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Defesa de candidatura própria do MDB é “vingança” de Mendanha contra Caiado

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, saiu a campo para defender a candidatura própria do MDB a governador em 2022, mesmo a mais de ano e meio da eleição e colocando em risco o seu relacionamento com o presidente estadual do partido, Daniel Vilela, e o ex-prefeito Iris Rezende, maior nome da legenda.

Daniel considera “precipitada”, conforme tem repetido, qualquer articulação, agora, com vistas a definições que têm a ver com o pleito do ano que vem. Já Iris é a favor de uma composição com o DEM para apoiar a reeleição do governador Ronaldo Caiado em troca de uma vaga na chapa majoritária, o que permitiria ao MDB recompor suas forças e retomar a perspectiva de poder, no caso para 2026.

Mesmo assim, Mendanha passou a argumentar publicamente a favor da candidatura própria, antecipando, inclusive, que em hipótese alguma dará apoio à reeleição de Caiado – o que indica que ele pretende abrir uma dissidência dentro do emedebismo caso a decisão final seja pela aliança com o atual governador.

Mendanha é movido por sentimentos pouco nobres: ressentido com o apoio que Caiado deu a Márcia Caldas, do Avante, na disputa pela Prefeitura de Aparecida em 2020, quando ele foi reeleito, passou a alimentar uma obsessão de “vingança” e pretende fazer o possível para atrapalhar a prorrogação do mandato do atual inquilino do Palácio das Esmeraldas por mais quatro anos.

Existe pouco apoio dentro do MDB para uma candidatura própria em 2022, depois que o partido acumulou seis derrotas consecutivas para o governo, desde que Iris Rezende, em 1998, perdeu a eleição para Marconi Perillo. A base municipal do partido, que emergiu do pleito passado com apenas 29 prefeitos, já encolheu com a transferência de alguns deles para siglas ligadas a Caiado. Os que ainda não foram sinalizam a vontade de estabelecer parcerias com o governador, com a intenção de fortalecer as suas gestões.

Daniel Vilela, a quem Mendanha declara ser “leal” e reafirma sempre considerar como “irmão”, seria o grande beneficiário de um acordo entre o MDB e o DEM, que não é novidade (os dois partidos fizeram um acordo em 2014, lançando Iris para o governo e Caiado para o Senado). Caso venha a figurar na chapa da reeleição, seja como candidato a vice ou candidato a senador, ficaria com uma avenida aberta à sua frente para postular a governadoria com êxito em 2026, com o apoio de Caiado.

Ao contrário, se embarcar no lançamento de um candidato a governador na próxima eleição e chegar ao sétimo insucesso seguido, o MDB corre o risco de virar pó. A perspectiva de derrota é real, já que Caiado segue com níveis de aprovação popular que viabilizam plenamente a conquista de um mandato, por um lado, e a oposição vive um momento de fragilidade, sem nomes e sem projeto alternativo de poder, com Daniel Vilela fora da disputa majoritária pela necessidade de conquistar uma cadeira na Câmara Federal e continuar dentro do jogo da política nos próximos anos.

Por que o “leal” Gustavo Mendanha está contra o seu “irmão” Daniel Vilela? A resposta está na força que os baixos instintos têm na política, propiciando uma combinação maligna com a inexperiência e a imaturidade do prefeito de Aparecida, que tem 37 anos e, de uma só tacada, perdeu para a Covid-19 os dois conselheiros pelos quais tinha respeito – seu pai, o ex-deputado Léo Mendanha, e seu mentor, o ex-prefeito de Aparecida e ex-governador Maguito Vilela. Por conta própria desde esses fatídicos acontecimentos, ficou sem rumo.

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