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Caiado prega diálogo como solução para desafios enfrentados pelo país, durante entrevista a Pedro Bial

Ao participar do programa “Conversa com Bial”, na madrugada desta quarta-feira (10/11), governador defende credibilidade, tranquilidade e convergência para que Brasil possa superar crise. “Não se pode governar tensionando, não existe isso em política”, destaca. Sobre a conduta de Bolsonaro diante da pandemia de Covid-19, afirma que “apoio não é submissão, até porque eu tenho mais idade que o presidente. Não concordo com a contestação ao isolamento social e à utilização de vacinas. Quando ele deixa que extremos prevaleçam, não percebe que a sociedade não quer isso mais”

Durante participação no programa “Conversa com Bial”, na madrugada desta quarta-feira (10/11), o governador Ronaldo Caiado destacou a importância do diálogo como solução para os desafios enfrentados pelo país.

“O que eu prefiro é algo que traga credibilidade e tranquilidade. Você não pode governar tensionando. Governar é convergir”, disse Caiado, quando indagado por Pedro Bial sobre as eleições do ano que vem. O apresentador disse que entrevista com o Caiado faz parte de uma série realizada com as principais personalidades políticas que serão decisivas em 2022.

A capacidade de diálogo e de aglutinação de Caiado foi mostrada logo no início do programa, quando o jornalista apresentou um breve retrospecto da ascensão do líder nascido em Anápolis. Na era Sarney [ex-presidente José Sarney], o atual governador surge como liderança no Planalto Central em defesa da propriedade privada.

“Tem um ditado francês que diz que o homem que se omite de fazer política, outro faz para por ele, só que contra ele”, assinalou Caiado, durante entrevista resgatada nos idos da década de 1980, quando liderou a criação da União Democrática Ruralista (UDR) e mostrou a importância de a classe produtora rural se posicionar no cenário nacional.

 

Pandemia

Um dos temas do programa, que durou cerca de meia hora, foi a pandemia de Covid-19, com suas consequências sociais e econômicas. Caiado foi direto quando falou sobre suas discordâncias em relação aos protocolos adotados pelo governo federal.

“Não concordo com sua política [do presidente Jair Bolsonaro] de contestar o isolamento social e utilização de vacinas”, afirmou Caiado, que ainda disse acreditar que o número de mortos em razão do coronavírus teria sido menor se o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandeta, tivesse continuado no cargo.

“Apoio não é submissão, até porque eu tenho mais idade que o presidente”, ponderou o governador, que também condenou a disseminação do discurso dicotômico “vida versus economia.”

“Mas ele [Bolsonaro] não se beneficiou, por criar polêmica com os governadores. Governar não é isso. É convergir, consolidar pontos que são definidores de sua gestão. Quando ele deixa que extremos prevaleçam, não percebe que a sociedade não quer isso mais”, argumentou Caiado.

“O que eu prefiro é algo que traga credibilidade e tranquilidade ao País. Não se pode governar tensionando, não existe isso em política. Eu fui o primeiro a dar apoio ao presidente. Fui eleito em Goiás no primeiro turno e o apoiei no segundo. Mas apoio não significa submissão”, afirmou Caiado.

 

1989 e 2022

Ao exibir momentos da primeira campanha presidencial pós ditadura militar, em que Caiado se apresentou como candidato [eleição vencida por Fernando Collor de Mello], Pedro Bial destacou o perfil do governador de Goiás, que, de forma indireta, já falava em terceira via em 1989. O jornalista trouxe o assunto para 2022, fez um paralelo com o atual momento político brasileiro e pediu a opinião de Caiado sobre o presidente Bolsonaro.

“Reconheço as ações de apoio que vieram [do governo federal] para a educação e saúde. Eu transformei a educação em Goiás e não vou dizer que isto foi apenas por apenas um esforço fiscal do Estado”, pontuou.  “Mas ao invés de ter um discurso de dizer ‘o que eu levo para os Estado, [ele] cria polêmica com todos os governadores”, continuou.

