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Estudo aponta aumento de empregos informais durante pandemia

Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) revelam que houve queda expressiva da população ocupada durante a pandemia da Covid-19 – especialmente no setor informal, que teve redução de 15,5%, ou mais do que o dobro da observada no mercado formal (7,2%). Os trabalhadores sem carteira assinada foram os mais prejudicados pelas medidas de restrição. Ao mesmo tempo, as ocupações formais tiveram incentivos oficiais, como crédito direcionado à manutenção de emprego e medidas como redução de salário e adiamento do pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“Houve aumento da informalidade após a recessão de 2015-2016, e a pandemia fez com que as pessoas perdessem esses postos de trabalho porque foram os mais atingidos pelas medidas de restrição, principalmente no setor de serviços“, explica a economista Julia Fraga, da UFF, ao pontuar que, com a redução da informalidade, a pandemia de Covid-19 mudou a dinâmica do mercado de trabalho.
A pesquisadora prevê que o mercado de trabalho deve passar pelo processo de histeria, em que os níveis de desocupação ficam elevados por longo período. A pesquisa dela indica que a taxa de desemprego permanecerá alta pelos próximos cinco anos, mesmo em cenário de recuperação econômica. No quadro mais pessimista, pode chegar a 17%.
No segundo trimestre de 2021, a taxa de desemprego medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua ficou em 14,1%. O levantamento foi divulgado no fim de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados do IBGE fundamentaram um estudo da LCA Consultores para o Valor Econômico, segundo o qual a fragilidade do mercado de trabalho brasileiro levou ao recorde de 7,543 milhões de trabalhadores subocupados ao longo do segundo trimestre. Em relação ao mesmo trimestre de 2020, quando havia no País 5,6 milhões de pessoas subocupadas, o indicador subiu 34,4%.
O alto número da mão de obra subocupada foi puxado principalmente pelo trabalho por conta própria e pelos trabalhadores domésticos sem carteira assinada. Eles responderam por 70% do 1,93 milhão de pessoas a mais nessa condição entre abril e junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Também são maioria (73%) dos 511 mil trabalhadores a mais nessa condição na passagem entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021.
“O público de subocupados por insuficiência de horas é formado principalmente por trabalhadores informais”, disse o economista responsável pelo estudo, Bruno Imaizumi. “Com tantas vagas perdidas no mercado, as pessoas acabam aceitando trabalho com jornadas menores e até qualificação menor, já que precisam recompor renda, pagar as contas, especialmente com o avanço da inflação.”

Aumento do
trabalho informal
O IBGE considera como trabalhadores informais empregados no setor privado sem carteira assinada; empregados domésticos sem carteira assinada; empregadores sem registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
Subocupados são os que trabalham menos tempo do que gostariam, com jornadas inferiores a 40 horas semanais. A proporção dos subocupados em relação aos ocupados passou de 6,7% no segundo trimestre de 2020 para 8,4% no mesmo período de 2021. Ao divulgar os números da Pnad, a analista responsável pela pesquisa, Adriana Beringuy, chamou a atenção para o avanço da informalidade no período: cinco milhões de pessoas ingressaram na modalidade em um ano. “Todas as grandes regiões tiveram uma tendência de crescimento da informalidade no segundo trimestre”, destacou.
Professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli também acredita que o País deve passar por um longo período de desemprego elevado. “Mesmo que retome o ritmo de recuperação econômica, o Brasil terá índices elevados de desemprego. Teremos ainda o impacto das eleições do ano que vem, que reforça a tendência de histerese, porque as incertezas freiam iniciativas e investimentos que gerariam postos de trabalho”, conclui.

 

Goiás avança e bate recorde na abertura de novas empresas

À medida que as pesquisas mostram queda no número de empregos formais no Brasil, em Goiás o cenário é animador. O número de empresas abertas entre janeiro e agosto de 2021 foi o maior desde 2017, segundo levantamento da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), com a indicação de novos postos de trabalhos formais. Nos oito primeiros meses deste ano, foram registradas 23.270 novas empresas no Estado, o que corresponde a 6.721 CNPJ’s a mais na comparação com o mesmo período de 2020, que somou, de janeiro a agosto, 16.549 novas empresas. “Vamos entregar Goiás entre os melhores Estados do País do ponto de vista social, de geração de emprego e de renda”, destaca o governador Ronaldo Caiado.
Dos novos CNPJ’s consolidados no Estado de janeiro a agosto, 766 têm capital social – ou seja, o valor investido por cada sócio – que supera a marca de R$ 500 mil. Outro dado referente às empresas consolidadas nos oito meses é que 38,51% têm mulheres em seus quadros societários, o que equivale a 9.008 empresas com chefia feminina.
A análise por setor mostra que os serviços de escritório e de apoio administrativo registraram abertura de 288 empresas. Na sequência estão os segmentos construção de edifícios (199), comércio varejista de roupas e acessórios (193) e de bebidas (182). Os dados não incluem os microempreendedores individuais (MEI’s), que são constituídos de forma virtual por meio do portal do Microempreendedor Individual.
Para o presidente da Juceg, Euclides Barbo Siqueira, o crescimento do número de novas empresas abertas nesse período confirma que o empreendedorismo tem sido visto como alternativa em meio à pandemia, além de ser reflexo dos incentivos oferecidos pelo governo de Goiás para abrir e manter novos negócios. “Estamos colhendo os frutos do investimento feito pelo governo do Estado na modernização e desburocratização do processo de abertura de empresas. O cidadão tem tirado proveito disso e percebe as vantagens de trabalhar com o seu próprio negócio”, comenta. (Por Eduardo Marques / [email protected])

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