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Daniel e Mendanha procuram saídas para sobreviver a 2022

O presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, e o prefeito Gustavo Mendanha promoveram uma reunião “secreta” na residência do presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza, no Setor Cruzeiro do Sul, para avaliar as dificuldades enfrentadas pelo partido desde as derrotas de 2018 e 2020 no Estado. Além de André, participou da conversa o primeiro suplente de deputado estadual Max Menezes, atual secretário municipal de Desenvolvimento Urbano. O presidente municipal do MDB, Tarcísio Francisco dos Santos, não foi chamado.
Apesar de controlar o segundo maior colégio eleitoral do Estado – Aparecida de Goiânia –, o MDB não anda bem “das pernas”, ou seja, está desgastado em todo o Estado – em 2020, elegeu apenas 29 prefeitos de um universo de 246 cidades. Depois de eleger Maguito Vilela em Goiânia, perdeu a predominância sobre o maior colégio eleitoral de Goiás com a morte do prefeito. E, para piorar, o grupo de Daniel Vilela foi obrigado a entregar as dezenas de cargos que ocupava na gestão de Rogério Cruz (Republicanos).
Na conversa na casa de André Fortaleza, Daniel Vilela revelou não ter a intenção de disputar o governo de Goiás e que espera que o MDB faça aliança com o DEM em apoio à reeleição de Caiado, “se o governador estiver bem avaliado em 2022” (conversa para boi dormir porque seria necessária uma catástrofe para derrubar os índices de aprovação de Caiado).
Daniel e Gustavo gostariam que um dos dois figurasse como candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Ronaldo Caiado. É claro que Daniel tem consciência de que o grupo de prefeitos e ex-prefeitos que ele expulsou do MDB em 2019 – Adib Elias (Catalão), Paulo do Vale (Rio Verde), Fausto Mariano (Turvânia), Ernesto Roller (Formosa), Renato de Castro (Goianésia) – vai vetar o seu nome para acompanhar Caiado como vice em 2022.
Caso o MDB esteja fora da chapa majoritária liderada por Ronaldo Caiado, o partido vai avaliar a conveniência de ter chapa própria para governador. Mas Daniel avisou que, desta vez, estará fora da corrida ao Palácio das Esmeraldas e prefere concorrer novamente à Câmara Federal, até pelo compromisso que tem com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, no sentido de fortalecer a bancada do partido com dois ou três deputados federais eleitos por Goiás. Já Mendanha coloca seu nome como “alternativa” para a disputa à sucessão estadual, reunindo o PSDB e outras legendas.
Daniel não tem interesse em fechar acordo com o PSDB do ex-governador Marconi Perillo, em razão dos desgastes vividos pelos tucanos em Goiás. O prefeito de Aparecida, ao contrário, está disposto a “passar por cima” do amontoado de denúncias de improbidade do tucanato goiano para construir uma aliança eleitoral visando as eleições do ano que vem. Uma eventual candidatura de Iris Rezende ao Senado, em dobradinha com Caiado, traz preocupação tanto para Daniel quanto para Gustavo, que nesse caso seriam excluídos de uma chapa majoritária na aliança com o DEM.
Daniel e Mendanha já perceberam que terão dificuldades em dialogar com o Republicanos, que tem preferência de aliança com Caiado para assegurar vaga ao Senado para João Campos, atual presidente do partido. Distancia também o MDB do Republicanos o fato de o partido ter rompido com a administração do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz.
Os cardeais emedebistas vão prosseguir com as conversas internas, buscando abrir caminhos para a escolha de candidatos e alianças visando às próximas eleições, mas as definições somente acontecerão em abril, quando vai ocorrer a “janela partidária”, permitindo a mudança de partido para quem detém mandato parlamentar. Para piorar mais a situação do partido e enfraquecê-lo mais ainda, o MDB perdeu as suas principais lideranças: Iris Rezende e Maguito Vilela. Iris, aos 87 anos, anunciou a sua aposentadoria política, sem sequer concorrer à reeleição para a Prefeitura de Goiânia no ano passado.
Após 62 anos de vida pública, Iris sai de cena e deixa o partido órfão. Maguito Vilela, após vencer as eleições em 2º turno para a Prefeitura de Goiânia em uma UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde tratava de complicações da Covid-19, veio a falecer em 13 de janeiro último.

Emedebistas já somam duas décadas de derrotas para o governo de Goiás

Desde que Maguito Vilela se desincompatibilizou do cargo de governador de Goiás em 1998, o PMDB, agora MDB, não conseguiu retornar ao Palácio das Esmeraldas. Foram três derrotas sucessivas de Iris Rezende, em 1998, 2010 e 2014, duas de Maguito Vilela, em 2002 e 2006, e uma de Daniel Vilela, em 2018. Iris perdeu três eleições para Marconi Perillo (PSDB); Maguito, uma para Marconi e outra para Alcides Rodrigues (PP); e Daniel Vilela, para Ronaldo Caiado (DEM).
As cinco derrotas seguidas para o Palácio das Esmeraldas enfraqueceram o MDB na maioria das cidades goianas, comprometendo o desempenho do partido também nas eleições para a Câmara Federal, Assembleia Legislativa, prefeituras e câmaras municipais. Para prefeito, as derrotas se sucederam em todas as regiões do Estado nos últimos pleitos. Ano passado, o MDB viu a redução do número de prefeitos de 43 para 29.
Também houve uma queda expressiva no número de vereadores nos 246 municípios goianos. Em 2018, os emedebistas erraram a estratégia: em vez de indicar o candidato a vice-governador (Daniel Vilela) ou a senador (Maguito Vilela) na chapa encabeçada por Ronaldo Caiado (governador), o partido mergulhou na aventura eleitoral de concorrer ao governo de Goiás e perdeu feio as eleições. Em 2002, o MDB chegou ao ponto de submeter Iris Rezende a um vexame eleitoral: com duas vagas ao Senado, o então senador não conseguiu se reeleger, sendo vitoriosos Demóstenes Torres (PFL) e Lúcia Vânia (PSDB).
Agora, o MDB faz mea culpa e admite composição com o DEM de Caiado, com presença na chapa majoritária – vice ou senador. As conversas estão evoluindo: por enquanto, nada indica que seria impossível um acordo com o Palácio das Esmeraldas em janeiro próximo. Em razão de tantas derrotas, provocadas pelos erros praticados pelos seus dirigentes e cardeais, o MDB dá sinais de que não quer insistir em projetos eleitoralmente sem viabilidade. (H.L.)

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