Aparecida

Aparecida atrasa para divulgar calendário de vacinação para crianças de 5 a 11 anos

Gestão da Capital sai na frente e anuncia datas e locais para essa faixa etária receber a primeira dose

Eduardo Marques

Enquanto a Capital goiana divulgou na última terça-feira, 11, as datas e locais de vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia não havia anunciado ainda o calendário de imunização da faixa etária, até a finalização da edição dessa reportagem. Após polêmicas, o Ministério da Saúde publicou a inclusão do público infantil no plano de operacionalização de vacinação. As primeiras doses deverão chegar ao Brasil hoje, 13. Está prevista uma remessa de 1,2 milhão de doses do imunizante da Pfizer – o único aprovado até o momento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em Goiânia, as vacinas estão previstas para chegar até a próxima segunda-feira, 17. Conforme levantamento da Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Capital goiana conta com 120 mil crianças aptas para receber a primeira dose pediátrica do imunizante. O secretário de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso, ressalta ainda que a vacinação será realizada com o intervalo de oito semanas entre a primeira e a segunda dose, levando em consideração que dosagem das crianças é menor que a dos adultos, mas tem a mesma eficácia, conforme demonstrado por estudos já publicados.

Os casos de morte ou de sequelas graves causadas pela Covid-19 em crianças justificam a necessidade de incluí-las no calendário de vacinação o quanto antes. Isso porque o Brasil soma 1.449 mortes de meninos e meninas de até 11 anos em decorrência do novo coronavírus e mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19, conjunto de sintomas graves que podem levar à morte, desde o início da pandemia, segundo o Ministério da Saúde.

Ainda segundo a pasta, a Covid-19 está entre as dez principais causas de morte de crianças entre cinco e 11 anos no Brasil – atrás apenas dos acidentes de trânsito. “A vacinação desse público é estratégia importante para reduzir o número de mortes por conta da Covid-19 nessa faixa etária no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações”, descreveu a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em nota. Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), “nenhuma morte de crianças é negligenciável”. “É inadmissível testemunhar crianças serem hospitalizadas e falecerem por doenças preveníveis por vacinas”, disse a entidade em pronunciamento.

Segundo informações do Sivep-Gripe, plataforma do Ministério da Saúde que reúne dados sobre os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 no país, em 2020, 10.356 crianças entre zero e 11 anos foram notificadas com o problema, das quais 722 evoluíram para óbito. Em 2021, o total de notificações subiu ainda mais e atingiu 12.921 ocorrências da síndrome respiratória na mesma faixa etária, com 727 mortes. No total, são 23.277 casos de SRAG por Covid-19 e 1.449 mortes desde o início da epidemia até dezembro de 2021.

Entre as crianças de cinco a 11 anos, houve 2.978 casos de SRAG por Covid-19, resultando em 156 mortes. E em 2021, já foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes desde o início da epidemia. Esses números representam uma incidência de 29,96 casos e 1,46 óbito a cada 100 mil habitantes nessa faixa etária, segundo o Sivep-Gripe. A SRAG associada à Covid-19 tem como sintomas tosse, coriza, obstrução nasal, febre e pode evoluir para um quadro de insuficiência grave, que pode exigir internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Inflamação pode levar à falência de órgãos

Já a SIM-P, apesar de ser considerada rara, é potencialmente grave e grande parte dos casos necessita de internação em UTI, por acometer diferentes partes do corpo. Os principais sintomas da síndrome são febre persistente, desconforto gastrointestinal, conjuntivite bilateral não purulenta, sinais de inflamação com muco e comprometimento cardiovascular, como miocardite (inflamação no músculo cardíaco).

Até o dia 27 de novembro de 2021, foram notificados no Brasil 2.435 casos suspeitos da SIM-P associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Desses, 1.412 (58%) casos forma confirmados, e 85 evoluíram a óbito, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Em 2020, em todo o país, 64% dos casos de SIM-P em crianças e adolescentes ocorreram entre crianças de um e nove anos de idade. Entre as crianças hospitalizadas, a necessidade de internação em UTI ocorreu em 44,5% dos casos e a letalidade foi de 6%, cerca de cinco vezes superior à relatada nos Estados Unidos, conforme dados de um estudo sobre a síndrome feito pelo próprio Ministério da Saúde.

Ainda em relação aos casos confirmados para SIM-P, em crianças de cinco a 11 anos, 65% apresentaram disfunções cardíacas na evolução do quadro clínico, o que incide em 1,91 caso de SIM-P com acometimento cardíaco a cada 100 mil crianças nesta faixa de idade, segundo informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-COVID) do Ministério da Saúde.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo