Esporte

Editorial do Diário de Aparecida: Tóquio 2020

A Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, nesta sexta-feira, 23, conseguiu nos surpreender, seja positivamente ou negativamente. Desde a escolha de Osaka Naomi até a falta de elementos tecnológicos, o tom escolhido foi o da austeridade. Uma cerimônia feita para o pequeno público presente, de atletas, funcionários, voluntários e jornalistas – a tal Família Olímpica -, passando uma mensagem de simplicidade e moderação para os bilhões de telespectadores.

Momentos emocionantes e reflexivos marcaram a cerimônia, como na escolha de alguns atletas veteranos e com mobilidades físicas e motoras para conduzir a tocha dentro do estádio. “Imagine”, música não só de John Lennon, mas também da japonesa Ono Yoko, foi um belo toque do Japão moderno e globalizado, mas ainda assim sensível.

Os discursos emocionados de Hashimoto e Bach comoveram os voluntários e funcionários, além dos atletas, que eram maioria absoluta no estádio e, quiçá o mundo todo. Sem ignorar os problemas, os desafios e o possível surto de covid-19 dentro da pseudo-bolha olímpica, a mensagem de Thomas Bach pedindo solidariedade aparentou emocionar os atletas presentes. Pode não ser a Olimpíada que eles sonhavam ou se preparavam, mas é visível o alívio na maioria.

Aliás, solidariedade foi a palavra dita mais vezes por Bach em seu discurso. Ante o momento em que vivemos, nunca se fez tão pertinente este sentimento que, pelo menos em tese, deveria predominar em nossas emoções. Mas o esforço dos japoneses e da comunidade olímpica mundial para a realização da Tóquio 2020 suscita em nós brasileiros, a profunda reflexão de que talvez a polaridade política instaurada no país tenha adormecido sentimentos nobres como o da solidariedade.

Que neste período olímpico, mais do que nossas ânsias esportivas e competitivas, os Jogos possam despertar em nós a solidariedade, a empatia, a força e a coragem. Que possamos compreender que juntos podemos superar esse período de crises sanitária, política e moral que se instalou na sociedade brasileira. Que as Olimpíadas de Tóquio, ainda que, fisicamente e geograficamente, esteja muito distante do nosso país, possa nos relembrar quem somos e despertar o melhor de cada um de nós.

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