Aparecida

De dezembro para março, mortes por Covid-19 quadruplicam em Aparecida

Da Redação

A Record TV exibiu uma longa reportagem, em seu noticiário noturno de segunda-feira, 29, mostrando que a expansão do novo coronavírus está descontrolada em Aparecida – único município acima de 100 mil habitantes do Estado a adotar medidas flexíveis para o comércio, indústria e comércio. Pelo sistema de escalonamento intermitente por regiões, implantado pelo prefeito Gustavo Mendanha (MDB), cerca de 60% das atividades do município abrem as portas diariamente, criando condições para aglomerações e prejudicando os esforços de enfrentamento à pandemia em toda a região metropolitana. 

Aparecida tem a maior taxa de incidência do novo coronavírus dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Goiás, com aumento também no número diário de mortes (de duas por dia em dezembro para oito por dia em março), enquanto o sistema de Saúde municipal está praticamente colapsado, sem disponibilidade de leitos de UTI ou até mesmo de enfermaria para atender aos pacientes. 

O escalonamento intermitente por regiões do comércio, indústria e serviços, seguido em Aparecida, não interrompe o ciclo da Covid-19, que é de 2 a 14 dias. Mesmo assim, Mendanha insiste no modelo que contraria o fechamento das atividades econômicas não essenciais 14×14 adotado por Goiânia pelo prefeito Rogério Cruz. Prudentemente, diga-se de passagem. Repetindo: o ciclo da Covid-19 dura, em média, duas semanas. É exatamente por isso que os setores mais ativos da economia e da sociedade precisam ser paralisados ou reduzidos significativamente durante, pelo menos, esse tempo, o que não ocorre em Aparecida.

A manchete do noticiário da TV Record informou que, “em Aparecida, a pandemia se agravou de um mês para cá”. O apresentador Paulo Henrique Ramos acrescentou: “A média diária de mortes chegou a 8,3 e não é por acaso. Cenas de aglomerações na cidade são cada vez mais comuns”, disse ele, enquanto o vídeo exibia imagens de pontos comerciais aparecidenses lotados e feiras livres funcionando livremente.

Em off da repórter Mônica Novaes, a reportagem enfatizou que “os dados sobre as mortes em Aparecida, do dia 14 ao dia 28 de março, mostram um salto de 795 para 920, conforme informações da própria prefeitura municipal, em um período de apenas 15 dias”. Na sequência, a locução revela que “o número de pessoas contaminadas subiu de 49.589 para 52.205, também no mesmo período de 15 dias, perfazendo uma média diária de 175 casos diários.”

Segundo a matéria, “apesar dos números, a prefeitura de Aparecida diz que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença”, porém “o que se vê desde dezembro é o aumento das mortes diárias na cidade”. Com cenas chocantes filmadas nos cemitérios locais, mostrando sequência de valas abertas para receber caixões, a reportagem ressalta que, “em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia; e em março supera oito mortes por dia.”

A TV Record ainda mostra que “um dos fatos polêmicos com relação às falhas do isolamento social em Aparecida é que os motéis foram considerados atividades essenciais pela prefeitura e continuam funcionando normalmente”. E, também com imagens das feiras livres, “como a do setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade ainda é alto.”

Testagem em massa não é prevenção contra a propagação do coronavírus

A propaganda da prefeitura de Aparecida insiste em destacar que o município é o que mais investe em testagem em massa em Goiás, já tendo ultrapassado a marca dos 230 mil exames aplicados. É verdade. Mas a testagem em massa não é instrumento de prevenção contra a disseminação da Covid-19 e sim um mecanismo de controle da incidência da doença. Ou seja: vem depois e não antes da contaminação.

A reportagem da TV Record, nesse sentido, é esclarecedora. Os jornalistas da emissora foram objetivos ao mostrar o quadro caótico do município, com aglomerações por toda a cidade, hospitais lotados e pelo menos duas centenas de ocorrências de festas, reuniões e comemorações, desrespeitando as normas básicas de controle do coronavírus, porém estimuladas pelo padrão relaxado de isolamento social que persiste na cidade.

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