Aparecida

Futuro de Mendanha esbarra na falta de conhecimento de seu nome

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (MDB), resolveu pegar a estrada. Depois de passar um dia em Luziânia na semana passada, em reuniões com o prefeito Diego Sorgatto, o deputado Célio Silveira (PSDB) e lideranças da região, entre eles o também prefeito Pábio Mossoró (MDB), de Valparaíso, ele decidiu ampliar esse leque de contatos e procurar outras regiões onde o MDB ainda tem influência.
A próxima viagem será à região Sudoeste, terra do seu “irmão” e aliado político Daniel Vilela, presidente estadual do partido. Pressionado pelo seu grupo político, Mendanha vai tentar estadualizar o seu nome e se posicionar como alternativa para futuros projetos eleitorais da legenda – seja liderando a oposição em Goiás ou buscando uma composição com o governador Ronaldo Caiado. Pouca gente faz fé nesse propósito.
Segundo o jornal Opção, o prefeito de Aparecida encomendou pesquisas e constatou que é desconhecido de 98% do eleitorado fora da sua cidade base. “Um político do Entorno de Brasília, que ouviu Mendanha atentamente, apresentou uma tese que merece registro. ‘De cara, esclareço que não ouvi o que vou dizer da boca de Gustavo. Trata-se de uma inferência minha. O que percebi, e posso estar equivocado, é que o MDB quer realmente compor com o governador Ronaldo Caiado. Mas sabe que a resistência a uma aliança entre o emedebismo e o caiadismo é alta. Porém, se o partido mantiver nomes fortes e renovadores no páreo, uma negociação será facilitada. Depreendo que Gustavo é a figura que está tensionando a base caiadista para cavar uma vaga de vice-governador na chapa de Ronaldo Caiado para Daniel Vilela’”, escreveu o jornal Opção.
O que a reportagem não diz é que o prefeito de Aparecida não tem mensagem nem proposta para falar com o eleitorado de todo o Estado, limitado que é à realidade política miúda do município e enterrado até o último fio de cabelo com as lideranças locais, todas, sem exceção, penduradas na folha de pagamento da prefeitura. Essa estratégia, a cooptação via bons salários, pode funcionar para um determinado município, mas não para o conjunto da sociedade, que necessita ouvir ideias antes de corroborar esse ou aquele pretendente a uma posição de liderança em um contexto mais amplo.

Quatro pontos negativos do gestor aparecidense

1 – Reeleição foi facilitada pela falta de adversário

A reeleição de Gustavo Mendanha chegou a ser vista como consagradora, ao conquistar a quase totalidade dos votos de Aparecida. Seria, dizem os seus aliados, a prova de que é um líder carismático que pode empolgar os mais de 7 milhões de goianas e de goianos como candidato a um posto mais elevado. E, de fato, foi um feito extraordinário, mas não do ponto de vista eleitoral e sim, como resultado de uma articulação política que afastou todos os concorrentes e deixou o campo livre para que Gustavo Mendanha se apresentasse praticamente como nome único para a prefeitura. Essa unanimidade foi conquistada com a folha de pagamento da prefeitura, que Mendanha abriu para abrigar toda e qualquer liderança política municipal.

2 – MDB é de Daniel Vilela e ele não cede espaço

O que se diz hoje em Goiás é que o MDB é na verdade propriedade de Daniel Vilela, na condição de filho e herdeiro político de Maguito Vilela. Como presidente estadual da sigla, ele, Daniel, não cede espaço para ninguém. Problema: o partido caiu para pouco mais de 20 prefeitos na última eleição e ainda foi defenestrado da Prefeitura de Goiânia, ficando resumido ao controle da Prefeitura de Aparecida. Com a erosão do seu antigo prestígio, o MDB pode chegar ao ano que vem sem condição de bancar o lançamento de um candidato a governador e obrigado a procurar outros partidos para tentar ganhar consistência, inclusive o DEM do governador Ronaldo Caiado. Gustavo Mendanha não entra nessa equação.

3 – Falta de experiência e de marca em Aparecida

Em tese, políticos jovens podem levar alguma vantagem em eleições, por representar a renovação até com o rosto – e renovação é uma bandeira que quase sempre atrai apoio popular. Em 2022, poderia ser o caso de Gustavo Mendanha, que, na época, estará chegando aos 40 anos de idade. Mas atenção: esse não é um benefício automático. Na maioria dos casos, a população prefere a experiência e a maturidade oferecidas por candidatos de currículo reconhecido e idade mais avançada, a exemplo de Iris Rezende, em Goiânia, e de Ronaldo Caiado (DEM), que ganhou para governador em 2018. Outro problema: após 4 anos e 4 meses de gestão em Aparecida, Mendanha não tem uma marca ou uma grande obra com a qual se identificar.

4 – Nome é local e longe de ser estadualizado

Um dos segredos da badalação do nome de Gustavo Mendanha é que ele, como prefeito, em seu 1º mandato, usou e abusou do marketing para levar uma boa imagem sua para a população. A sua gestão foi especialmente pródiga em eventos e shows artísticos que atraíram multidões, comemorando datas importantes para Aparecida ou inaugurando obras. Rendeu pontos, mas… isso, com a pandemia do novo coronavírus, acabou. Aglomerações são impensáveis. Divulgação, agora, é só pelos meios convencionais de comunicação – jornais, rádio e televisão – e nas redes sociais, campos que o investimento publicitário da prefeitura terá que priorizar para interagir de forma construtiva com os moradores do município e tentando também ultrapassar as fronteiras, chegar ao resto do Estado – que não sabe que Gustavo Mendanha existe.

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