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Cruz vai a Iris para desfazer intrigas após saída do MDB

Helton Lenine

O prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos), procurou Iris Rezende (MDB) nesta quarta-feira, 7, no escritório do ex-prefeito na avenida T-4 para explicar os atos administrativos que tomou após o afastamento do MDB do Paço Municipal – e que foram interpretados como hostis a Iris.

A conversa, claro, foi reservada. O prefeito estava acompanhado do secretário de Governo Arthur Bernardes e disse a Iris que não tomou a iniciativa de afastar da prefeitura os emedebistas ligados ao presidente estadual do partido Daniel Vilela.

Rogério Cruz tentou também convencer Iris de que os decretos de paralisação das obras de asfalto, que culminaram com o pedido de exoneração do ex-deputado Luiz Bittencourt, não tiveram a intenção de prejudicar o MDB ou o ex-prefeito. E que todas as obras serão concluídas, em tempo hábil.

Iris, no entanto, não teria emitido opinião sobre a questão, pois, como tem dito, aposentou-se e não vai entrar em questões políticas.

A prefeitura tenta descolar a debandada dos 21 secretários de uma crise com o MDB, deixando na conta do grupo de Daniel Vilela o esgarçamento da relação com o Paço. Neste sentido, é importante para Cruz que haja a anuência ou a neutralização de Iris Rezende, eliminando os efeitos que a paralisação das obras iniciadas pelo ex-prefeito possa gerar com outros grupos do partido, sobretudo os ligados ao próprio Iris.

Rogério Cruz relatou a Iris Rezende que a sua gestão mantém “sólida relação” com o MDB a partir da constatação de que os os seis vereadores do partido seguem apoiando o Paço e garantindo governabilidade para a sua gestão. 

Em nota oficial, a assessoria do prefeito disse que a visita foi de cortesia. Além dos contratos de asfalto, outro assunto tratado na conversa foi o rompimento de Rogério com o presidente regional do MDB, Daniel Vilela e o grupo que havia sido indicado por ele na administração – fato que levou à saída em bloco de 21 auxiliares ligados ao MDB na segunda-feira, 5.

Romaria ao escritório do ex-prefeito também teve Caiado e Daniel

Em meio à turbulência política no Paço Municipal, lideranças têm procurado pelo ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (MDB). O decano voltou de sua fazenda no início da semana e já retomou a agenda no escritório político na segunda-feira (5), quando recebeu o governador Ronaldo Caiado (DEM). Na terça-feira, foi a vez de Daniel Vilela (MDB) e, ontem, do prefeito de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos).

Entre os nomes ligados a Iris Rezende que perderam cargos na Prefeitura, estão o de Marcela Araújo, filha do administrador que cuida da sua fazenda no Mato Grosso, que era titular da Administração; Kleber Adorno, da Cultura; Aristóteles de Paula, que estava na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg); e Zilma Peixoto, que foi secretária de Finanças e de Planejamento na gestão do emedebista e, depois, assumiu a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) já no governo de Rogério, após convite feito por Daniel Vilela.

Apesar da falta de informações sobre esses encontros, sabe-se que Caiado tem incentivado Iris a retornar à atividade política como candidato ao Senado nas eleições de 2022.

Iris, por sua vez, tem dito a aliados que a sua intenção é apoiar a reeleição de Caiado, justificando que o governador realiza uma “boa gestão”, pois foca a saúde, educação e segurança pública. “Por que não apoiar um governador que vai bem na administração?”, indaga Iris.

Daniel Vilela, no seu encontro com Iris, levou uma cópia da carta assinada pelos 21 emedebistas que deixaram a administração de Rogério Cruz e apresentou justificativas para o rompimento do MDB com o Paço Municipal. 

Daniel disse a Iris que, a partir de agora, o MDB fará oposição a Rogério Cruz, afirmando que “o prefeito traiu o legado de Maguito Vilela”, prefeito eleito de Goiânia, morto devido às complicações de Covid- 19.

Daniel, que preside o MDB de Goiás, disse também a Iris Rezende que o partido só vai tratar de escolha de candidatos majoritários (governador e senador) e proporcionais (deputado federal e estadual) ou sobre alianças ou coligações, a partir de janeiro, já no ano das eleições. Segundo o dirigente, o agravamento da pandemia da Covid-19 não permite no momento aglomeração ou reunião com objetivos partidários ou eleitorais. (H.L.)

Paralisação das obras de asfalto foi para garantir a transparência

Segundo a assessoria do prefeito Rogério Cruz, a paralisação das obras de asfalto visou dar transparência à gestão, dentro também da estratégia de manter azeitada a relação do Paço Municipal com o Legislativo, sem maiores problemas e sem conflitos. Por isso, a proposta da Comissão Especial de Inquérito (CEI), de autoria de Santana Gomes (PRTB), que levantou as suspeitas sobre os contratos de asfalto e contava com pelo menos 16 assinaturas, teve que ser considerada. Mas a CEI não será instalada, segundo o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota).

“A suspensão dos contratos foi a forma de a prefeitura mostrar transparência. Não há qualquer acusação, somente uma suspeita levantada por mais da metade da Câmara Municipal. Fazemos isso para proteger o recurso público. No entanto não há paralisação das obras de asfalto, que continuam sendo feitas com as usinas próprias da prefeitura”, aponta o secretário municipal de Comunicação Marcos Teixeira. (H.L.)

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