Aparecida

ELEIÇÕES 2022: Crise com o vice empareda Mendanha, que pode desistir de sair da prefeitura

Divergência sobre antecipação da eleição para a presidência da Câmara mostrou que Vilmar Mariano não é confiável e não vai aceitar cabresto se assumir a prefeitura

Da redação impressa

A tentativa de antecipação da eleição para a escolha do próximo presidente da Câmara Municipal de Aparecida, que assumiria em janeiro de 2023, acabou aprofundando ainda mais a crise de relacionamento entre o prefeito Gustavo Mendanha e o seu vice Vilmar Mariano, o Vilmarzim. A exemplo da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores de Goiânia, o Legislativo aparecidense votou um projeto para permitir a antecipação e chegou a marcar a eleição do novo futuro presidente para a sexta-feira passada, 15.

Vilmarzim, no entanto, não aceitou a decisão, que havia sido acertada entre Mendanha, o atual presidente André Fortaleza (candidato a continuar no cargo) e articuladores políticos da prefeitura como Tatá Teixeira, influente figura dos bastidores da política em Aparecida. Eles conseguiram aglutinar 17 vereadores a favor da imediata recondução de André Fortaleza, ficando os sete restantes com o vice, ou seja, contra a antecipação da eleição – no total, são 25, mas o presidente só vota em caso de empate. Mesmo em minoria, no entanto, Vilmarzim conseguiu impedir a manobra, tecnicamente adiada para uma data indeterminada, no momento.

A justificativa para a reação de Vilmarzim é simples: como existe a perspectiva de Mendanha renunciar ao mandato para se candidatar a governador, o que se daria em 2 de abril do ano que vem, ele assumiria o poder, ocorrendo então sob a sua égide a escolha do próximo presidente da Câmara. Embora não se saibam detalhes, o certo é que Vilmarzim ameaçou Mendanha com a possibilidade de um rompimento público caso se insistisse na definição, agora, de um presidente da Câmara que iria ocupar o cargo quando ele, o vice, estivesse sentado na cadeira de prefeito, portanto passível de não girar na sua órbita de influência.

É óbvio que uma crise dessa dimensão com o seu vice, quando tenta se afirmar como liderança estadual, provocaria um estrago enorme na imagem e no projeto político de Mendanha, que apareceria como alguém que não sabe arrumar a própria casa.

Emparedado por Vilmarzim, o prefeito deu um passo atrás e orientou sua base na Câmara para “adiar” por prazo indeterminado a realização da eleição para a escolha do próximo presidente, que, como está autorizada por um projeto já aprovado, pode se realizar em qualquer época, daqui até dezembro de 2022.

Dentro do equilíbrio de forças existente hoje, com a maioria dos vereadores alinhados com Mendanha e com o atual presidente André Fortaleza, este venceria qualquer adversário, se houvesse, e garantiria mais um mandato no comando do Legislativo aparecidense. Mas o xis da questão é que o vice, na expectativa de chegar ao poder com a renúncia do prefeito para disputar as eleições de 2022, não quer um na direção da Câmara um comandante que chegou ao posto sem a sua participação e ao largo da sua ingerência.

Mendanha não teve saída, a não ser reconhecer – nos bastidores, sem se manifestar – a derrota. Na sexta pela manhã, ele telefonou para André Fortaleza, depois de mandar uma van buscar para uma reunião de emergência os 17 vereadores afinados com a antecipação da eleição para a presidência, e foi obrigado a pedir a Fortaleza o adiamento do pleito que poderia levar ao rompimento de Vilmarzim. Para quando, só Deus sabe.

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