaria Municipal da Fazenda, no que aguarda-se a dotação orçamentária. Panda acredita que ainda este ano será anunciado o programa de construção de casas.

 

“É provável que esse programa seja anunciado no próximo mês. O intuito é além de atender famílias nas condições citadas, outras também que procuraram a secretaria ou as que foram enviadas pela secretaria de Assistência Social, Defensoria Pública e outros órgãos. Fazemos laudos individuais, reunimos documentações, visitamos, periciamos e fazemos a inserção no programa que está em fase de conclusão”, revelou o secretário. (A.P.A.)

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