Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: Política com o vírus

A insistência da prefeitura de Aparecida em manter o isolamento intermitente por regiões, na prática alternando bairros com o comércio aberto com outros setores em que as portas são fechadas, de forma que, diariamente, mais da metade da cidade tenha as suas atividades econômicas não essenciais funcionando, não encontra explicação lógica a não ser o desejo de se estabelecer um contraponto político seja para o prefeito de Goiânia Rogério Cruz seja para o governador Ronaldo Caiado, ambos a favor do chamado modelo 14×14.

Suspeita-se que o prefeito Gustavo Mendanha foi mordido pela mosca azul e anseia representar o seu partido, o MDB, na eleição governamental de 2022 – estando disposto, para isso, até mesmo a atropelar o candidato natural do seu partido, Daniel Vilela, herdeiro político do ex-prefeito de Aparecida e prefeito eleito de Goiânia Maguito Vilela, tragicamente levado pela Covid-19.

O isolamento intermitente por regiões não corta o ciclo do coronavírus, que é de 2 a 14 dias, exatamente o prazo definido para a suspensão do comércio tanto na capital, por Cruz, quanto em todo o Estado, por Caiado. Ambos se basearam em evidências científicas, a partir dos criadores do padrão 14×14, que são sanitaristas de renome da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Enquanto essa estratégia diminui a contaminação onde vem sendo seguida, em Aparecida o colapso já atingiu o sistema de Saúde e o número de casos e de mortes está aumentando.

Por esse Goiás afora, apenas Mendanha e o seu colega de Trindade Marden Jr divergiram da orientação de adotar o sistema 14×14, escolhendo uma alternativa que pode levar a uma perigosa explosão do contágio pela Covid-19 na região metropolitana, a mais populosa do Estado. Não por acaso, os dois fazem oposição a Caiado, o que levanta a impressão de que está se fazendo política em torno de uma questão crucial de saúde pública, que deveria ser tratada tecnicamente para o benefício de todos.

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