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Em desespero, oposição admite até lançar Mabel para o governo em 2022

Em razão das derrotas do PSDB e do ex-governador Marconi Perillo nas eleições de 2018 e 2020 e também o enfraquecimento do MDB de Daniel Vilela, após o rompimento com o prefeito Rogério Cruz, a oposição goiana está “cambaleante” e sem competitividade para o pleito estadual do ano que vem na corrida pelo Palácio das Esmeraldas.
Para agravar ainda mais a situação, o governador Ronaldo Caiado (DEM) realiza uma gestão com altos índices de aprovação popular, segundo pesquisas realizadas por diversos institutos, entre eles Grupom, Diagnóstico, Paraná, Directa e Fortiori.
Sem um nome capaz de alimentar qualquer projeto eleitoral para 2022, a oposição “bate cabeça” e não sabe qual rumo tomar na escolha de um candidato a governador. No desespero oposicionista, algumas lideranças apontam o empresário, ex-deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, como alternativa para a disputa ao governo de Goiás ano que vem. Ele é filiado ao MDB, após passagem pelo DEM (na época, PFL) e pelo PL.
No currículo, Mabel tem um mandato de deputado estadual e três de deputado federal, colecionando também uma derrota para a Prefeitura de Goiânia e para a presidência da Câmara Federal (eleição em que apenas os parlamentares votam). Nunca conseguiu consolidar suas intenções de disputar o governo de Goiás, o Senado ou mesmo novamente a Prefeitura de Goiânia.
Sandro Antônio Scodro, conhecido como Sandro Mabel, é paulista de nascimento (Ribeirão Preto) e goiano por adoção desde quando seu pai instalou em Aparecida a empresa de biscoitos Mabel – de onde tirou o seu codinome para aproveitar o recall da marca e facilitar a conquista de votos.

Currículo do possível candidato é repleto de denúncias de corrupção

Crimes ambientais em Mato Grosso
Sandro Mabel foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal (PF) em 15 de setembro do ano passado, durante a Operação Tokens, que investiga fraudes em certificados digitais de fiscais e gestores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O presidente da Fieg tem uma propriedade no município de Canabrava do Norte, no Mato Grosso, citada por falsificadores e estelionatários que agiam em um esquema para beneficiar donos de terras embargadas na região chamada de Amazônia Legal. O prejuízo para os cofres da União seria de R$ 150 milhões.
Segundo a PF, os investigados, entre eles Mabel, adulteravam documentos de verdadeiros servidores do Ibama e, de posse desses, conseguiam certificados digitais (tokens) para desonerar propriedades autuadas e emitir certidões negativas. Essas fraudes, segundo a PF, beneficiavam propriedades rurais no Pará e Mato Grosso.
A Operação Tokens ainda está em andamento. Mabel pode responder por crimes contra o meio ambiente, estelionato, uso de documento falso, alteração de sistemas de dados, descumprimento de ordens de embargos, prevaricação (funcionário público que age por interesse próprio no exercício do cargo) e corrupção. As penas podem chegar a 12 anos, além de multa.

Codinome “Biscoito” nas propinas
Sandro Mabel (PMDB) recebeu R$ 140 mil via caixa dois da empreiteira Odebrecht para sua campanha a deputado federal em 2010, segundo delação do ex-executivo da empresa Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Os pagamentos foram feitos ao ex-deputado federal por meio do sistema Drousys, utilizado pela companhia para fazer repasses de recursos ilícitos.
“Em 2010, a pedido do meu diretor, João Pacífico, procurei o então deputado federal Sandro Mabel, que estava se candidatando à reeleição, para lhe oferecer uma ajuda de campanha, no valor de R$ 100 mil. Não me lembro se foi eu mesmo quem repassei o dinheiro, mas sei que ele está registrado no Drousys, com o codinome ‘Biscoito’. Isso na data de 17 de agosto de 2010”, afirmou o delator.
Ele disse que a Odebrecht ofereceu o apoio “por ser Mabel um político atuante no Estado e poderia apoiar [a empreiteira] em alguma coisa, até mesmo na obra do Aeroporto de Goiânia, que estava parada, em qualquer uma. Só mesmo para uma eventualidade futura”, afirmou. Segundo a delação, foi Mabel quem procurou a Odebrecht para receber ajuda para a sua campanha.

Furnas: propina de R$ 20 milhões
O nome de Sandro Mabel também foi citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Henrique Valadares, que afirmou que a empreiteira concordou em pagar até R$ 20 milhões para manter dois funcionários de Furnas em cargos de diretoria. Esses valores seriam repassados pelos servidores aos políticos que atuavam como seus “padrinhos” em Brasília.
O delator disse ainda que o diretor de engenharia de Furnas, Mário Márcio Hogar, também recebia valores indevidos e visitava Brasília para prestar contas a Sandro Mabel e ao ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP) – que aparece em todos os inquéritos de corrupção dos últimos 20 anos no Congresso Nacional.

Mensalão de Lula
Um bate-boca carregado de ofensas entre o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o líder do PL na época na Câmara dos Deputados, Sandro Mabel , foi o momento mais quente do depoimento de Jefferson ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, um dos momentos áureos do escândalo do mensalão, em 2005.
Responsável por revelar o chamado “Mensalão de Lula” em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson acusou Mabel (PL) de assediar a deputada federal Raquel Teixeira (PSDB-GO), oferecendo a ela R$ 40 mil de mesada e R$ 1 milhão por ano para que ela trocasse de partido.
No debate, Mabel chorou e afirmou que começou a trabalhar cedo, carregando sacos de farinha nas costas para a fábrica de biscoitos da sua família, mas não funcionou. Jefferson foi implacável, mantendo as acusações e apresentando provas de que o parlamentar goiano estava envolvido nas negociatas do mensalão. (H.L.)

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