Aparecida

Derrotado no MDB, resta a Mendanha se abrigar na pior oposição da história

Com o respaldo de menos de 5% dos membros do MDB de Goiás, o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, assistiu sem reação ao sepultamento da sua proposta de candidatura própria do partido ao governo de Goiás: 95% das bases emedebistas decidiram respaldar a aliança do MDB com o DEM, em apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado, com a indicação de Daniel Vilela para vice.
Resta agora a Mendanha decidir até março do ano que vem entre duas alternativas: permanecer à frente da Prefeitura de Aparecida para concluir o seu segundo mandato ou aventurar-se em um projeto eleitoral incerto – ou seja, concorrer ao Palácio das Esmeraldas como representante da pior oposição da história política de Goiás.
Mendanha, a partir de agora, vai refletir com seus aliados políticos sobre qual decisão tomar, e para isso tem prazo de sete meses. Os riscos de repetir o fracasso vivido pela oposição em seis eleições majoritárias em Goiás são grandes. Em 2022, o cenário será ainda pior: a oposição, representada principalmente pelo PSDB, sobrevive com dificuldades, diante da sucessão de escândalos e denúncias de corrupção envolvendo os seus principais líderes.
Em uma eventual aventura eleitoral, Mendanha estará rasgando a sua biografia política, construída na vigência da lealdade ao seu mentor, Maguito Vilela, responsável direto pela sua primeira eleição à Prefeitura de Aparecida, em 2016, e na convivência com Daniel Vilela, filho e herdeiro político de Maguito. O prefeito estará também renegando a liderança do ex-prefeito de Goiânia e ex-governador Iris Rezende, o maior defensor da aliança MDB/DEM em Goiás para 2022.
Mendanha vem sendo assediado para uma futura filiação pelo PSDB de Marconi Perillo, pelo PL de Magda Mofatto, pelo Patriota de Jorcelino Braga, pelo Progressistas de Alexandre Baldy e pelo Republicanos de João Campos. Outra questão que preocupa os defensores da candidatura de Mendanha ao Palácio das Esmeraldas: 200 dos 246 prefeitos estão fechados em apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado e as primeiras pesquisas de intenção de votos mostram o democrata em posição privilegiada.

 

Partidos correm de aproximação com o PSDB de Eliton e Marconi

Sem candidato competitivo ao Palácio das Esmeraldas nas eleições de 2022, a oposição centro-direita em Goiás está mergulhada em uma crise que poderá, mais uma vez, comprometer o desempenho nas urnas.
O MDB de Daniel Vilela, Patriota de Jorcelino Braga e o Republicanos de Rogério Cruz, além de outros partidos do espectro oposicionista, foram os primeiros a regular qualquer aproximação ou aliança com o PSDB dos ex-governadores José Eliton e Marconi Perillo. Os dirigentes partidários sustentam que, diante dos desgastes políticos experimentados por José Eliton e Marconi Perillo e os escândalos relacionados a denúncias de práticas de corrupção no exercício do poder em Goiás, recomendam distanciamento com os tucanos.
O ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente do MDB de Goiás, de forma firme e dura, vetou qualquer aproximação de seu partido com o PSDB marconista, em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, de O Popular: “Não temos nenhuma afinidade com o PSDB.” Daniel Vilela, na entrevista, lembrou que o antigo PMDB e o agora MDB sempre fizeram oposição aos governos do PSDB, comandados em Goiás por Marconi Perillo, desde 1998. Com esse posicionamento, Vilela fechou portas para uma coligação MDB/PSDB às eleições de 2022.
O Republicanos, que tem como principal expoente o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, também não cogita aliança com o PSDB, o que confirma o racha da oposição centro-direita em Goiás. Com tudo isso, o PSDB está mergulhado em uma crise interna sem precedentes: Jânio Darrot entregou carta de renúncia da presidência do partido e pulou fora do barco: filiou-se ao Patriota de Jorcelino Braga, arqui-inimigo político de Marconi Perillo.
O PSD, presidido em Goiás pelo ex-deputado federal Vilmar Rocha, não sabe qual rumo tomar em relação às eleições de 2022. Vilmar quer permanecer no bloco oposicionista ao Palácio das Esmeraldas, mas o senador Vanderlan Cardoso, deputado federal Francisco Jr, ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e prefeitos atuam para tirar o PSD do campo oposicionista e levá-lo para o lado do DEM de Ronaldo Caiado.
O Progressistas, que é presidido pelo ex-ministro Alexandre Baldy, também está dividido sobre qual aliança fazer em 2022. A maioria dos 32 prefeitos defende diálogo com o Palácio das Esmeraldas para fechar apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado. DC, PTC, PMN, Avante, Pros e PMB podem abandonar o barco oposicionista e entrar na aliança com o DEM caiadista.

 

Gestões em Aparecida estão alicerçadas na areia

Reportagens seguidas do Diário de Aparecida mostraram que a gestão Gustavo Mendanha foi construída em “alicerces de areia”, já que se baseia apenas em marketing e propaganda manipulada, sem sequer cumprir as promessas feitas nas campanhas eleitorais de 2016 e 2020. A lista de obras não realizadas é enorme: falta pavimentação asfáltica, praças, reformas e construção de escolas e unidades de saúde, entre outros benefícios reivindicados pela população. Mendanha tenta justificar popularidade com a votação de 95,8% dos votos válidos em 2020 quando foi reeleito prefeito de Aparecida, só que o emedebista se esquece que “correu sozinho na raia”, não teve adversário competitivo, já que os candidatos do PSol e Avante eram apenas “figurantes”. Dos 300 mil eleitores aparecidenses, 110 mil não endossaram o seu nome. Ele ensaia uma campanha a governador similar à de Iram Saraiva (PDT) em 1990, quando começou em janeiro daquele ano com 10% dos votos nas pesquisas e terminou com apenas 4% nas urnas. O motivo: Saraiva passou a atacar o MDB, partido que lhe proporcionara chegar ao Senado Federal. E deu no que deu. Serão sete meses até abril de 2022 para Gustavo Mendanha refletir sobre qual caminho seguir: manchar sua trajetória política com renúncia do cargo de prefeito de Aparecida para aventurar-se em 2022 ou manter a coerência cumprindo o mandato obtido nas urnas ano passado e concluir a sua gestão. (Por Helton Lenine / [email protected])

 

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