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Desfiliar-se do MDB fragilizou Mendanha e o converteu em alvo de “aproveitadores”

Da Redação

Ao se desfiliar do MDB, inconformado com a decisão majoritária das bases do partido a favor da aliança com o União Brasil e apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado em 2022, o prefeito Gustavo Mendanha perdeu consistência política, viu esvaziada a sua liderança e transformou em uma espécie de franco atirador – ao correr atrás dos desafetos do presidente estadual emedebista Daniel Vilela para alfinetar e ameaçar o filho e herdeiro político de Maguito Vilela, a quem, antes, chamava de “irmão”.

O projeto de Mendanha, que é candidatar-se a governador no ano que vem, está repleto de obstáculos e pode se transformar em um calvário. No momento, ele não tem nem sequer o item mais básico e fundamental, o começo de tudo, que seria um partido político para respaldar o seu nome na disputa pelo Palácio das Esmeraldas – ainda mais diante do favoritismo de Caiado, que atrai apoios em larga escala para a sua recondução a mais um mandato.

O prefeito aparecidense, fora do MDB, ficou com as duas pernas quebradas. Pior ainda quando ele passou a ser usado por quem deseja enviar recados a Caiado, diante de insatisfações pessoais com isso ou com aquilo. É o caso do ex-ministro Henrique Meirelles, que o procurou para posar para uma foto, cujo objetivo ostensivo foi mostrar para o governador que ele, Meirelles, teria, sim, opções para a sua candidatura ao Senado em 2022.

Mendanha não pode recusar esse tipo de exploração. Da mesma forma que aconteceu no caso de Meirelles, ele está sendo usado pelo deputado federal João Campos (outro que gostaria de figurar na vaga senatorial da chapa de Caiado) e pelo senador Vanderlan Cardoso, que não é candidato a nada em 2022, mas gostaria de ver Daniel Vilela fora da vice – o que ele considera que vai atrapalhar seus planos para chegar ao governo do Estado em 2026. Vanderlan liberou vereadores ligados a ele, em Senador Canedo, para acompanhar Mendanha em viagens aos municípios.

É isso que o prefeito aparecidense está atraindo, por ora: os “aproveitadores”, definição cunhada pelo secretário municipal de Infraestrutura Max Menezes, que, na condição de 1º suplente da bancada do MDB, está prestes a assumir uma vaga na Assembleia, com a nomeação de Humberto Aidar para o Tribunal de Contas dos Municípios. Max Menezes disse a uma emissora de rádio que “muita gente vai atrás do Gustavo, tira a foto e fica na espera para ser chamado pelo outro lado. É isso que está acontecendo”, reclamou o secretário.

Ele ainda questiona: “As pessoas que estão falando ‘vai, vai, Gustavo’, agora é o momento em que elas deveriam apoiar Gustavo, dizer que estarão junto com ele. Mas será que estarão mesmo? Será que daqui a pouco não estão vendendo o Gustavo para outros aí?”, acrescentou Max Menezes.

Esses, segundo o secretário, são os “aproveitadores”, ou seja, políticos que estão apenas se aproveitando do momento para negociar posições mais vantajosas junto ao governo do Estado ou então para atender aos seus próprios interesses pessoais. Meirelles e Vanderlan, por exemplo, estariam enquadrados nesse caso.

Mendanha não tem alternativa a não ser aceitar ser usado, buscando algum ganho, depois de se transformar em franco atirador da política estadual: alguém que age sozinho e isoladamente, sem nenhum apoio de expressão, tentando abrir espaço para ingressar na batalha eleitoral de 2022. Uma situação difícil, complicada e, às vezes, humilhante.

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