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Com Dilma, gasolina custava R$ 3,43/litro. Veio Bolsonaro e agora já está em R$ 6,37

Os motoristas de Aparecida de Goiânia estão descontentes com os constantes reajustes nos preços dos combustíveis. Acontece que em 2015, sob a administração da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), os brasileiros pagavam, em média, R$ 3,43 o litro da gasolina. Em julho de 2021, com o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), essa média passou para R$ 6,37, quase o dobro. A reportagem do Diário de Aparecida visitou alguns postos na tarde de ontem, 11, e constatou esse aumento.

O governador Ronaldo Caiado (DEM) não autorizou o reajuste do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do combustível em Goiás. Esse aumento na bomba é por conta da política de preço volátil aplicada pela Petrobras (Petróleo Brasileiro).

Inclusive, a Associação Brasileira de Importação de Combustíveis (Abicom) informou que a Petrobras deve reajustar o valor da gasolina em 3,5% a partir de hoje, 12. Com isso, o valor do combustível nas refinarias passará para R$ 2,78, um aumento de R$ 0,0945. Esse será o segundo aumento no valor do combustível na gestão de Joaquim Silva e Luna. No ano, a gasolina subiu 51% e registra o seu nono aumento desde janeiro.

A Petrobras confirmou a informação no começo da tarde de ontem, 11. Segundo a empresa, o reajuste segue tendências internacionais e foi motivado para “garantir que o mercado siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento”. O presidente da petrolífera contrariou o presidente Jair Bolsonaro e afirmou, no começo do ano, que manteria a política de reajustes no valor dos combustíveis. Em conversa entre os dois na última semana, e confirmada por Bolsonaro, o presidente disse que sugeriu a Silva e Luna a mudança na política de preços.

A tentativa foi vista mais uma vez por especialistas como interferência na estatal. Bolsonaro, entretanto, negou a interferência e disse que apenas pretende reduzir os preços dos combustíveis nas bombas, em uma clara mensagem aos caminhoneiros. A Abicom informou acreditar que o reajuste não interferirá nas bombas de combustíveis neste primeiro momento. O impacto deverá acontecer dependendo dos impostos e lucros dos postos.

Ao Diário de Aparecida, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, explicou que a causa da alteração do valor da gasolina é a cotação do barril do petróleo e a alta do dólar. “A política da Petrobras acompanha o mercado externo e nivela o preço do Brasil com o preço do mercado internacional.”

Aumento na tributação do etanol

O governo federal lançou ontem, 11, uma Medida Provisória (MP) que retira a desoneração tributária do etanol anidro importado por distribuidores. O produto é usado na mistura da gasolina. A reoneração foi inserida no texto que altera regras do setor em diferentes frentes. Segundo o governo federal, ela tem como objetivo “equalizar a incidência tributária entre o produto nacional e o produto importado”.

A medida é tomada em momento de escalada inflacionária da gasolina. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a elevação do preço do combustível acelerou em julho e já mostra um avanço de 27% no acumulado de 2021. O valor do etanol cresceu 34% no mesmo intervalo e o diesel, 25%. A medida afeta principalmente empresas que atuam somente na distribuição dos combustíveis.

A Petrobras afirmou no dia 5 de julho que tem contribuído com o governo em discussões sobre um fundo de estabilização dos valores de combustíveis. A empresa avalia, porém, que os preços que pratica nas refinarias devem seguir parâmetros de mercado.

Segundo a companhia, os preços do diesel da Petrobras representam hoje, por exemplo, 52% do valor na bomba, que também leva em conta fatores como tributos, adições de biocombustíveis e margens de distribuidores e revendedores. O último reajuste promovido pela Petrobras nos preços de combustíveis nas refinarias ocorreu no dia 9 de julho, quando a empresa elevou o diesel em 3,7% e a gasolina em 6,3%.

Petrobras cobra no Estado preço mais caro do Brasil

Os combustíveis mantêm pressão sobre a inflação em Goiás. O item com maior peso na cesta de compras das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos é a gasolina. Presidente do Sindiposto, Márcio Andrade destaca que a Petrobras, sem explicações formais, vende a gasolina para o Estado com o preço mais caro do Brasil. “A petrolífera ainda não se justificou formalmente o motivo disso”, diz.

No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 2,10% em julho e acumula alta de 28,31% em 2021, conforme divulgou na última segunda-feira, 9, o IBGE. Ao todo, o indicador mensal na capital goiana acelerou para 0,92% – a maior variação para o mês desde 2002 – com acumulado de 4,58% no ano.

O percentual de janeiro a julho já é maior do que o somado em 2020, que fechou em 4,33%. No País, a inflação registra a maior alta em 19 anos, com 8,99% em 12 meses. Pelo índice oficial, o transporte está com elevação persistente por causa dos combustíveis, que tiveram em Goiânia a sexta alta em 2021. Por isso, também é considerado o grupo mais importante entre os nove pesquisados pelo IBGE, o que tem maior peso na equação e no orçamento familiar. “Toda a economia é muito calcada no transporte rodoviário e isso pressiona outros bens”, pontua o chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira.

Combustíveis para veículos tiveram aumento de 1,38% em julho e, no acumulado do ano, alcançaram 29%. Além da gasolina, o etanol, apesar de ter caído 1,83% em julho, soma uma elevação de 33,33%. O óleo diesel, por sua vez, ficou estável (0,14%) e atingiu 25% de crescimento nos sete meses juntos. Como impacto direto, ficou mais caro o transporte por aplicativo (14,63%), por exemplo. “O que temos de diferente que pressiona a inflação este ano é o câmbio e a crise hídrica. O grupo de habitação apresentou maior elevação (2,05%) em razão da energia elétrica (5,33%) com bandeira vermelha, patamar dois, que teve adicional de 50%. O gás de botijão (6,74%) é outro destaque importante pelo impacto na população de menor renda”, ressalta.

O presidente do Sindiposto complementa que o reajuste dos combustíveis é maléfico ao empresário, porque o giro econômico diminui. “O consumidor ou a opinião pública pensa que, se a gasolina aumentou, então o empresário está ganhando muito dinheiro. É ao contrário. Pra gente, quanto mais caro está o produto, menos vai girar. O consumidor vai tentar segurar um pouquinho. Ele vai economizar no uso do automóvel. Vai encaixar o combustível dentro do orçamento.”

Motorista por aplicativo que trabalha na Região Metropolitana de Goiânia, Marcos Fontes reclama do constante reajuste do combustível e afirma que isso afeta o orçamento familiar, pois chega a comprometer em até metade das despesas. Ele afirma que o etanol compensa mais que a gasolina. “Contribui muito no orçamento. Valores altos demais, abusivos. Imposto demais em cima do combustível. Sobe e desce. É todo ano. Não tem controle. Eu preciso fazer um replanejamento total, tenho que ver quanto que a gente ganha no aplicativo, porque ganhamos uma porcentagem. Fica até meio complicado fazer o reajuste”, frisou.

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