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Em Goiás, aproximadamente 168 mil pessoas não retornaram para receber segunda dose

Em Goiás, apesar de 15,31% da população goiana ter recebido a segunda dose da vacina contra a Covid-19, com 1.089.175 doses aplicadas, ainda é alto o número de pessoas que não retornaram para completar o ciclo vacinal. A superintendente de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás, Flúvia Amorim, afirmou que aproximadamente 168 mil pessoas não compareceram para receber a dose dois no Estado, o que preocupa, já que a circulação do vírus e disseminação de novas variantes ainda é crescente. Com isso, a alta de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) e mortes pela doença tendem a ser maiores. Ontem, 27, o Estado registrou um índice de 85,44% de UTI’s ocupadas e 20.556 óbitos em decorrência do novo coronavírus.

“Isso causa um problema. Primeiro, individual para a própria pessoa, porque ela está deixando de se proteger e está retardando a proteção. Mas também, o problema coletivo, porque quanto menos pessoas imunizadas, maior é a chance de aumento de casos graves e de óbitos”, adverte em entrevista ao portal Mais Goiás.

Ao Mais Goiás, Flúvia destacou que estudos mostram que para conseguir um impacto considerável na redução da taxa de ocupação de leitos de UTI, de óbitos, e de transmissão é necessário vacinar pelo menos de 70% a 80% da população. “Se essas pessoas vão deixando de se vacinar, demora mais a chegar nesse percentual de 80% e mais ainda a ter o impacto esperado”, alerta.

“Para todas as vacinas, exceto a da Janssen- que é dose única –, para se ter imunidade, a proteção máxima, é preciso tomar as duas doses. Uma só não resolve. E aquela imunidade de rebanho que são os 80% da população vacinada, quando eu falo vacinada, é completamente vacinada”, reforça.

Para a superintendente, é um risco enorme deixar de se vacinar. “A gente tem falado para as pessoas: se está atrasado uma semana ou um mês, ela deve procurar um posto de vacinação e completar o esquema vacinal o mais rápido possível. Essa é a orientação”, argumenta.

Uma nota conjunta da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) alerta para a necessidade de se tomar a segunda dose. Segundo o documento, quando o indivíduo não completa o ciclo vacinal, ou seja, não toma as duas doses recomendadas, não tem a imunização esperada e fica mais propenso à infecção.

Além disso, ainda há uma série de dúvidas quanto aos efeitos da vacina no que se refere à transmissão da doença. Estudos clínicos desenvolvidos em Israel e na Inglaterra sugerem que os imunizantes disponíveis hoje são capazes de evitar o desenvolvimento de casos graves da doença e os óbitos mas, embora reduzam significativamente a transmissão, não são capazes de evitá-la.

 

Atraso
De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o médico pediatra Renato Kfouri, quem não conseguiu tomar a segunda dose no momento agendado deve tomar assim que possível. Kfouri frisou ainda que nenhuma dose é perdida.

“Nestes casos, onde o atraso ocorreu, essa vacinação deve acontecer o mais rápido possível, para que esse esquema seja finalizado o quanto antes. Não há nenhuma informação de que doses aplicadas e que eventualmente não completadas sejam perdidas, muito pelo contrário, o que as vacinas nos ensinam ao longo de décadas de sua utilização, é que nenhuma dose é perdida, o esquema começado só deverá ser completado, jamais reiniciado”, frisa o médico à Agência Brasil.

O médico destaca ainda que a segunda dose não é um reforço, mas um esquema vacinal. “Uma dose só não é suficiente para garantir a imunização, duas doses são necessárias para todas as vacinas [aplicadas no Brasil]. Então não se trata de uma dose de reforço, a segunda dose não é um reforço de uma proteção conferida pela primeira dose, é uma segunda dose que completa o esquema de duas doses. Jamais considere-se protegido após uma única dose, seja da Astrazeneca, da Pfizer ou da CoronaVac.”

Essa também é a orientação do Ministério da Saúde, que reforça a importância de se completar o esquema vacinal para assegurar a proteção adequada contra a doença. As recomendações estão em uma nota técnica, divulgada no fim de abril pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). No Brasil, diante das incertezas quanto à eficácia da vacina na redução da transmissão da doença, o Ministério da Saúde também reforça a necessidade de manter as medidas de prevenção mesmo após a vacinação.

O Diário de Aparecida entrou em contato, por e-mail, com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Aparecida de Goiânia para saber quantas pessoas não retornaram para receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19 no município e indicação de algum especialista da Secretaria Municipal de Saúde para conceder entrevista sobre o assunto, porém, até o fechamento desta edição, mais uma vez, o órgão não foi transparente com os aparecidenses quanto ao esclarecimento dos questionamentos solicitados.

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