Aparecida

Distanciamento se aprofundou com erros na luta anti-Covid-19

O distanciamento entre o prefeito de Aparecida e o presidente estadual do MDB Daniel Vilela vem desde a posse, em janeiro, coincidindo também com o agravamento do estado de saúde de Maguito Vilela e sua morte – que deixaram Daniel pessoalmente muito impactado.

Maguito, como se sabe, foi vítima da Covid-19. É possível que esteja aí o fator que estremeceu as relações entre Mendanha e Daniel, que passou a ter um compromisso com o enfrentamento à pandemia em Goiás e talvez por isso até hoje não tenha se manifestado sobre as medidas flexíveis adotadas pela prefeitura de Aparecida, questionadas e criticadas por divergir da orientação que está sendo seguida no resto do Estado.

Suspeita-se que Mendanha, ao impor o polêmico escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços por regiões, que mantém 60% da cidade funcionando diariamente e proporciona aglomerações perigosas nas ruas comerciais e em feiras-livres, tenha sido motivado pelo desejo de se colocar, desde já, como adversário do governador Ronaldo Caiado – que baixou um decreto adotando o modelo 14×14, ou seja, 14 dias de portas abertas e em seguida 14 dias de reabertura e assim sucessivamente até o arrefecimento da pandemia.

A proposta de Caiado recebeu adesão em massa dos prefeitos, mas uma teve repercussão especial: o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, em um momento de crise com o MDB, introduziu o esquema na capital e deixou Mendanha sozinho na raia defendendo o escalonamento intermitente acusado de não interromper o ciclo de 14 dias da Covid-19.

Devido à influência teórica de Daniel Vilela sobre Rogério Cruz, a sua decisão de acompanhar o decreto estadual pode ter sido disparada também por fatores políticos – dado ao golpe que representou para Mendanha, aumentando os desgastes que ele já vem sofrendo. Experientes emedebistas dizem que o prefeito de Aparecida corre o risco de ser declarado desleal com a insistência no projeto eleitoral para 2022, pois, afinal, Daniel Vilela foi determinante para que o partido o lançasse candidato a prefeito nas eleições de 2026. O próprio Maguito Vilela, prefeito de Aparecida na época, tinha preferência pelo seu fiel escudeiro Euler de Morais para a sua sucessão, mas cedeu diante dos apelos de Daniel e seus aliados, escolhendo Mendanha.

Outra divergência entre Daniel e Gustavo: enquanto o presidente do MDB descarta aliança eleitoral com o PSDB marconista, o prefeito aparecidense mantém relação política estreita com os tucanos, que estão na sua base em Aparecida e ocupa lugares de destaque na equipe de auxiliares, inclusive no 1º escalão.

Enquanto Daniel Vilela mostra afinidade política com o governador Ronaldo Caiado, evidente hoje diante do fim das críticas do MDB à gestão do democrata, Gustavo Mendanha insiste em divergir do Palácio das Esmeraldas nas questões sanitárias, agradando assim ao grupo que não se alinha com o caiadismo. Hoje, Daniel Vilela tem o respaldo das lideranças mais expressivas do MDB caso queira uma aliança do partido com o DEM, com seu nome sendo colocado como alternativa a vice-governador na chapa de Caiado.

Foto: Diário de Aparecida

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