“Eu gostaria que o presidente entendesse que pedir desculpas, reconhecer excessos e, ao mesmo tempo colocar na mesa de negociação o presidente do Supremo, do Congresso, da Câmara, MP [Ministério Público], as entidades de classe, e abrir um diálogo neste momento, é muito melhor do que caminhar para um processo de enfrentamento ou provocações”, enfatizou Caiado.

Queda de braço

“O que não pode haver é queda de braço entre os Poderes, porque não sai solução convergente”, afirma Caiado. “O governo falha quando, em vez de buscar parceria, quer impor uma tese em relação a outra. É verdade que o mercado está nervoso e que é preciso salvar a população com o auxílio emergencial. Mas não é necessário agir com esse tipo de sentimento”, resumiu.

“Estou falando de algo que não é teórico, mas prático: reunir os Poderes para resolver a situação. Cada um abriu mão de uma parcela e hoje voltamos à vida normal. Então, o que faltou foi capacidade na construção de uma solução mais sensata”, argumentou.

Sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, Caiado disse que “as pessoas, para assumir um cargo, têm de conhecer a máquina pública, o Congresso Nacional. Também precisa lidar com os outros Poderes. A partir daí tem de ser um ministro com o pé no chão. Não adianta criar teses que não possam ser implantadas. Tem de ser objetivo, não pode perder tempo”, destacou.

“Sendo assim, o governo tem de saber priorizar e ter metas. Paulo Guedes tem espírito público e quer trazer melhoras para o País, mas não entendeu a máquina pública nem o Congresso. Isso fez com que chegássemos ao ponto em que estamos”, avaliou o governador.

União Brasil

Caiado defendeu candidatura própria à Presidência da República nas eleições do ano que vem ao falar sobre o novo partido que ajudou a criar, o União Brasil, resultado de fusão do DEM com PSL. “Virá dentro de um cronograma, sem suprimir etapas. A primeira foi a fusão, agora tem sido a consolidação nos Estados. Consequentemente, a próxima é a apresentação de um nome para disputar as eleições nacionais em 2022”, informou. “Agora, é preciso conversar política. Para a massa do bolo crescer, é preciso fermento. E esse fermento são os formadores de opinião. Eles alavancam a campanha majoritária”, pontuou.

Sobre a política externa do Brasil, Caiado afirma que a agricultura e a pecuária foram duramente penalizadas. “O que temos de mostrar ao mundo é que temos o Código Florestal mais moderno que existe. E posso dizer, porque participei de forma ativa na construção desse código. Sabemos o que é preservação. Excessos existem, mas precisamos é de não bater de frente”, afirmou.

“Como diz o mineiro, se come mingau quente é pela beirada, pelo meio do prato se queima a boca. Estamos combatendo a fome, estamos produzindo com tecnologia. Um grão de soja hoje tem mais tecnologia do que um Smartphone. Podemos ampliar ainda mais nossa produção sem assorear rios, destruir florestas. Temos o suficiente para ampliar cada vez mais a produção”, destacou o governador.

Constituinte

Sobre a luta na Constituinte, Caiado disse que “somos pessoas que se dedicam ao trabalho e à produção, mas também pessoas cultas, preparadas e estudiosas, que sabem debater. Precisávamos sair da retaguarda, da omissão. Você nunca me viu insurgir sobre os Poderes constituídos nem contra decisões judiciais. Preservamos o direito de propriedade nas votações do Congresso Nacional.”

Sobre a renegociação de dívida do governo anterior, Caiado disse que “dilapidaram as finanças do Estado”. Segundo ele, “tive de assumir o que foi praticado lá atrás. Então, eu cumpro o teto de gastos, tenho de cumprir”.

Para o governador, o não pagamento dos precatórios reflete na economia dos Estados que têm a receber e contam com isso como parte do orçamento. “A ansiedade está muito grande, pessoas com dificuldade de manter a família, inflação cada vez maior”.

Caiado afirmou que “não dá para governar sozinho. Governo com os presidentes da Assembleia, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, com prefeitos e deputados. Tudo isso para decidir sobre as matérias”. Segundo ele, “é o diálogo sobre o que podemos ceder para atender o que é mais emergencial”.

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