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Com o aval da família, Iris atua como concorrente ao Senado

A principal novidade nas eleições do ano que vem em Goiás pode ser a decisão do ex-prefeito Iris Rezende (MDB) de recuar em sua aposentadoria política para enfrentar a disputa por mais um mandato eletivo em sua longeva (62 anos) vida pública: concorrer ao Senado da República, cargo que já ocupou de 1999 a 2005.

Em outubro do ano passado, o então prefeito de Goiânia Iris Rezende, aos 86 anos à época, surpreendeu o meio político ao anunciar que não enfrentaria a reeleição e que se afastaria da vida pública. O MDB, às pressas, foi buscar o ex-governador e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia para lançá-lo à sucessão de Iris Rezende na Capital. A partir daí, Iris Rezende se dedicou à inauguração das obras de sua administração e sequer participou da campanha de seu partido, o MDB, limitando-se a ir votar no dia das eleições.

Desde então, o ex-prefeito dedica o tempo às viagens à sua fazenda em Canarana, no Mato Grosso, para acompanhar as suas plantações de soja e a criação de gado nelore. Mas Iris deixou uma porta aberta: comparece, quando está em Goiânia, em seu escritório, no Setor Marista, para receber autoridades, políticos, empresários, servidores públicos, dirigentes partidários e até gente do povo para falar sobre tudo, principalmente política.

Exemplo: Daniel Vilela, presidente do MDB de Goiás, foi ao escritório político de Iris na última sexta-feira, 21, para saber se o velho cacique realmente pretende ser candidato a senador nas eleições do próximo ano. Justificou que precisa saber se Iris vai desaposentar-se e disputar as eleições, porque o MDB terá que definir sobre a escolha de candidatos majoritários e proporcionais e acertar alianças e coligações com os partidos.

Daniel também surpreendeu: disse a Iris que, caso ele venha a ser candidato ao Senado da República, poderá contar com o seu apoio. O filho de Maguito Vilela sempre teve divergências com o ex-prefeito. Anos atrás, Daniel enfrentou o irista Nailton de Oliveira, ex-prefeito de Bom Jardim de Goiás, na disputa pela presidência do diretório municipal do MDB e o derrotou. Em seguida, chegou a ensaiar posição contrária à candidatura de Iris à Prefeitura de Goiânia em 2016.

Só que, como esperado, saiu da sala de Iris sem resposta: o líder emedebista desconversou e disse ser cedo para discutir as eleições de 2022. Ouviu apenas elogios de Iris ao governador Ronaldo Caiado, que, para ele, faz um “bom governo” e poderia ter o apoio do MDB para a sua reeleição. Interlocutores também informaram a Daniel Vilela que a família de Iris Rezende, ao contrário de 2020 – quando se posicionou contra a reeleição do então prefeito de Goiânia –, agora dá sinais de que vai apoiar uma nova candidatura do emedebista ao Senado, se essa for a sua decisão.

Um fator que pesa contra uma eventual candidatura de Iris Rezende ao Senado em 2022: o ex-prefeito faria uma campanha com 88 anos de idade, que serão completados em 22 de dezembro deste ano. Tomaria posse, se eleito, em fevereiro de 2023, com 89 anos, que serão completados em dezembro de 2022. Familiares e iristas de carteirinha dizem que o “fator idade” não significa nada, pois o Senado tem diversos exemplos de senadores exercendo o mandato com “idade provecta”, casos de Afonso Arinos, Paulo Brossard, Darcy Ribeiro, José Serra e muitos outros.

Iris Rezende tem uma longa carreira política: foi vereador em Goiânia, deputado estadual, senador, quatro vezes prefeito de Goiânia, duas vezes governador do Estado, duas vezes ministro de Estado (Agricultura e Justiça). Perdeu três vezes para Marconi Perillo (PSDB) a disputa ao governo de Goiás e uma para o Senado da República, quando estavam em disputa duas vagas, em 2002.

Uma nova candidatura somente na chapa da reeleição de Caiado

O ex-prefeito Iris Rezende deixa claro: só admite rever a sua aposentadoria política se for para disputar cadeira ao Senado na chapa liderada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). Pela oposição, jamais, porque o emedebista tem sérias divergências políticas com o hoje principal articulador do antagonismo político a Caiado, ou seja, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

Ao longo das duas últimas décadas, Iris e Marconi se enfrentaram diretamente três vezes na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, travando duras batalhas durante as campanhas eleitorais. Em uma delas, Marconi chegou a até questionar a origem dos bens patrimoniais adquiridos por Iris desde que foi cassado pelo regime militar em 1966, quando iniciou a sua carreira como advogado.

Desde então, os dois líderes políticos protagonizaram debates ácidos, com acusações mútuas. O último foi este ano, quando o ex-prefeito de Goiânia responsabilizou Marconi pelo caos existente no sistema de transporte público da Capital.

A aliança político-eleitoral entre Iris e Caiado começou em 2014, quando o ex-prefeito foi candidato a governador e o atual governador, a senador. O democrata havia rompido politicamente com Marconi e aderido ao palanque da oposição. Em 2016, Caiado, ainda senador, foi o primeiro líder político fora dos quadros do MDB a hipotecar apoio à candidatura de Iris Rezende à Prefeitura de Goiânia.

Em razão das divergências, Iris já tomou a sua decisão política, independente se será ou não candidato ao Senado: vai apoiar a reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) em 2022. Questionado se manterá o apoio a Caiado mesmo se o MDB vier a tomar outro rumo nas eleições, Iris Rezende foi taxativo, em entrevista a O Popular no ano passado: “Como cidadão, posso tomar a decisão que achar melhor. Já disse que encerrei a minha carreira política.” (H.L.)

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