Aparecida

Empresários têm mais peso na política de Aparecida que partidos e vereadores

Da Redação

Os proprietários de grandes empresas instaladas em Aparecida, seja por si individualmente, seja através de associações como a ACIAG, a ACIRLAG ou a presidência de polos industriais como o Vice-Presidente José de Alencar, têm mais peso político como representantes dos interesses da sociedade do que os partidos ou os vereadores aparecidenses.

Esse é um fenômeno que diferencia o município do resto do Estado: a proatividade dos líderes classistas e donos de negócios que acreditaram em Aparecida e aqui fizeram seus investimentos. Ao contrário, a classe política quase não se manifesta e há tempos não é ouvida em defesa de algum interesse coletivo ou mesmo para apresentar propostas para estimular a economia ou melhorar a segurança pública, setores cruciais em se tratando do 2º município mais habitado do Estado.

Os meios de comunicação trazem todos os dias notícias mostrando a movimentação de presidentes de associações empresariais, como Leopoldo Moreira, que comanda a Associação Comercial e Industrial de Aparecida – ACIAG; Maione Padeiro, dirigente maior da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida – ACIRLAG: ou Mário Cesar, presidente do Parque Industrial Vice-Presidente José de Alencar. E ainda de empresários isolados como Osvaldo Zilli, que foi presidente da ACIAG, e até mesmo o ex-deputado Marlúcio Pereira, à frente da secretaria municipal de maior visibilidade, a da Indústria e Comércio. 

São eles que pressionam o prefeito Gustavo Mendanha, por exemplo, reclamando de não terem sido ouvidos no episódio da decretação do lockdown parcial que paralisou as atividades econômicas em Aparecida, com consequências danosas para comerciantes, industriais e prestadores de serviços. Ninguém mais abriu a boca para discutir o assunto.

 A cidade tem 25 vereadores e mais de duas dezenas de partidos políticos, mas nem uns nem outros mostram qualquer afinidade com a população de Aparecida e seguem em frente ignorando suas obrigações mínimas de representação dos interesses populares. Essa omissão, enquanto os empresários participam do debate público, vem da cooptação em massa promovida por Mendanha, que empregou na prefeitura todos os presidentes de legendas, ex-vereadores, suplentes, indicados de vereadores e qualquer outra pessoa que tenha qualquer ligação com a classe política municipal. O preço é o silêncio.

Absorvidos pelo prefeito, os políticos não abrem a boca, temerosos de que o encaminhamento de qualquer demanda popular possa ser considerado como uma afronta pelo chefe do Executivo, ameaçando os seus valiosos cargos comissionados na folha de pagamento da municipalidade. Aliás, o melhor negócio para fugir da onda de desemprego que o coronavírus trouxe para o país e para Aparecida, hoje superando a taxa de 14% da população economicamente ativa, é… ingressar na política.

Câmara Municipal perdeu consistência ao fechar 100% com Gustavo Mendanha

Com 25 vereadores, dos quais apenas duas mulheres, a Câmara Municipal de Aparecida realizou pouquíssimas sessões neste ano, seja pelo recesso legislativo, seja como medida de prevenção sanitária contra o novo coronavírus.

O detalhe que salta é que, se a Câmara não está funcionando, ninguém notou. O Poder tem 100% de comprometimento com o prefeito Gustavo Mendanha e não ousa dar um pio que possa desagradar o chefe do Executivo aparecidense. A consequência é o desaparecimento da instituição como voz e expressão da comunidade aparecidense. 

A principal preocupação dos vereadores, na Legislatura passada e na atual, é a construção do novo prédio que abrigar a Casa. A obra já foi iniciada, mas caminha a passos lentos, depois de estourar o orçamento inicial de R$ 15 milhões de reais.

O presidente da Câmara, André Fortaleza, anunciou que está negociando um empréstimo de R$ 10 milhões para avançar com a sede, muito embora não se saiba dizer se esse montante será suficiente para concluir o prédio.

Aparecida tem um déficit crônico de vagas na Educação Infantil, que é ministrada nos CMEIs e é obrigação do município. Há anos que não se constroem novas unidades, enquanto a prefeitura, por exemplo, investiu mais de R$ 40 milhões – dinheiro tomado emprestado ao BNDES – para construir um edifício para instalar as secretarias municipais e o vistoso gabinete do prefeito.

É por isso que não vai ser fácil para os vereadores arranjar uma justificativa para colocar mais dinheiro público na obra da Câmara, enquanto os mesmos recursos poderiam servir para construir mais 4 ou 5 CMEIs e ajudar a oferecer creche para as crianças das mães trabalhadoras aparecidenses.

Esqueleto da nova sede da Câmara Municipal: vereadores vão pegar mais R$ 10 milhões emprestados para investir na obra

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo