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Editorial: Despedidas

O Brasil chora por Marília Mendonça

Desde a notícia da morte da cantora goiana Marília Mendonça na tarde da última sexta-feira, 5, um clima de comoção e luto tomou conta de todo o Brasil. Nascida em Cristianópolis, interior de Goiás, a artista, em uma carreira meteórica, se tornou um expoente da representatividade feminina no sertanejo (espaço dominado pelo machismo), criando um subestilo musical dentro desse nicho, intitulado pela classe musical de “feminejo”.

No meio da pandemia, Marília Mendonça salvou-se muitas vezes bem como a nós, com as suas ‘lives’ que bateram recordes de audiência. Fez-nos chorar, fez-nos sorrir, fez-nos sentir, mesmo quando tudo estava em uma “eterna suspensão”. A morte de uma pessoa conhecida como ela remexe também nos nossos próprios lutos, os antigos, os recentes, principalmente neste momento, que já estamos em um estado de fragilidade emocional diante de tantas mortes. O adeus à artista é um luto coletivo em um país que não aguenta perder mais ninguém.

Dona de uma voz inconfundível e de um talento para compor que ficou explícito em sua herança de 324 músicas deixadas aos brasileiros, Marília Mendonça, a rainha da sofrência, não soube o que é o fracasso! Não soube não porque não tenha passado dificuldades e/ou empecilhos em sua vida, mas sim porque não existia a palavra fracasso em seu vocabulário. Desde adolescente, ela sabia o que queria e que não desistiria. E por esse foco e obstinação, entre os milhares de cantores sertanejos existentes no Brasil, em que uma ínfima parcela chega ao topo, Marília Mendonça conseguiu atingir o ápice e o mais difícil ainda, manter-se nele desde de então.

Não há dúvidas de que o legado de Marília Mendonça irá se perpetuar e que sua trajetória foi cravada na história da música sertaneja. Em cada um dos milhões de brasileiros sempre existirá um pedaço de Marília, seja a irreverência, seja a alegria, a humildade, ou mesmo a tristeza, a sofrência e a capacidade de superação. Despedidas são necessárias, mas nunca fáceis, sobretudo para os que aqui ficam. O Diário de Aparecida, enlutado, manifesta aqui o seu pesar pela morte de Marília Mendonça e externa toda a sua solidariedade e apoio à família, aos amigos e aos milhares de fãs da cantora goiana

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